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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

ACREDITE: CNMP CONFIRMOU QUE LULA É PERSEGUIDO



Ex-conselheiro do CNMP acusa órgão de se submeter ao antipetismo

Blog da Cidadania

Há algumas semanas, o ex-representante da Câmara dos Deputados no Conselho Nacional do Ministério Público jurista Luiz Moreira deu entrevista a este Blog fazendo críticas a entrevista de um promotor à revista Veja, na qual o membro do MP antecipou ação que iria propor contra o ex-presidente Lula.
A entrevista que Moreira deu a este Blog causou forte repercussão devido ao fato de sua crítica ao promotor paulista Cássio Conserino ter sido feita por um ex-membro do CNMP, orgão que tem como uma de suas atribuições principais justamente conter excessos de promotores.
Segundo Moreira, Conserino teria cometido infração funcional ao antecipar à imprensa medida administrativa que não havia tomado. O jurista afirmou que era entendimento “pacificado” no órgão que promotores só poderiam comunicar suas medidas à imprensa após elas terem sido tomadas.
Em seguida, o mesmo jurista e ex-membro do CNMP afiançou a este Blog que Conserino e seu séquito de promotores antipetistas haviam incorrido em nova infração das regras do MP ao proferirem declarações partidarizadas à imprensa sobre o ex-presidente Lula, como a de que ele pretendia se colocar “acima da lei” por usar um instrumento legítimo como representar ao CNMP contra o promotor da Veja.
Na terça-feira (23), o Conselho Nacional do Ministério Público se reuniu e, para surpresa de todos os que conhecem as normas que regem aquele órgão, decidiu, por unanimidade, cassar a liminar do Conselheiro Valter Shuenquener Araújo, que, no dia 16 de fevereiro, suspendeu o depoimento de Lula e de sua mulher que seria dado ao promotor Conserino no dia seguinte.
O próprio Shuenquener (como é conhecido), o relator do caso, deu um voto contraditório em que condescendeu com a unanimidade de seus pares e manteve o promotor da Veja à frente da investigação contra Lula.
Os votos dos Conselheiros do CNMP são absolutamente malucos. Reconhecem que houve uma infração funcional do procurador da Veja, reconhecem que ele usurpou a titularidade à frente do inquérito e, de forma estarrecedora, dizem que, daqui para frente, tudo vai ser diferente.
Ou seja: não permitirão que outros promotores façam o que fez Conserino (!!??)
Parece brincadeira, mas não é.
Aliás, artigo do site Consultor Jurídico intitulado Apesar de ver irregularidade, CNMP mantém Conserino em caso do triplex aponta essas contradições. Leia alguns trechos.
Apesar de a distribuição do inquérito ter sido considerada irregular, o promotor Cássio Roberto Conserino, de São Paulo, continuará à frente da investigação sobre sobre a suspeita de ocultação de um apartamento triplex, em Guarujá (SP), do patrimônio do ex-presidente Luiz Inácio Lula de Silva e sua mulher Marisa Letícia.
A decisão é do plenário do Conselho Nacional do Ministério Público, ao analisar representação do deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Para o parlamentar, o promotor extrapolou suas prerrogativas funcionais ao assumir o comando do caso de ofício, e que a investigação não poderia ter sido distribuída à 2ª Promotoria Criminal, da qual Cesarino faz parte, mas à 1ª Promotoria Criminal.
Na teoria, a decisão dá razão ao deputado. Entendeu-se que todo procedimento investigativo deve ser livremente distribuído entre os membros do Ministério Público, isso porque a atribuição por prevenção contraria o princípio do promotor natural, e permite a instauração de agentes de exceção.
Só que seguindo o voto do relator do caso, Valter Shuenquener de Araújo estabeleceram que essa interpretação vale apenas para os casos surgidos a partir da publicação do acórdão. O que, na prática, garante a permanência de Conserino nas investigações sobre a relação entre a família de Lula com um apartamento triplex em Guarujá (…)
Parece piada, mas é sério. O promotor da Veja agiu mal, infringiu as regras, mas, “em benefício da investigação”, vão deixar a ilegalidade permanecer. E mais: o CNMP ainda reconhece que o promotor Conserino cometeu uma infração disciplinar e promete inquérito para puni-lo.
Mas a ação ilegal contra Lula e sua mulher, permanece…
Diante desse descalabro, o Blog foi ouvir novamente o Jurista e ex-membro do CNMP Luiz Moreira. Confira, abaixo, a entrevista. E, ao fim, assista à sessão do CNMP que convalidou uma ilegalidade sob a premissa de que para “pegar” Lula vale tudo.
Blog da Cidadania – Como você viu a decisão do CNMP de manter o procurador Cássio Conserino na investigação contra Lula?
Luiz Moreira – Eu considerei a decisão errada. Há uma contradição muito forte no voto do Conselheiro Valter Araujo. Faz parte do fundamento do voto a explicitação de conduta ilegal do promotor Conserino.
(A) ele dolosamente não submete o inquérito à distribuição;
(B) violando com isso o princípio do promotor natural;
(C) possibilitando que ele se mova tendo em vista o que se chama direito penal do autor, ou seja, o propósito parece ser o de obter provas para incriminar o presidente Lula;
(D)o que se confirma com as diversas entrevistas concedidas por ele, em que é nítida intenção de fixar no imaginário popular que Lula praticou algum crime.
Blog da Cidadania – Que conclusão você tira, então, de uma decisão unânime do CNMP nesse sentido?
Luiz Moreira – O promotor agiu com o propósito deliberado. A decisão unânime do Cnmp mostra que o órgão decidiu não se submeter a nenhuma regra ou lei desde que obtenha sucesso em seu propósito, que é o de incriminar o presidente Lula
Blog da Cidadania – Como você avalia a frase “as instituições se ajoelham no altar do antipetismo”?
Luiz Moreira – Cabe ao Cnmp, entre outros, o controle da atividade administrativa. É justamente o caso da burla à distribuição.
O que fez o promotor Conserino? Subtraiu dos colegas dele com atribuição nas promotorias criminais e do presidente Lula o direito de ter o inquérito presidido pela autoridade competente para atuar no caso.
Da decisão unânime se pode concluir que o promotor Conserino feriu o princípio da legalidade dos atos administrativos. Então, o CNMP errou ao dizer que, caso tirasse o promotor do caso, haveria prejuízos ao inquérito. Não é convalidado um erro que a nulidade do ato praticado pelo promotor deixará de existir.
O CNMP não existe para convalidar mal feitos. Seu papel constitucional é o de correção desses erros, que foram apontados de modo incontestável em sua decisão.
Blog da Cidadania – Mas o que se entende de suas palavras é que o CNMP reconhece o erro do promotor, mas diz que tem que ficar assim mesmo para não haver prejuizo à investigação. É isso?
Luiz Moreira – Exatamente isso. A primeira parte do voto do relator só fala disso.
Blog da Cidadania – Se reconhece, não pune e deixa o processo correr mostra que o objetivo é pegar Lula ao arrepio da lei
Luiz Moreira – Sim
Blog da Cidadania – O promotor da Veja e seus amigos dizem que o CNMP tentou interferir na atividade fim do MP. Isso procede?
Luiz Moreira – Vivemos numa sociedade democrática em que as questões precisam ser legitimadas. A liminar e eventual decisão do CNMP não interferiam na atividade fim, mas num simples ato administrativo que é a distribuição dos feitos.
No caso concreto, e é isso que diz a decisão do CNMP: não houve intervenção na atividade fim simplesmente porque o promotor Conserino não tem atribuição para presidir o inquérito. Do ponto de vista jurídico a atribuição, a atividade fim de um membro do Ministério Público decorre do direito e não de um ato ilegal.

