O MViva!, espaço aberto, independente, progressista e democrático, que pretende tornar-se um fórum permanente de ideias e discussões, onde assuntos relacionados a conjuntura política, arte, cultura, meio ambiente, ética e outros, sejam a expressão consciente de todos aqueles simpatizantes, militantes, estudantes e trabalhadores que acreditam e reconhecem-se coadjuvantes na construção de um mundo novo da vanguarda de um socialismo moderno e humanista.

domingo, 30 de dezembro de 2012

FELIZ ANO NOOOOOVOOOOOOO!



Casamento de Cachoeira e o Jornalismo à moda de Al Capone

Edição 247/Divulgação:



Por Leandro Fortes

O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter “enviada especial” a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.
Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira.Dava ordens na redação daVeja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.
Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.
Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.
Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?
O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.
No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.
Assim, nos informa a Folha:
“Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: ‘Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação dos meus advogados’.”
É um gentleman, esse Cachoeira.



Blog do Poter
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sábado, 29 de dezembro de 2012

Senado dos EUA faz última tentativa de acordo sobre abismo fiscal

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os líderes do Congresso norte-americano concordaram na sexta-feira em fazer um último esforço até domingo para impedir que o país entre no "abismo fiscal", desencadeando uma intensa negociação sobre as taxas de juros pagas pelos contribuintes enquanto o prazo final, estabelecido para a véspera do Ano Novo, se aproxima.
Com apenas alguns dias a mais para evitar uma grande alta nos impostos e cortes orçamentários que podem causar uma recessão, dois veteranos do Senado tentarão chegar a um acordo que frustrou a Casa Branca e o Congresso por meses.
Obama afirmou que estava "modestamente otimista" sobre a possibilidade de acordo. Mas nenhum dos lados parece ter cedido muito em um encontro de líderes do Congresso, na Casa Branca, na sexta-feira.
O que eles acertaram é que Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado, e Mitch McConnell, líder da minoria republicana, tentarão alcançar um acordo orçamentário até este domingo.
"A hora para uma ação imediata é aqui. É agora. Estamos agora no momento em que só temos quatro dias, os impostos de cada norte-americano devem subir por lei. O salário de cada norte-americano deve ficar consideravelmente menor. E essa seria a coisa errada a se fazer", disse Obama a repórteres.
Um total de 600 bilhões de dólares em aumento de impostos e cortes orçamentários automáticos para o governo entrarão em vigor na terça-feira, o dia de Ano Novo, se os políticos não chegarem a um acordo. Economistas temem que as medidas possam colocar a economia do país em recessão.
O pessimismo sobre o abismo fiscal ajudou a derrubar as bolsas de valores na sexta-feira, pelo quinto dia. A queda no índice Dow Jones Industrial foi de 158,20 pontos, ou 1,21 por cento. Os lojistas estão culpando os temores sobre o "abismo fiscal" pelas vendas abaixo do esperado no período do Natal.
Sob o plano desenhado na sexta-feira, qualquer acordo entre McConnell e Reid será apoiado pelo Senado e depois aprovado pela Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, antes do final do ano.
Mas a Casa Branca também pode ser o cemitério de qualquer acordo.
Um núcleo de conservadores fiscais é fortemente contrário aos esforços de Obama de aumentar os impostos para os mais ricos como parte de um plano para acabar com o déficit orçamentário dos Estados Unidos. Republicanos também querem ver Obama comprometido com grandes cortes orçamentários.
As negociações entre Obama e o presidente republicano da Câmara, John Boehner, terminaram em fracasso na semana passada, quando dezenas de republicanos desafiaram o líder do partido e rejeitaram um plano para aumento de impostos para aqueles que ganham 1 milhão de dólares ou mais.
Um assessor democrata afirmou que Bohener se atrelou basicamente aos "pontos de negociação" durante encontro na Casa Branca na sexta-feira, com a mensagem de que a Câmara já agiu sobre o orçamento, e que era hora de o Senado se mexer.
Dois líderes do Senado e seus assessores mergulharão neste sábado em negociações que se concentrarão principalmente no limite para o aumento de impostos para as famílias que ganham mais, disse um assessor democrata. Especialistas avaliam que ambos os lados podem decidir elevar as taxas para famílias que ganham mais de 400 mil ou 500 mil dólares por ano.
A dupla também conversará sobre se os impostos estaduais devem ser mantidos nos níveis baixos de atualmente ou subir.
Se as diferenças não conseguirem ser superadas entre os líderes do Senado, Obama afirmou querer que ambas as esferas do Congresso aprovem um plano de emergência que aumentará os impostos para as famílias que recebem mais de 250 mil dólares por ano.

