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Hong Kong é entidade internacional atípica, mas sob a soberania
chinesa. Seus governantes sabem que sua ação diplomática está condicionada a
Pequim. Assim, nada fariam com relação a Snowden sem instruções precisas do
governo chinês. Os chineses e os russos, os principais alvos potenciais da
espionagem eletrônica de Washington, seriam ineptos, se não estivessem em
consulta permanente, desde que The
Guardian e o Washington Post
divulgaram a denúncia do técnico da Booz Allen, e ex-membro da CIA.
Dessa forma, ao que tudo indica, eles estão
agindo de forma coordenada no episódio, e decidiram manter o governo
norte-americano em caldo de adrenalina. Esses dias e horas de mistério devem
ter sido aproveitados para que Snowden desse detalhes da operação
norte-americana.
Os chineses, como de hábito, são mais
discretos, sem deixar de lado a ironia. Tendo sido acusados, pouco antes da
constrangedora deserção de Snowden, de entrar nos arquivos digitais americanos,
tinham razões de sobra para a desforra diplomática. E mais sólidas ainda,
diante das informações detalhadas do técnico sobre o monitoramento das
comunicações e registros dos computadores chineses.
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Ao falar, ontem, na Finlândia, Putin foi
claro: Snowden se encontra em lugar seguro no aeroporto de Moscou, mas não
atravessou a fronteira. Ele é um homem livre, conforme o líder russo, e poderá
decidir o seu destino. Os russos esperam que a decisão seja tomada rapidamente,
o que será melhor para Moscou e para o próprio fugitivo. Mas, apesar desse
desejo de urgência, Putin disse que, não tendo a Federação Russa qualquer
tratado de extradição com os Estados Unidos, não tem por que entregar o rapaz a
Washington.
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Ao
mesmo tempo o Equador informa que está examinando o pedido de asilo formulado
por Snowden, a conselho de Assange, refugiado na embaixada de Quito em Londres. Washington
mudou o tom de suas exigências.
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Há algumas horas, Kerry ameaçava diretamente a
China e a Rússia de conseqüências em suas relações com os Estados Unidos. O que
podem fazer? Os chineses são os maiores credores mundiais dos norte-americanos.
Os russos não têm mais o poder soviético, mas não se encontram frágeis. E
chineses e russos estão fora da chantagem nuclear de Washington: cada um deles
já dispõe de bombas e mísseis capazes de destruir as grandes cidades ocidentais.
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A leitura dos comentários de leitores dos grandes
jornais americanos sobre o escândalo do grampeamento mundial das
telecomunicações mostra que o governo de Obama está despencando ladeira abaixo.
A maioria deles é simpática a Snowden.
Postado por Mauro Santayana
Postado por Mauro Santayana
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