A MÃE DE TODAS AS BATALHAS: O PRÉ-SAL



A batalha mais importante para os brasileiros neste ano de 2016 será manter a Petrobras como 
proprietária e operadora única do pré-sal. E o momento de agir é agora. Só uma mobilização 
nacional urgente pode salvar nosso futuro. Roubar o petróleo do Brasil é coisa de quinta 
coluna, crime de lesa pátria. 


(Do twitter do senador)

O senado hoje envergonhou o país dando prosseguimento ao projeto entreguista do Serra sobre a 
Petrobras.
Pergunta que remanesce: teria o Brasil perdido a maioria no plenário do senado para as 
multinacionais do petróleo? Ainda espero que não.
No senado hoje os suplentes dos senadores ministros da Dilma votaram com o SERRA PELA 
ENTREGA DO PETRÓLEO BRASILEIRO AS MULTINACIONAIS.
Se os suplentes de sen ministros da Dilma não tivessem apoiado o projeto entreguista do petróleo 
teríamos enterrado hoje esta barbaridade.
Senado ontem trocou bandeira do Brasil pelas flâmulas das multinacionais do Petróleo?Depois 
entrega BB, BC e Caixa? Muda a língua nacional?
Como brasileiro estou estarrecido com o vezo entreguista de parte do senado federal.
Pilantras roubaram a Petrobras,cadeia para eles. Mas projeto do Serra quer roubar o petróleo do 
Brasil !
Roubar da Petrobras é crime sério. Roubar o petróleo do Brasil é coisa de quinta coluna,crime de lesa 
pátria.
Quero acreditar que o senado ontem viveu um pesadelo entreguista, hoje acorda e enterra o projeto 
anti Nação de Serra.
Guerra e trilhões de dólares para avançar nas reservas de petróleo do Iraque. No Brasil só o Serra e

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

DILMA ENTREGA PRÉ SAL AO RENAN. GOVERNO NÂO DISPUTOU UM VOTO !

Dilma não disputou um voto!


O Senado se cobriu de vergonha e deu o tiro que faltava ao peito de Vargas: aprovou o regime de
urgência urgentíssima para a votação do projeto entreguista do Cerra.
Faltou um voto ao projeto do Requião, que retirava a urgência.
Quem venceu ?
O Cerra, naturalmente.
Mas, ele tenta vender o pré-sal à Chevron há muito tempo.
O grande vencedor é o Renan, que operou e atropelou o regimento interno, pulou etapas e processos
e cumpriu o que prometeu na abertura do Ano Legislativo: ele avisou que ia entregar o Brasil à Chevron !
E entregou.


Traíra de profissão a Perua paulista Marta se alia a Serra na tentativa de entregar o pré-sal

Como disse o Requião, o Renan encheu os gabinetes dos senadores de lobistas das empresas
internacionais.
Essas que vão herdar a Petrobras, que será vendida pelo mesmo preço que o Cerra e o Fernando
Henrique venderam a Vale … a preço de banana !
Esses são os vencedores !
O maior perdedor é o Governo Dilma.
A Dilma que ajudou a desenhar o regime de partilha e politica de conteúdo nacional.
Ela mesma.
Na Presidência, ela se limitou a uma nota no FaceBook para dizer que era contra a queda do regime
de partilha.
Dilma e seu governo não foram a campo !
Ficaram presos no vestiário com medo de um panelaço !
Não disputaram UM voto !
UM VOTO !
Dilma e seus (sic) Ministros poderiam ter conseguido um voto, um único voto de um senador
vacilante e de sua (sic) base !
E agora, com a derrota nessa fatídica Terça-Feira Negra, se desenha uma maioria no Congresso para
destruir a Petrobras.
A Petrobras será desmontada, desnacionalizada, descaracterizada no Governo Dilma !
Esse será o resultado da engenhosa operação Golpista que começou na Lava Jato, com o deliberado
enfraquecimento econômico da Petrobras, enquanto um suposto Ministro da Justiça defendia o Direito !
O Direito de o Moro governar o Brasil !
Horror !, me disse o senador Requião, ao fim da votação.
Uma vergonha !, disse.
Se esse quadro politico não se reverter, o Governo Dilma só não cairá porque a Oposição é muito
incompetente !
Com Gilmar e tudo !
Porque, na votação de hoje, quem a derrotou não foi a Oposição.
A Oposição está onde sempre esteve: no colo da Chevron.
Quem a derrotou foi a sua “base”!
O seu Renan !