 Reuters
(Reportagem de Rampton e Richard Cowan)

O HORROR, O HORROR


"Profeta, ou o que quer que sejas!


Ave ou demônio que negrejas!


Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno


Onde reside o mal eterno.


Ou simplesmente náufrago escapado


Venhas do temporal que te há lançado


Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo


Tem os teus lares triunfais,


Dize-me: "existe acaso um bálsamo no mundo?"


E o corvo disse: "Nunca mais"



(Edgar Allan Poe, O Corvo, tradução de Machado de Assis)



NO ANIVERSÁRIO DE MAO-TSÉ-TUNG, CHINA INAUGURA A MAIOR LINHA DE TREM DE ALTA VELOCIDADE DO MUNDO.


A China acaba de inaugurar, na última terça-feira, 26 de dezembro, dia do aniversário de Mao-Tsé-Tung, a maior linha de trem de alta velocidade do mundo, com 2.298 quilômetros, ligando, com 35 paradas, as cidades de Pequim e Guangzhou.
  
Com a inauguração da linha, que fará o trajeto completo em 8 horas, os chineses,que já tinham a única linha de levitação magnética do mundo, em Xanghai, se consolidam como líderes mundiais no setor, com uma rede de quase dez mil quilômetros de trens de alta velocidade, a maior do planeta.
  
Já que não dá para fazer com que o governo desista do trem bala no Brasil, gastando, para isso, 40 bilhões de reais, o melhor seria entregar o negócio aos chineses. Pelo menos, a China, com quase 4 trilhões de dólares no banco, e disposta a receber, depois, em petróleo, não precisaria, como é o caso de outros concorrentes, de dinheiro a juro subsidiado do BNDES.

Com isso, o governo federal poderia pegar os mesmos 40 bilhões de reais que quer gastar com o trem-bala, e fazer, teoricamente, 40 mil quilômetros de linhas de trem de velocidade média (ou mais que a metade disso, contando com obras de engenharia e indenizações) para o transporte de carga e passageiros, gerando milhares de empregos, e reerguendo, definitivamente, a cadeia produtiva da indústria ferroviária no Brasil.

A desculpa de que os chineses tiveram um acidente com 40 vítimas não serve para direcionar o negócio para empresas, digamos “ocidentais”. Um único acidente, em quase dez mil quilômetros de linhas, que servem uma área habitada por mais de 200 milhões de passageiros, é estatisticamente irrelevante, no  contexto de um negócio dessa dimensão.


