Nacho Lemus
O artista e provocador León Ferrari morreu nesta quinta-feira (25), aos
92 anos, em Buenos Aires, na Argentina.
Suas obras, conhecidas em todo o
mundo pelas críticas à religião, às guerras e à ditadura militar no
país, foram apresentadas no MOMA, em Nova York...
no Museu Rainha Sofía,
em Madri, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Suas pesquisas sobre a atuação da ditadura militar na Argentina
(1976-1983) e obras provocadoras fizeram com que viesse, como exilado,
para São Paulo em 1976, onde, soube do desaparecimento de seu filho
Ariel na Argentina.
Afirma-se que, a época da ditadura, o General Jorge Videla (na foto a direita) contava com os "bons ofícios" da igreja católica na Argentina |
As obras de Ferrari denunciaram a cumplicidade da Igreja Católica com os
militares argentinos para silenciar crimes contra a humanidade
cometidos durante a ditadura, e até profetizaram a proclamação de
Bergoglio como papa, quando comparou a relação entre as autoridades
religiosas e a Junta Militar argentina com a de Adolf Hitler com o papa
Pio 12.
Em 2007, Ferrari foi eleito o melhor artista da Bienal de Arte de
Veneza. Ao ser exposta no Centro Cultural Recoleta de Buenos Aires, a
exposição sofreu várias ameaças de bomba. Várias obras foram destruídas
por grupos ultracatólicos.
Segundo a curadora Andrea Giunta, nessa ação contra a obra de Ferrari
“os mais ativos foram o cardeal Jorge Bergoglio e o La Nación”, jornal
argentino que publicou uma carta de Bergoglio na qual o então padre
denunciava: “Me dirijo a vocês muito machucado pela blasfêmia perpetrada
no Centro Cultural Recoleta por uma exposição de artes plásticas. É uma
pena que esse evento seja realizado em um centro cultural sustentado
com o dinheiro que o povo cristão e pessoas de boa vontade pagam com
seus impostos”.
Apesar das tentativas do padre Bergoglio, protestos contra a censura das obras, e a consequente determinação da justiça argentina, fizeram com que a exposição continuasse, atingindo 70 mil pessoas.
Veja algumas obras polêmicas de Ferrari:
Apesar das tentativas do padre Bergoglio, protestos contra a censura das obras, e a consequente determinação da justiça argentina, fizeram com que a exposição continuasse, atingindo 70 mil pessoas.
Veja algumas obras polêmicas de Ferrari:
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