Em tempo: breve observação. Com esse notável desempenho, Renan ganha a carta de alforria da
Lava Jato e de instâncias mais acima … Será necessário para entregas posteriores. E, portanto, torna-
se, também, inimputável !


Paulo Henrique Amorim

ALÔ GLOBO, ALÔ PF DE MERDA, ALÔ MPF, ALÔ MORO: E O SÍTIO DE LUXO DE ALKCKMIN?

Como é o sítio de Alckmin, para onde ele e família vão em aeronaves do governo. Por Kiko Nogueira

O casal Alckmin: para o povo de Pinda, "Geraldinho"
O casal Alckmin: para o povo de Pinda, “Geraldinho”



Em janeiro, noticiou-se que a primeira dama do estado de São Paulo, Maria Lúcia Alckmin, a Dona Lu, utilizou as aeronaves oficiais em mais ocasiões do que os 25 secretários juntos.
Entre 2011 e 2015, ela fez 132 viagens, enquanto o secretariado do marido marcou 76. A resposta da assessoria de imprensa foi a de que ela estava cumprindo a agenda do Fundo Social de Solidariedade, entidade que preside.
O DCM obteve a planilha dos vôos através da Lei de Acesso à Informação. Na grande maioria dos passeios, ela voou no helicóptero estacionado no Palácio dos Bandeirantes. Há também um turbo hélice King Air, mas ele fica no Campo de Marte, a 26 quilômetros da sede do governo.
O relatório, porém, traz outro dado importante. As aeronaves oficiais estiveram ao menos 65 vezes em dois endereços: Pindamonhangaba, interior de SP, onde a família tem um sítio, e o Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, residência de inverno e de descanso.
A média é de quase duas viagens por mês no mandato anterior.
Pinda é o berço político de Geraldo e está identificada no documento pelo nome ou pelo local onde está o aeroporto (Fazenda Santa Helena). A cidade fica a 146 quilômetros de São Paulo, ou uma hora e meia de carro.
No patrimônio declarado de Geraldo, de pouco mais de 1 milhão de reais, constam um apartamento no bairro do Morumbi, um carro, aplicações financeiras e a supracitada propriedade rural, subavaliada em 110 959,51 reais.
Uma enviada do DCM esteve no lugar. Abaixo, seu relato:
A sede do sítio
A sede do sítio

O sítio fica em Ribeirão Grande, bairro que integra o Caminho da Fé — rota de peregrinos católicos que rumam para a Basílica de Aparecida (SP). É vizinho de uma comunidade formada por Hare Krishnas e adeptos do Santo Daime, cujo nome óbvio é Hare-Daime.
A região tem um resquício de Mata Atlântica e riachos de água limpa e gelada que nascem em Campos do Jordão, a 40 quilômetros. “Durante a semana o zum-zum-zum é por conta dos helicópteros do Cavex (divisão aérea do Exército instalada em Taubaté). Aos finais de semana, quando é helicóptero, normalmente é o governador. E quando é jatinho são os donos da fazenda”, diz um morador.
Sem placa na porteira, o sítio fica próximo de um restaurante de comida caseira. Há vacas e bois no pasto. De acordo com a caseira, o nome do cantinho é “Jataí”.
Em sua picape, o corretor de imóveis ‘Gegê’, como ele se apresenta, conta que seu pai foi um dos pioneiros na área, ainda na década de 20, e foi ele quem vendeu o sítio para os Alckmin.
Ele afirma que um de seus nove irmãos é empreiteiro e construiu não só a casa, de mais de 200 metros quadrados, como a piscina. “Geraldinho [forma pela qual todo o mundo em Pindamonhangaba se refere ao governador] é uma pessoa simples”, fala com certo orgulho.
Os moradores sabem quando Geraldinho está no pedaço. O helicóptero pousa a 10 quilômetros do sítio, em uma pista na Fazenda Santa Helena que está localizada nas imediações da estrada para Campos.
Duas ou três SUVs das cores prata ou preta transportam os seguranças, sendo que uma delas se mantém na porteira.
De acordo com a declaração de bens apresentada ao TSE em em 2014, Alckmin possui um patrimônio de pouco mais de 1 milhão de reais. Na lista está o tal sítio, com 8,4 hectares (84 mil metros quadrados), avaliado em 111 mil reais.
Uma propriedade naquele território com 20 mil metros quadrados, sem nenhuma edificação, se encontra à venda por 200 mil reais. Um pousada por ali com cinco hectares está em oferta por 3 milhões.
A Fazenda Santa Helena, onde se localiza o aeródromo, pertence aos Frering, descendentes de Augusto Trajano de Azevedo Moraes, empresário mineiro que, dentre outras coisas, era dono da Caemi, quarta maior mineradora do mundo nos anos 90.
Com a morte de Azevedo, a Caemi foi comprada pela japonesa Mitsui  & Co., que já era dona de 40% das ações – não sem antes ser o motivo de uma disputa judicial feroz pela herança que abalou a sociedade carioca, mesmo tendo o empresário feito a partilha em vida e cada um dos herdeiros ter embolsado, segundo noticiou a imprensa na época, 48 milhões de dólares.
‘Doutor Augusto’ teve um casal de filhos – César, que seria seu sucessor, morto nos anos 70, e Beatriz. Cada um deles teve três filhos. Os de César eram Suzana, Stella e Alexandre. E os de Beatriz, Fábio, Mário e Guilherme.  A Fazenda Santa Helena está em nome de Beatriz e de seu filho Fábio. Os dois costumam aparecer ali em um jatinho ao menos uma vez por mês.
Na campanha para o governo paulista de 2014, Guilherme Frering, filho de Beatriz, fez uma doação de 200 mil reais ao PSDB, de acordo com o site meucongressonacional.com. Guilherme é casado com Antônia, filha da lendária socialite carioca Carmen Mayrink Veiga.
Uma funcionária diz que é permitido o pouso e a decolagem de outras aeronaves que não o jato familiar. Ela afirma que não há cobrança de taxas e que isso acaba acarretando em custo para os donos, uma vez que é necessário mobilizar uma equipe para acompanhar os visitantes.
No restaurante Alecrim, que dá para os fundos de onde fica a pista da Santa Helena – protegida dos olhares curiosos por um muro de bambus e árvores, o gerente Thiago recorda do dia do enterro de Thomaz Alckmin (caçula de Geraldo, morto em um acidente aéreo em abril de 2015 e enterrado em Pindamonhangaba).
“A pista da Santa Helena parecia um aeroporto comercial de tanto avião e helicóptero que desceu aqui”, lembra Thiago. Aberto há cinco anos, o restaurante nunca recebeu a visita do governador ou de sua família, apesar do aroma que exala da cozinha com fogão a lenha.