ALÔ,ALÔ, SENHOR SIMÃO JATENE ! - MINAS REGULAMENTA BENEFÍCIOS AO SETOR DE MINERAÇÃO


Foi publicado nesta terça-feira (18/12) o Decreto 46.110, em que o estado de Minas Gerais, alterando o Regulamento do ICMS (Decreto 43.080/02), concede benefícios fiscais ao setor minerário. 
Essas benesses, conforme nova redação dada ao artigo 501 do RICMS, consistem em (i) adoção de novos critérios diferentes do disposto no artigo 43 do referendado diploma, para a determinação da base de cálculo nas operações interestaduais e; (ii) concessão de crédito presumido nas saídas tributadas de até 30% do valor destacado em documento fiscal, valendo observar que foi vedado o aproveitamento de outros créditos.
Tais concessões serão formalizadas por meio de regime especial, cujo requerimento está sujeito à análise da Superintendência de Tributação do Estado (Sutri). A sistemática será aplicada a todos os estabelecimentos da mesma empresa que exerçam atividade no ramo e, dependendo dos termos do regime, serão adotados valores ou critérios distintos do artigo 43 do regulamento por mercadoria, estabelecimento, período de apuração ou exercício. Além disso, o recolhimento do imposto não poderá ser inferior ao valor médio recolhido nos 12 meses anteriores à inscrição no regime.
Para que o contribuinte possa gozar dos benefícios concedidos pelo citado decreto, deverá cumprir uma série de requisitos (art. 503, RICMS), sendo um deles a nova apuração do imposto, utilizando a base de cálculo prevista no regime especial, nos cinco anos anteriores à sua vigência, para as operações interestaduais. Ademais, deve ser recolhida, de forma integral ou parcelada, a diferença do montante a ser pago após o resultado dessa apuração, devidamente acrescido de juros.
Entretanto, o requisito que mais se destaca é a obrigação de adimplir todos os débitos existentes, bem como o de desistir de eventuais questionamentos judiciais e administrativos quanto à Taxa Minerária (TFRM — instituída pela Lei Estadual 19.976/11).
Ora, a TFRM, que expressa nitidamente a sanha arrecadatória do Estado sobre a mineração exercida em seu território é, atualmente, objeto da ADI 4.785, ajuizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que pretende ver declarada a inconstitucionalidade da norma mineira.
No mesmo sentido, há ações individuais movidas por contribuintes para afastar a incidência da taxa, que onera significativamente suas operações. Fica evidente, portanto, que a determinação de adimplemento e desistência de demandas judiciais ou administrativas quanto à TFRM para concessão de regime especial de ICMS sobre a atividade configura nítida sanção política que, em verdade, acaba por onerar o setor minerário.
Em outros termos, o Estado reconhece a fragilidade da norma que instituiu a Taxa Minerária e, com suposto beneficio aos contribuintes que abrirem mão de discuti-la, tenta diminuir o número de opositores. Todavia, é preciso destacar que na ADI 4.785, a Procuradoria-Geral da República emitiu parecer opinando pela parcial procedência dos pedidos, além da existência, como dito, de vários contribuintes, que em ações individuais, tiveram liminares deferidas para suspender a exigibilidade da TFRM, expondo a insubsistência do tributo em comento.
Portanto, a imposição de quaisquer ônus ao contribuinte que atua no setor minerário, para que possa usufruir dos benefícios concedidos pelo Decreto 46.110, beira a ilegalidade, o que é passível de questionamento judicial, até porque a ADI, pela fase processual, pode a qualquer momento ter uma decisão definitiva.
 
Daniel Santos Prado é advogado do departamento de Direito Tributário do escritório Décio Freire & Associados.
Revista Consultor Jurídico, 20 de dezembro de 2012

The Economist e Financial Times apoiaram Serra em 2010




No Blog da Cidadania

Não é de hoje que os governos progressistas que se instalaram no Brasil em 2003 e não saíram mais vêm sendo alvo de dois veículos específicos da imprensa européia, entre a qual são exceções em termos de visão crítica sobre o nosso modelo econômico.
 
O semanário inglês The Economist, recentemente quase que exigiu a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, por ter previsto que o crescimento brasileiro de 2012 seria superior ao que provavelmente será, e o diário Financial Times, também inglês, ridiculariza o ministro e a presidente Dilma também devido ao crescimento modesto da nossa economia neste ano.

O mais impressionante é que esses dois veículos estão entre os grandes defensores do modelo econômico que jogou o país em que estão sediados em uma situação econômica que faz a situação brasileira parecer um êxito muito maior do que de fato é.

Vale registrar, ainda, que a economia britânica mergulha em recessão. No primeiro semestre de 2012, o PIB do Reino Unido registrou a maior contração dos últimos três anos, caindo 0,7 por cento, devendo fechar o ano com recuo de 0,5%.

Como se não bastasse, em novembro foi registrado 8,3% de desempregados na Grã-Bretanha, maior índice registrado desde 1996. Tal nível de desemprego representa quase três milhões de pessoas.

Sim, o PIB brasileiro deve crescer entre um e um e meio por cento neste ano – o resultado dos últimos meses pode surpreender –, mas as condições sociais no país melhoram a cada ano, com nível recorde de população empregada e valorização da massa salarial.
Outro dado que, se não é o que interessa aos investidores, ao menos é o que interessa a 99,99% dos brasileiros: enquanto a pobreza e a desigualdade aumentam no Reino Unido, caem no Brasil.
 
Por fim, há sinais de reaquecimento na economia brasileira. Poucos negam que devemos crescer entre três e quatro por cento no ano que entra, enquanto que a economia inglesa deve continuar patinando por vários anos, ainda.
Você que quer se posicionar corretamente sobre o caso precisa entender a razão desses veículos para criticarem uma economia que, em termos práticos, está tendo resultados muito melhores que a britânica, guardadas, obviamente, as devidas proporções entre um país e outro.

