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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Nem num manicômio Eduardo Cunha poderia liderar um movimento contra a corrupção.



Minha nossa, santa criatura, eu não gosto de passar vexame..Chame o ladrão...
por : Paulo Nogueira

A completa inversão de valores que varreu o país pode ser demonstrada em duas pessoas: Eduardo 
Cunha e Dilma.
Não sou dado a maniqueísmos, mas é quase, simbolicamente, o confronto do bem contra o mal.
Depoimentos de delatores retrataram Cunha como um achacador sem limites, um homem que inspira 
medo físico nos que se atravessam seu caminho, como ficou claro nas palavras e no semblante de 
Júlio Camargo.
Dilma é honrada, ilibada. O oposto de Cunha.
Num país que quisesse verdadeiramente varrer a corrupção, Cunha estaria se defendendo, talvez nas 
grades, das terríveis evidências contra ele.
Dilma, com sua ficha comprovadamente limpa, estaria no papel de zeladora da ética.
Mas não.
Como se viu ontem na Câmara, quando se iniciaram as discussões sobre um eventual processo de 
afastamento de Dilma, é ela que está na defesa e Cunha no ataque.
Como diz aquele samba clássico de Chico, “chama o ladrão, chama o ladrão”.
Um país pode dormir, pode hibernar por muito tempo. Mas não para sempre. Uma hora os brasileiros 
vão acordar para a monstruosidade que está sendo perpetrada.
E então o país se livrará de Cunha e de assemelhados.
O que eles querem é campo livre para fazer o que sempre fizeram. Para isso, precisam que sejam 
mantidas as condições para que se encharquem de dinheiro. A primeira delas é a manutenção do 
financiamento privado de campanhas.
Repare.
Todo o esquadrão pró-impeachment vota pelo financiamento privado. É a paixão pelo dinheiro, é a 
ganância desumana.
Ninguém é tolo.
Você pega 5 milhões de uma empresa, por exemplo, e pode deixar na sua conta pessoal um bom 
pedaço disso. Depois, para assegurar que nas eleições seguintes a mesma empresa compareça com 
seu dinheiro, basta defender seus interesses no Congresso.
É isso que os fanfarrões desejam.
Neste sentido, Dilma é uma vítima da hipocrisia.
As tentativas de arrastá-la para a lama têm sido frequentes — e baldadas.
Nos debates, Aécio quis usar o irmão de Dilma para tirar o foco do imenso poder que ele deu à sua 
irmã quando governador de Minas.
Era ela que administrava a distribuição de verbas publicitárias para a mídia, e nunca faltou dinheiro 
público para as rádios da família Neves.
O irmão de Dilma, em compensação, como se viu depois das acusações cínicas de Aécio, leva uma 
vida franciscana, longe das vantagens que o poder traz aos ambiciosos.
É este o cenário em que o impeachment é discutido na Câmara de Eduardo Cunha.
Disse mais de uma vez: não passará. É mais fácil o Vasco ser campeão do Brasileirão do que o 
afastamento de Dilma sob alegações tão miseráveis, tão criminosas.
O que dá mesmo é vontade, repito, de cantar como Chico: “Chama o ladrão, chama o ladrão”.

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