Não há uma regra clara para a disponibilização da frota oficial. Existem apenas normas da Casa Militar, subordinada a seu gabinete, sobre “diárias”.
Cabe à CM “planejar o uso e a operação” para usufruto do “Governador do Estado e da Primeira-Dama, bem como, excepcionalmente, de Secretários de Estado e agentes públicos a serviço”.
O resultado é uma farra patrimonialista. Em meados de 2015, Aécio Neves vaticinou, num comício, que Geraldo Alckmin “ainda alcançará voos muito maiores”.
A entrada da fazenda Santa Helena, onde fica a pista de pouso
A entrada da fazenda Santa Helena, onde fica a pista de pouso

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Os jornais, assim na ditadura como na Lava Jato


:
Alex Solnik

Tal como aconteceu na ditadura, quando os maiores jornais do país em tiragem assumiram o papel de porta-vozes do DOI-Codi, publicando, sem questionar, notícias de "atropelamento" e "fuga" de militantes da esquerda que na verdade tinham sido mortos em tortura, colaborando, assim, para ocultar os crimes e desinformar seus leitores, os mesmos jornais estão assumindo, neste momento, o papel de porta-vozes da "Lava Jato" publicando, sem questionar, ordens de prisão dessa nova "República do Galeão" baseadas em "talvez", "é provável", "há uma probabilidade", como se fossem acusações provadas, colaborando, assim, com o clima de inquisição que pretende arrancar do poder uma presidente eleita pelo voto direto e de conduta ilibada e lançar o país de volta ao passado.
O "talvez" indica 50% de possibilidade de culpa e 50% de inocência. No entanto, na manchete do jornal vira 100% de culpa.
Embora jornalistas não sejam médicos, e não façam o juramento de Hipócrates que implica em se sacrificar para salvar vidas, eles assumem, desde a primeira vez em que pisam numa redação o compromisso implícito de se sacrificar para salvar a verdade e jamais abrir mão do direito e da obrigação de questionar.
O que estamos assistindo hoje são episódios escabrosos que dão vergonha a jornalistas. Uma ordem de prisão expedida contra o jornalista e publicitário João Santana, justificada pela "probabilidade" de ele haver cometido crime, em vez de ser contestada e questionada, porque "probabilidade" não é "certeza" e ninguém era preso nesse país por "probabilidade", a não ser na ditadura, é aplaudida, é comemorada, e já é meio caminho andado para de novo acender o rastilho de pólvora que o jornal espera explodir o Palácio do Planalto.
Não há dúvida que aqueles mesmos grandes jornais – grandes em tiragem, não em posição editorial – que colaboraram com a ditadura estão agora colaborando com a "Lava Jato" e renunciando ao seu papel de tudo fiscalizar, inclusive a "Lava Jato", desinformando seus leitores, os mesmos que "tentam proteger" das mentiras do governo.
Tal como em relação à ditadura, talvez somente daqui a muitos anos vamos saber quantos "atropelamentos" eram mortes na tortura. E será tarde demais.

NÃO HÁ MOTIVO PARA PRENDER JOÃO SANTANA: UM PUBLICITÁRIO NA JUSTIÇA DO ESPETÁCULO:




ALEX SOLNIK

Prender João Santana sem culpa formada, sem flagrante, sem que tenha interferido em investigações, 
sem que sua liberdade implique em perturbação da ordem cheira a mais uma transgressão grosseira 
da constituição de 1988, sob os olhares complacentes dos ministros do STF, seus guardiões oficiais 
contra a qual ao menos nós, os jornalistas, devemo-nos levantar.
Não há motivo para prender Santana. Esse é o ponto. Ele não matou, não roubou, não bateu em 
ninguém. Não é ladrão nem malfeitor. É jornalista e publicitário, dos mais competentes do mundo. 
Não pode ser demonizado por ter sido muito bem remunerado por seu trabalho legítimo.
Se há suspeitas a respeito da forma como recebeu dinheiro, ele não pode ser preso para confirmá-las. 
No estado de direito, primeiro as acusações têm que ser provadas e muito bem provadas para que, 
depois de julgamento, virem absolvição ou culpa. E só depois vem a prisão. Do jeito que está, a 
prisão vem antes. O carro na frente dos bois.
Muita gente temia, desde o início da Lava Jato que ela se transformasse numa nova República do 
Galeão, um país com suas próprias leis que tinha o objetivo explícito de fragilizar para depois 
derrubar Getúlio Vargas. Pois ela está ficando cada vez mais parecida.
Contra esses desmandos devemo-nos levantar antes que seja tarde. Não podemos encarar essa ordem 
de prisão contra João Santana como coisa normal. Não é. Prender jornalistas e publicitários é ato de 
regimes de exceção. Prender antes de julgar é ato de regimes de exceção.
Ou estamos numa democracia e atos como a ordem de prisão contra João Santana devem ser 
revogados ou os atos como esse são válidos e não estamos numa democracia.