The Economist e FT dão muito palpite sobre o Brasil porque os britânicos têm muitos interesses e negócios conosco, sobretudo no mercado financeiro, como bem lembrou o ministro Guido Mantega (foto acima) ao comentar que especuladores daquele país costumavam pegar empréstimos a juros baixos em países quebrados, nos quais os juros hoje são quase negativos, e investir o dinheiro aqui, onde as taxas de remuneração do capital eram estratosféricas.

Fica claro, portanto, que tem muito inglês perdendo dinheiro com a política brasileira de acabar com a agiotagem no país.
Aliás, como insinua o enunciado deste texto, a má vontade do jornal e da revista britânicos com Dilma começou antes de ela assumir a Presidência. Na última eleição presidencial, tanto The Economist quanto Financial Times, em editoriais, declararam apoio oficial a José Serra.

Com efeito, não foram só os jornais britânicos que ansiaram pela vitória de Serra. Empresas estrangeiras de petróleo, multinacionais, todo o capital internacional que perdeu espaços indevidos no Brasil durante a era Lula apoiou o tucano contra Dilma em 2010.

Confira, abaixo, matéria do Estadão que mostra que não há nada de novo na disposição dos veículos britânicos em relação ao grupo político que governa o Brasil, ainda que a mídia brasileira tente passar a ideia de que há razões sérias para as críticas deles.

O JUDICIÁRIO BRASILEIRO PRECISA DE UM CHOQUE DE DEMOCRACIA

Os novos atores políticos 
Um dos fatos mais relevantes de 2012 foi a transformação dos juízes do Supremo Tribunal Federal em novos atores políticos. Já há algum tempo o STF virou protagonista de primeira grandeza nos debates políticos nacionais, ao arbitrar grandes questões ligadas à vida nacional em um ambiente de conflito. Por tal razão, vemos hoje um fato absolutamente inédito na história nacional: juízes do STF reconhecidos por populares.

Durante décadas, a Suprema Corte era um poder invisível para a opinião pública. Ninguém via no Supremo a expressão de um poder que poderia reverberar anseios populares. Hoje é inegável que algo mudou, principalmente depois do julgamento do chamado “mensalão”, no qual o tribunal procurou traduzir em ações as demandas sociais contra a corrupção. Nesse contexto de maior protagonismo do STF, algumas questões devem ser colocadas.

Fala-se muito da espetacularização do Judiciário, que seria sensível aos apelos da mídia e de setores da opinião pública. Isto principalmente depois da criação de um canal de televisão, a TV Justiça, pelo qual é possível acompanhar julgamentos do STF. Se levado a sério o argumento, teríamos de afirmar que tal espetacularização é um fenômeno a atingir a democracia como um todo, e não apenas um de seus poderes. Na verdade, melhor isso do que os momentos nos quais juízes do Supremo podiam dizer que julgavam “de costas para a opinião pública”. A democracia exige o regime da máxima visibilidade dos entes e processos públicos.

Segundo, que juízes se vejam como atores políticos não deveria ser visto como problema. Só mesmo um positivismo jurídico tacanho acreditaria que a interpretação das leis pode ser feita sem apelo à interpretação das demandas políticas que circulam no interior da vida social de um povo. Interpretar uma lei é se perguntar sobre o que os legisladores procuravam realizar, qual o núcleo racional por trás das demandas que se consolidaram através da enunciação de leis. Que juízes se vejam, atualmente, com tais incumbências, eis algo que não deveria nos preocupar.

Há, porém, duas questões urgentes que merecem nossa atenção diante deste novo momento do Judiciário. Primeiro, a tripartição dos poderes foi feita com vistas à possibilidade de constituir um sistema de mútua inspeção. Um poder deve ter a possibilidade de servir de contrapeso aos demais. Para isso, todos os três poderes devem ter o mesmo grau de legitimidade e todos devem ter mecanismos simétricos de controle.

O único fundamento de legitimidade reconhecido pela democracia é a soberania popular. Ela se manifesta na escolha do Poder Executivo e do Legislativo. Mas está completamente ausente no interior do Poder Judiciário. O sistema de escolha e nomeação dos integrantes do STF, com suas indicações do Executivo e sabatina do Legislativo, é completamente opaco e antidemocrático. Haja vista as recentes inconfidências do ministro Luiz Fux a esse respeito. Nem sequer procuradores do Ministério Público são escolhidos por deliberação popular. Um poder que deseja um protagonismo político respeitado deve se abrir para a participação popular direta. Há uma criatividade institucional necessária que deve ser mobilizada para sairmos de um sistema “monárquico” de constituição do Judiciário, com suas indicações por compadrio ou “serviços prestados”, seus cargos sem tempo fixo de mandato.

