Escola recebe computadores usados para laboratório de informática no PA
Ministério Público Federal investiga caso de licitação fraudulenta.
Caso faz parte de uma ação judicial contra o ex-prefeito de Belém.
Uma escola municipal de Belém
que, em 2006, deveria ter sido beneficiada com a implantação de novos
laboratórios de informática, acabou recebendo equipamentos usados.
O caso faz parte de uma ação judicial do Ministério Público Federal contra o ex-prefeito da capital paraense, Duciomar Costa.Os procuradores da república querem saber onde foram aplicados os recursos.
O caso faz parte de uma ação judicial do Ministério Público Federal contra o ex-prefeito da capital paraense, Duciomar Costa.Os procuradores da república querem saber onde foram aplicados os recursos.
A Escola Municipal Francisco da Silva Nunes, no bairro do Guamá, estava
entre as que receberiam computadores do Programa Inclusão Digital. Mas,
de acordo com a diretora do colégio, que na época era professora, os
equipamentos que chegaram na escola não eram novos e teriam sido doados
pela Polícia Federal, depois de uma apreensão de máquinas caça-níqueis.
“O que chegou aqui é que tinha sido uma doação de uma apreensão do
Governo Federal, então eles já chegaram para cá usados né”, disse a
diretora.
Em 2006, a Prefeitura de Belém recebeu R$ 3 milhões do Ministério da
Ciência e Tecnologia, através do programa Inclusão Digital. O convênio
foi assinado durante a administração do ex-prefeito Duciomar Costa.
Apenas a empresa Aplicar Serviços Especializados de Pesquisa e
Tecnologia participou da licitação e foi a vencedora. De acordo com o
Ministério Público Federal, a empresa tem sede de um conjunto
residencial, em Sobradinho, no Distrito Federal.
Pelo convênio, ficou definido que seria implantado um laboratório de
informática em 30 escolas municipais de Belém. Mas de acordo com o
Ministério Público Federal, nem todos os colégios receberam os
computadores. O caso foi descoberto em auditoria feita pelo Tribunal de
Contas da União (TCU).
Segundo os procuradores do MPF, a Aplicar Serviços Especializados de
Pesquisa e Tecnologia foi criada
três meses antes da licitação. Para o
MPF, o processo licitatório teria sido direcionado.
Ubiratan Cazetta |
Na ação, o
procurador Ubiratan Cazetta aponta que as mercadorias tiveram preços
tabelados acima dos que são encontrados no mercado. E que a planilha de
preços elaborada pela Comissão de Licitação coincidia com a proposta
apresentada pela empresa.
“Houve uma série de falhas na licitação, na escolha da empresa, na
forma como essa licitação foi feita, na definição do preço, e além
desses problemas na contratação da empresa, se constatou também que não
houve o fornecimento dos computadores. Então, nós temos um laboratório
que era para atender 30 escolas com laboratório de informática e essas
escolas não receberam. Quando algumas receberam, elas receberam outros
computadores, que foram comprados a um preço muito superior ao que
deveria ter sido pago e foram negociados com apenas uma empresa, que
apresentou uma série de documentos falsos”, explicou o procurador.
O Ministério Público Federal entrou com uma ação criminal na Justiça
contra o então presidente da Comissão de Licitação da prefeitura, Alan
Dionísio Sousa Leão de Sales e o ex-prefeito de Belém Duciomar Costa.
Eles respondem por fraudes em licitação.
Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União, os computadores não
foram entregues, mas a empresa recebeu o pagamento. O material
permanente contratado pela licitação dirigida não foi entregue
efetivamente, mas a empresa recebeu o pagamento correspondente. O
advogado do ex-prefeito Duciomar Costa contesta a informação e diz que
os laboratórios foram implantados em todas as escolas.
“Foram entregues e o Ministério da Ciência e Tecnologia recebeu
levantamento de cada um dos 30 laboratórios e por isso há um equívoco
quando se pede um ressarcimento, como se o laboratório não tivesse sido
construído e entregue nas escolas”, defendeu o advogado Sábato Rossetti.
“O que nós estamos tentando identificar nesse processo é se além da
própria empresa, que enriqueceu com esse dinheiro, se também os
servidores públicos tiveram esse enriquecimento. Não há essa afirmação
imediata, isso pode surgir durante o processo. O que já ficou
demonstrado é que o dinheiro foi pago e que os funcionários públicos não
tomaram o cuidado que deveriam ter tomado e que a empresa recebeu sem
fornecer”, disse Ubiratan Cazetta, procurador da república.
O ex-presidente da comissão de licitação da prefeitura, Alan Sales, não
foi localizado para comentar o assunto.A ação criminal também cita
Hamilton dos Santos e Sirley Aparecida Soares, que são representantes da
empresa Aplicar. Nenhum dos dois foi encontrado.
Fonte: G1 PA/orm
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