O “ERRO” DE DATAS LIGANDO A ODEBRECHT AO INSTITUTO LULA OBEDECE A UM PADRÃO DA GLOBO JATO



PF “suspeita” de construção de prédio que existia há 10 anos

por Kiko Nogueira
A Polícia Federal está produzindo, na Lava Jato, um arsenal de ilações e acusações que, com 
freqüência cada vez maior, atropelam os fatos. Um relatório da nova fase, cujo ápice foi a prisão do 
marqueteiro João Santana e da mulher, diz que Lula deve ser investigado por causa do “possível 
envolvimento em práticas criminosas”.
Quais práticas? A Odebrecht teria financiado a “construção e o planejamento” da sede do Instituto 
Lula no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Foi recolhida uma planilha de uma mulher que mantinha 
“vínculo empregatício” com a empreiteira, denominada ”Posição Programa Especial Italiano”.
Ali está a anotação “Prédio (IL)” e um número (12.422.000). No relatório policial, lê-se que “pode 
ser uma alusão ao Instituto Lula”. Mais: no celular de Marcelo Odebrecht havia uma menção a 
“prédio novo” em 22 de outubro de 2010.
O delegado Filipe Hille Pace aponta no documento que “é importante que seja mencionado que a 
investigação policial não se presta a buscar a condenação e a prisão de ‘A’ ou ‘B’. O ponto inicial do 
trabalho investigativo é o de buscar a reprodução dos fatos.”
Na verdade, o objetivo é outro e, se os fatos não estiverem de acordo, que sejam distorcidos. Em 
2010, o Instituto Lula não existia. Foi fundado em 2011 no lugar onde ficava um certo Instituto 
Cidadania. O sobrado é de 1991.
A equipe de vazamentos da Lava Jato sabe que contar com a mídia amiga é fundamental. Não é 
preciso muito esforço para provocar o efeito desejado. Basta juntar as palavras Odebrecht e Lula 
para fazer as manchetes. Inclua uma cifra, ou algo que pareça uma cifra, e uma vontade irrefreável 
de aparecer, e o serviço está pronto.
Não foi a primeira vez e não será a última em que coisas simples como datas não batem. Você 
precisa ser muito inocente para acreditar que é um erro casual. A ideia é fazer caber na narrativa que 
Moro está criando, com a ajuda dos suspeitos de sempre.
Há poucos meses, o pedido do Ministério Público Federal na operação que resultou na prisão do 
pecuarista José Carlos Bumlai declarava, textualmente, o seguinte:
“Em 3/02/2005, pouco tempo depois de BUMLAI auxiliar na obtenção de empréstimo em favor do 
Partido dos Trabalhadores, quando ainda estava inativa, a SÃO FERNANDO AÇUCAR E ALCOOL 
LTDA (CNPJ Nº 05.894.060/0001-19) recebeu R$ 64.664.000,00 de crédito do BNDES . A empresa 
voltaria a obter créditos do BNDES em 12/12/2008, quando recebeu investimentos de 
aproximadamente R$ 388.079.767.”
Trocando em miúdos, fala-se de um empréstimo em 2005, pouco tempo depois de Bumlai dar 
dinheiro ao PT.
Acontece que os 64 milhões são de 2009. Por que o “deslize” de situar o caso em 2005? Para fazer 
caber na história de que Lula estava por trás das maracutaias no auge do mensalão.
“Os personagens são basicamente os mesmos do mensalão, José Dirceu e Pedro Correa. E agora 
temos essa tipologia de concessão de empréstimos que jamais são quitados”, disse o procurador 
Diogo Castor de Mattos na tradicional coletiva.
Os dados estavam disponíveis no site do BNDES, neste link. Por que ninguém checou?
Porque não se trata de checar nada, mas de juntar peças de um quebra cabeça que, frequentemente, 
não se encaixam. O importante é que se forme, no final das contas, o monstro de duas cabeças 
chamado Lula e Dilma.

STF NEGA AÇÃO DO CONSELHO DE ÉTICA CONTRA MANOBRA DE CUNHA


Ministra Rosa Wber, do Supremo Tribunal Federal, negou nesta terça-feira, 23, o mandado de Segurança impetrado pelo presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PSD-BA), contra manobra do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para atrasar a tramitação do seu processo de cassação; ação pedia a anulação da decisão do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que invalidou a última sessão do Conselho de 2015, quando o relatório de Marcos Rogério (PDT-RO), pela continuidade do processo contra Cunha, foi aprovado por 11 a 9. 

Brasília 247 - A ministra Rosa Wber, do Supremo Tribunal Federal, negou nesta terça-feira, 23, o 
mandado de Segurança impetrado pelo presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos 
Araújo (PSD-BA), contra manobra do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para atrasar 
a tramitação do seu processo de cassação.
A ação do presidente do Conselho pedia a anulação da decisão do vice-presidente da Câmara, Waldir 
Maranhão (PP-MA), que invalidou a última sessão do Conselho de 2015, quando o relatório de 
Marcos Rogério (PDT-RO), pela continuidade do processo contra Cunha, foi aprovado por 11 a 9.
A expectativa do colegiado era retomar os trabalhos de onde a comissão parou, em dezembro do ano 
passado. Já superada a primeira fase, de votação do relatório preliminar, havia começado o prazo 
para a apresentação da defesa formal de Cunha –10 dias úteis.
Também nesta terça, a defesa de Cunha entrou com um recurso no STF pedindo que a primeira 
turma, da qual o ministro Luís Roberto Barroso faz parte, analise a decisão do magistrado que, 
semana passada, negou a suspensão do processo de cassação do peemedebista. _____________________________________________________________