O problema do controle do Judiciário não deve, no entanto, ser posto necessariamente na conta de tentativas de amordaçamento. Todos os poderes têm mecanismos de controle. Por exemplo, podemos aplicar impeachment em um presidente, cassar o mandato de um deputado, mas o que fazer quando um juiz do STF demonstra-se inapto ao cargo? Um poder democrático é aquele que deixa claro seus mecanismos de entrada e de saída, ou seja, como ele escolherá seus integrantes e como afastará quem se demonstra inabilitado para o cargo. Nos dois casos, nosso Judiciário tem muito no que avançar.

É necessário que a sociedade brasileira tenha a serenidade para discutir mecanismos de reforma do Judiciário, principalmente agora que compreendemos a importância de sua função. A democracia tem muito o que construir no que diz respeito à legitimidade popular de seus juízes.

MORRE O FILHO DE BRIZOLA

Ex-deputado federal José Vicente Goulart Brizola durante depoimento na CPI dos Bingos, no Senado, em 2005
Na Folha Online
Morreu na madrugada desta sexta-feira (28) no Rio o ex-deputado federal José Vicente Goulart Brizola, 61, filho do ex-governador gaúcho Leonel Brizola (1922-2004).
A causa da morte foi uma hemorragia digestiva. Ele passou as últimas semanas internado no Hospital Miguel Couto.
Nascido em Porto Alegre, José Vicente foi eleito para a Câmara em 1990 pelo PDT do Rio e permaneceu no Congresso até 1995. Ele é pai do ministro do Trabalho, Brizola Neto, 34, da deputada estadual gaúcha Juliana Brizola, 37, e do vereador no Rio Leonel Brizola Neto, 37. Os três são pedetistas.
O ministro Brizola Neto viajou ao Rio de Janeiro para acompanhar o velório.
Um dos momentos marcantes de sua trajetória foi o rompimento com o PDT de seu pai em 2001. Na época, ele liderou um grupo dissidente que saiu do partido no Rio Grande do Sul e migrou para o PT gaúcho.
O movimento que trocou de legenda era formado também pela hoje presidente Dilma Rousseff, que naquele ano era secretária da Energia do Rio Grande do Sul. A ida de Dilma para o PT gaúcho abriu caminho para que ela se tornasse ministra do governo Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2003.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

DE DELAÇÕES E TRAIÇÕES

Heat of the Land


         Koestler tem uma constatação dura, do tempo em que militava na esquerda: a direita adora a delação, mas detesta o delator.  
O mesmo autor trabalhou a idéia da auto-delação falsa, como a suprema dedicação ideológica, em seu livro maior, “O Zero e o Infinito” (Darkness at Noon), sobre o mecanismo psicológico dos velhos bolcheviques levados à prisão e alguns à morte, nos processos de Moscou, movidos por Stalin.
       Embora se tratasse, como se tratou, de uma obra de ficção, o livro de Kostler foi visto como uma denúncia, ou uma “delação”, dependendo do ponto de vista do leitor, sabendo-se que o grande escritor fora militante do partido em sua juventude.
       Como se sabe, o personagem de Koestler, Rubachov,  se baseia em Bukharin, que se confessou culpado e, com outros do mesmo estofo, foi fuzilado. Todos eles morreram, - como confessaria mais tarde Artur London, vítima do processo Slansky, semelhante, na Tchecoeslováquia - porque acreditavam que, ao se inculparem, defendiam a liderança de Stalin, no momento de grande perigo para o país, o regime e a utopia de uma sociedade sem classes.
             Os comunistas de Moscou e de Praga, já nos anos 50, se sacrificaram em nome de uma causa que lhes era nobre. Assim são os que admitem denuncias, para impedir tragédias maiores, como o personagem Kilpatrik, de Jorge Luis Borges, em Tema del traidor y del héroe, que trata da Irlanda rebelde no século 19.     
            Outra coisa é essa delação premiada, que os americanos inventaram, e que estamos adotando no Brasil. Quando alguém participa, direta e voluntariamente, de um grupo, para essa ou aquela atividade, e trai - a não ser sob tortura - não pode ser visto como uma pessoa honrada. Nos processos de Moscou e de Praga, conforme o depoimento de London, em L’aveu, as pessoas se entregavam individualmente ou, mediante prévios entendimentos entre si, em pequenos grupos.
       Nas delações premiadas, o objetivo do delator é salvar a própria pele – em alguns casos recebendo identidade falsa, e proteção permanente do Estado, em lugar desconhecido, em troca da entrega de almas e corpos. Não há ideologias em jogo, não há nações em jogo, não há crenças em jogo. Há, e só, um comportamento que se aproxima da abjeção.
       Temos, no Brasil, delatores em nossa história recente, que são lisonjeados pela direita, porque a ela  serviram, e bem, cada um a seu jeito e em seu tempo.     Todos os escândalos políticos em nosso país, nos últimos tempos, surgiram quando alguns dos envolvidos foram apanhados com a mão na cumbuca, e, para se salvarem, delataram outros, com provas ou sem elas, e quase sempre com mentiras.
        São esses “santos” de última hora que são agraciados com o perdão dos juízes e o aplauso da imprensa conservadora e engajada. 