EXCLUSIVO: MÍRIAN DUTRA DIZ QUE GLOBO FOI BENEFICIADA COM DINHEIRO DO BNDES AO ‘EXILÁ-LA’ E PROVOCA FURIA A DOS MARINHOS


Mirian Dutra. Ela cita também ‘concessão de TV em Minas’ para ex-chefão de jornalismo da emissora

por Joaquim de Carvalho 

Esta é a primeira matéria da série sobre a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. O projeto foi 
financiado pelos leitores através de um crowdfunding na plataforma Catarse. Fique ligado.
Existem muitas maneiras de entender o que foi e como foi executado o projeto de poder que resultou 
na aprovação da emenda que permitiu a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas 
duas são particularmente reveladoras.
Uma delas é traçar o perfil dos deputados acreanos que venderam o voto para mudar a Constituição 
por R$ 200 mil reais em 1997 (R$ 923 mil corrigidos pelo IGP-M até janeiro deste ano).
A outra maneira de buscar um quadro mais nítido do episódio da reeleição é entrevistando a 
jornalista Mirian Dutra Schmidt, que conhece Fernando Henrique Cardoso como poucos e viveu esse 
período como “exilada” na Europa, por ter um filho que ela diz ser dele.
Percorri os dois caminhos, e o que emergiu foi uma história que une as duas práticas. Uma delas é a 
da política do Brasil profundo, de fronteira, onde a moeda sonante é o argumento mais eficaz para 
mudar consciências.
A outra prática é a do Brasil central, com políticos e profissionais de comunicação que trocam o 
silêncio por prestígio ou poder e, no final das contas, acabam por transferir riqueza a grupos 
privilegiados.
Vamos começar esta série pelo episódio atual, Mirian Dutra, que deu entrevista à revista Brazil com 
Z (publicação para brasileiros que vivem na Europa) e falou pela primeira vez de seu relacionamento 
com Fernando Henrique Cardoso.
Mirian se formou em jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina e, em 1982, aos 22 anos 
de idade, ancorava em Florianópolis pela RBS (afiliada da Globo) o horário local do TV Mulher.
“Para mim, aconteceu tudo muito rápido. Eu era estudante, trabalhava na rádio Itapema e fui 
chamada para apresentar o TV Mulher, logo depois apresentava no jornal do almoço um quadro 
sobre turismo em Florianópolis”, diz Mirian.
Nesse período, casou-se com um fotógrafo e teve uma filha, Isadora. O casamento durou cerca de um 
ano. “Eu queria cobrir política, era minha paixão e pedi à Globo outro local para trabalhar. Me 
ofereceram apresentar o jornal local de Minas, mas eu queria política e fui para a Manchete em 
Brasília”, diz.
Ela chegou à capital da República em 1985, com 24 anos de idade e uma filha de um ano e meio. 
Seis meses depois, Antônio Britto deixou a TV Globo para ser porta-voz de Tancredo Neves, e, com 
os remanejamentos internos da Globo em Brasília, surgiu uma vaga para trabalhar no Bom Dia 
Brasil.
“Eu fui a primeira mulher a trabalhar no Bom Dia Brasil, porque o trabalho lá é difícil. Tem que 
levantar às 4 da manhã e dormir às 7 da noite. Eu era divorciada, mulher casada que trabalha no 
ritmo desses perde o casamento.”
O casamento da sucessora dela no Bom Dia Brasil, a jornalista Beatriz Castro, não resistiu seis 
meses.
Eram os dias de intensa cobertura em Brasília, por causa da doença e morte de Tancredo Neves e do 
início do governo José Sarney, o primeiro civil depois de 20 anos de ditadura militar, quando Mirian 
conheceu Fernando Henrique Cardoso no restaurante Piantella.
O Piantella, hoje propriedade do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, era reduto 
de políticos e jornalistas. Ali costumavam ocorrer às terças-feiras jantares que definiam a pauta do 
Congresso, primeiro com Ulysses Guimarães à frente, depois Luiz Eduardo Magalhães e, mais 
recentemente, Michel Temer.
Como bebida destrava a língua, para jornalistas era um prato cheio frequentar o Piantella. Mirian 
conta que estava jantando com colegas de profissão quando Fernando Henrique Cardoso chegou e 
foi convidado para se sentar à mesa.
Era 1985, e Fernando Henrique Cardoso estava cotado para disputar a prefeitura de São Paulo, o que 
viria a ocorrer. “Eu admirava o Fernando Henrique pelos livros que ele tinha escrito, mas não pintou 
nada, nada”, diz.
Na versão dela, depois de muitos telefonemas, com Fernando Henrique ‘dizendo que estava 
apaixonado’, os dois começaram a namorar. Em 1991, quando Collor cogitou levar Fernando 
Henrique para o Ministério das Relações Exteriores, Mirian o desaconselhou, por cobrir o governo.
“Ele chegou em casa às duas horas da manhã, depois da reunião em que o Mário Covas foi contra o 
PSDB entrar no governo, e disse: ‘Você acabou com a minha vida’”.


FHC com Covas: “Ele chegou em casa às duas horas da manhã, depois da reunião em que o Mário Covas foi contra o PSDB entrar no governo, e disse: ‘Você acabou com a minha vida’”

Alguns meses depois, segundo ela, Fernando Henrique repetiria algo nessa linha, ao dizer que Mirian não poderia levar adiante a gravidez anunciada. “Você pode ter filho de quem quiser, menos meu.”
Segundo Mirian, estava foi a última vez que os dois falaram como namorados. “Para mim, acabou. Vi o tipo de homem que era.”
Pergunto: mas Fernando Henrique era o pai da criança?
“Claro que é.”
Mas e os DNAs posteriores, que provam o contrário?
“Ele diz que fez os exames nos Estados Unidos e o correto teria ter sido feito na minha presença, com a coleta do meu sangue. Por que fez lá? Por que demorou tanto para fazer, se eu pedi que fizesse quando fiquei grávida?”
Mirian diz estar disposta a um novo exame e afirma que tentou convencer seu filho a fazê-lo.
“Mas ele não quis. O Fernando Henrique deu a ele o que eu, como jornalista, nunca poderia dar: estudo de graduação na Georgetown University, uma das mais conceituadas do mundo, 60 mil dólares por ano, no mínimo, bancou sua permanência lá, e depois deu um apartamento de 200 mil euros, cash, em Barcelona. Para o Tomás (nome do filho), está bem feito. Para que questionar?”
Aspectos privados da vida de Fernando Henrique, Mirian Dutra e do filho dela pertencem a eles, mas o assunto deixou a esfera da privacidade quando o então senador Fernando Henrique, líder do PSDB e um dos formuladores da política em Brasília, colocou em marcha a engrenagem de mídia para iludir a opinião pública.
“O Fernando Henrique me ligou várias vezes e me pediu que recebesse a revista Veja em Florianópolis, onde eu estava para ganhar o bebê, e dissesse que o filho era de outra pessoa. Era uma coisa meio esquisita. Quem eu era para aparecer na Veja?”
Uma fotógrafa da agência Somm, Suzete Sandin, que Mirian Dutra conhecia dos tempos da Universidade Federal de Santa Catarina, foi contratada pela revista para um freelance, e procurou Mirian, que aceitou posar.
“Uma repórter, que eu não conheço, acho que era de outra cidade, me procurou e vi que ela tinha uma única missão: pegar a declaração que o Fernando Henrique tinha passado para mim”, afirma.
Na coluna Gente da edição de 24 de julho de 1991, a de número 30 do 24º ano de Veja, é publicada uma frase atribuída a Mirian:
“O pai da criança, um biólogo brasileiro, viajou para a Inglaterra para fazer um curso e voltará para o Brasil na época do nascimento do bebê.”
E existe esse biólogo?
“Claro que não. Isso é mentira. Era o que Fernando Henrique queria ver publicado, e foi publicado”, diz hoje a arrependida Mirian.
“Minha mãe quase enlouqueceu e disse: ‘Você não pode fazer isso.’ Eu tinha contado para ela quem é o pai. A barra foi muito pesada e eu quase perdi a gravidez”!
Mirian revela que ouviria mais tarde de Paulo Moreira Leite, na época um dos editores executivos de Veja, que a ordem para apurar e publicar a nota tinha partido de Mario Sergio Conti, que tinha assumido pouco tempo antes a direção de redação da revista.
“Foi uma armação do Fernando Henrique com o Mario Sergio”, diz a jornalista.
Ela diz que esta foi a primeira das muitas vezes em que viu a sua gravidez (e posterior nascimento do filho) ser usada para angariar prestígio. O governo era de Collor e ainda se cogitava abertamente a possibilidade de Fernando Henrique disputar a presidência, embora desfrutasse de prestígio como poucos na política, sobretudo por sua relação com a imprensa. Mas, segundo Mirian, chegar à presidência era o projeto de vida dele.
“Ouvi dele muitas vezes que seria presidente, porque os políticos no Brasil não sabiam de nada, eram mequetrefes. É claro que um filho fora do casamento, de uma mulher que todo mundo em Brasília sabia que era a namorada dele, prejudicaria seus planos.”
O filho nasceu e Mirian foi perdendo espaço de vídeo na Globo. Por razões que não ficaram para mim muito claras, na entrevista de mais de três horas que fiz com ela, Mirian Dutra decidiu ir para Portugal e logo estava empregada numa emissora em que Roberto Marinho era sócio.
Fernando Henrique já era ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco e apontado como um nome forte para a sucessão no ano seguinte. Mirian chama sua saída do Brasil de um autoexílio, e diz que o diretor de jornalismo da Globo à época, Alberico de Souza Cruz, padrinho do seu filho Tomás, o ajudou muito nessa saída.
“Eu gosto muito do Alberico, e ele dizia que me ajudou porque me respeitava profissionalmente. Éramos amigos, conhecíamos segredos um do outro, mas eu fiquei surpresa quando, mais tarde, no governo de Fernando Henrique, ele ganhou a concessão de uma TV em Minas. Será que foi retribuição pelo bem que fez ao Fernando Henrique por me ajudar a sair do Brasil?”


Mírian sobre Alberico, antigo diretor da Globo: concessão de tv como retribuição de FHC?

No caso de Alberico, ela não passa da insinuação, mas quando o assunto é uma de suas irmãs, Margrit Dutra Schmidt, a jornalista é direta. Segundo Mirian, a irmã era dona da Polimídia, uma empresa de lobby em sociedade com o marido, Fernando Lemos, que cresceu nos anos 90, com a venda de serviços de gestão de crise.
“A minha irmã tinha as portas abertas em tudo quanto é lugar e era chamada de ‘a cunhadinha do Brasil.’ Agora soube que ela tem um cargo de assessora do Serra no Senado e não aparece para trabalhar. Eu não sabia, mas não fiquei surpresa. Este é o bando de gente para quem ela sempre trabalhou. E o Serra eu conheço bem.”
“Por que a imprensa não vai atrás dessas informações? A minha irmã, funcionária pública sem nenhuma expressão, tem um patrimônio muito grande. Só o terreno dela em Trancoso vale mais de 1 milhão de reais. Tem conta no Canadá e apartamentos no Brasil. Era a ‘cunhadinha do Brasil’”.
No que diz respeito a seu contrato com a Globo, nos anos que ela considera de exílio no exterior, Mirian quebra o silêncio e vai além das declarações protocolares. “Sabe o que eles fizeram comigo? Ensaboa mulata, ensaboa…”, diz, cantarolando a música de Cartola.
Segundo ela, quem ensaboava era Carlos Henrique Schroeder, atual diretor geral da Globo, na época o número 2 do jornalismo.


Schroeder, hoje diretor geral da Globo, era o encarregado de ‘ensaboar Mírian’
“Em 1997, eu estava cansada do trabalho que fazia em Portugal, sem nenhuma importância, e me apresentei para trabalhar no escritório em Londres. Na época, quem dirigia era o Ernesto Rodrigues e ele me disse, na cara: ‘Enquanto eu dirigir este escritório, nenhuma amantezinha vai trabalhar aqui.’”
Mirian diz que voltou para o Brasil e se reuniu com Evandro Carlos de Andrade, sucessor de Alberico na direção de jornalismo, e comunicou que ou voltaria para o Brasil, ou pediria demissão. “O Evandro disse, na frente do Schroeder e do Erlanger (Luís Erlanger, que dividia com Schroeder as funções de número 2 no jornalismo): “Ninguém mexe com essa mulher. Ela mostrou que tem caráter”, conta.
Schroeder foi então, conforme o relato de Mirian, destacado para ser uma espécie de padrinho dela na TV Globo. “Poxa, você conquistou o chefe”, disse ele.
Apesar disso, Mirian não desistiu da ideia de voltar para o Brasil. “Eu fui repórter do Jornal da Globo na época da Constituinte, fiz Jornal Nacional e estava na geladeira. Isso derruba qualquer um.”
Os planos de Mirian chegaram ao conhecimento dos amigos e um deles, Luís Eduardo Magalhães, que foi presidente da Câmara dos Deputados e líder de Fernando Henrique no Congresso, a convidou para um almoço.
“Sobre o Luís Eduardo, tem uma coisa interessante: eu era amiga dele antes do Fernando Henrique e fui eu que aproximei os dois.”
No almoço, Luís Eduardo levou o pai, o senador Antônio Carlos Magalhães, que ela também conhecia, e ouviu deles, mas principalmente de ACM, que não era hora de voltar, que Fernando Henrique disputaria a reeleição e ela deveria ter paciência.
“Foi quando entendi que eu deveria viver numa espécie clandestinidade. Se eu voltasse, não seria bem recebida e as portas se fechariam para mim”, conta.
Mirian tomou a decisão de comprar um apartamento em Barcelona e ir para lá, como contratada da Globo, e produzir matérias de lá. A empresa topou, mas, mesmo pagando a ela um salário de 4 mil euros (cerca de R$ 18 mil), não aprovou a realização de nenhuma pauta em muitos anos.
“Me manter longe do Brasil era um grande negócio para a Globo”, diz. “Minha imagem na TV era propaganda subliminar contra Fernando Henrique e isso prejudicaria o projeto da reeleição.”
Mas o que a empresa ganhou com isso?
“BNDES”.
Como assim?
“Financiamentos a juro baixo, e não foram poucos”.


A dupla esperta FHC e Roberto Marinho comemoram nova gráfica do Globo, financiada com dinheiro público

Mirian afirma que a demissão da TV Globo, em setembro do ano passado, foi o que a levou a decidir fazer um relato da sua vida.
Foi um episódio que ela considera cruel. Depois de 25 anos de Globo, entre afiliada em Santa Catarina e Brasília, recebeu um e-mail de José Mariano Boni de Mathis, diretor executivo da Central Globo de Jornalismo. Curto e seco, ele informou: seu contrato não será renovado.
“A partir daí, eu não era mais a Mirian da TV Globo e me senti livre para fazer o que sempre quis, mas não podia: desenterrar os ossos e enterrar de novo, era como publicar um diário. Mas vi que esse cadáver incomoda muita gente, e a repercussão foi maior do que eu imaginava. Agora eu tenho que ler até o artigo de uma jornalista que me conhece e sabe bem dessa história, a Eliane Cantanhede, que me compara ao caso da Luriam, Miriam Cordeiro. Esse pessoal perde a compostura quando é para defender seus amigos. Absurdo.”
No almoço com Luís Eduardo Magalhães, havia uma quarta pessoa, cujo nome prefere não revelar no momento. Era representante da TV Globo. Na quinta-feira passada, quando a Folha de S. Paulo publicou entrevista de Mirian, ela recebeu um telefonema de Mariano Boni.
“Ele queria saber quem era o representante da TV Globo no almoço em Brasília. Sabe o que respondi para ele? Você acha que eu vou contar para você? Acho que o microfone estava aberto e, se eu conheço a Globo, o Ali Kamel (diretor de jornalismo) estava ouvindo a conversa. O Boni disse: mas a Globo sempre foi muito correta com você. Disse que ele era cínico e falei outras coisas pesadas. Fui bem malcriada, e desliguei o telefone. A secretária do Boni me ligou várias vezes, e eu não atendi.”
O telefonema em que ela conversou com Boni foi por volta das 14 horas, no horário de Madri, onde hoje ela mora, 11 horas no fuso brasileiro. Duas horas depois, o Jornal Hoje repercutiu a entrevista de Mirian à Folha e o apresentador Evaristo leu uma nota da emissora, em que a direção afirma:
“Durante os anos em que colaborou com a TV Globo, Miriam Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo.”
Mirian faz uma ironia com a declaração: “Quando vi, pensei que eu tivesse morrido. Elogio assim só em obituário. Mas sei qual é a intenção deles: me calar com elogio fácil.”
E qual a relação do seu exílio com o projeto de poder representado pela emenda da reeleição?
“Mostra o jogo pesado que foi a continuidade do governo de Fernando Henrique Cardoso. Só olhar para o que aconteceu no segundo governo: as privatizações mais selvagens. Não podia dar errado, a Mirian não podia atrapalhar os grandes negócios. Está na hora de quebrar a blindagem desse pessoal. Mas onde estão os jornalistas, que não investigam?”