Mauro Satayana

ENEM 2013 INSCRIÇÕES E RESULTADO

ENEM 2013 INSCRIÇÕES E RESULTADO

Veja como consultar e fazer inscrições e resultado do Enem 2013! Nos próximos dias as principais informações sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013 devem ser divulgadas pelo ministro da educação, Aloizio Mercadante, Entre estas informações estão os períodos de inscrição, as datas das provas e é claro a data da esperada divulgação dos resultados do Enem.
Como o ministro Mercadante recentemente descartou a realização do Enem do meio do ano de 2013, não deverá haver muita diferença entre os cronogramas dos dois anos (2012 e 2013).
Dessa forma, o resultado do Enem 2013 deve ser divulgado pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira no mês de dezembro, através do site oficial do Enem, no endereço http://www.enem.inep.gov.br/.
Será necessário informar CPF ou número de inscrição do candidato e senha cadastrada no Enem 2013 para realizar a consulta. Em caso de perda destes dados será possível recuperá-los no site do Enem, no mesmo endereço informado acima.
O resultado do candidato no exame é exposto pelo Boletim de Desempenho Individual. Este boletim traz o desempenho obtido em cada uma das quatro áreas de conhecimento (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Códigos e Matemática) e também a nota alcançada na redação. Todas estas cinco notas têm uma escala de 0 a 1.000.
Enquanto as notas da redação são obtidas através da correção realizadas por profissionais capacitados treinados pelo governo, as notas das quatro áreas de conhecimento, que somam 180 questões de múltipla escolha com cinco alternativas cada, são obtidas de acordo com a TRI – Teoria de Resposta ao Item. Ao contrário do que muitos estudantes pensam, a nota final em Matemática, por exemplo, não é simplesmente igual ao percentual de acertos. Segundo a TRI, cada questão tem um nível de dificuldade e consequentemente um peso diferente das demais.
Após a divulgação dos resultados os estudantes poderão utilizar suas notas para concorrer às vagas dos programas do governo, como o Programa Universidade Para Todos (Prouni) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Além disso, o exame concede certificação de conclusão de ensino médio e a possibilidade de financiamento dos estudos do ensino superior através do FIES.
Leia mais sobre o Enem 2013

POR QUE OS ESTADOS UNIDOS FORAM PARA O BURACO

Os americanos estão muito mais para isso que para Bill Gates.

Uma sociedade movida pela busca de status é insustentável, diz o acadêmico Morris Berman

 

Por Paulo Nogueira

Morris Berman, 67 anos, é um acadêmico americano que vale a pena conhecer.
Acabo de ler “Por Que os Estados Unidos Fracassaram”, dele. A primeira coisa que me ocorre é: tomara que alguma editora brasileira se interesse por este pequeno – 196 páginas — grande livro.
A questão do título é respondida amplamente. Você fecha o livro com uma compreensão clara sobre o que levou os americanos a um declínio tão dramático.
O argumento inicial de Berman diz tudo. Uma sociedade em que os fundamentos são a busca de status e a aquisição de objetos não pode funcionar.
 

Berman cita um episódio que viu na televisão. Uma mulher desabou com o rosto no chão em um hospital em Nova York. Ela ficou tal como caiu por uma hora inteira, sob indiferença geral, até que finalmente alguém se movimentou. A mulher já estava morta.
“O psicoterapeuta Douglas LaBier, de Washington, tem um nome para esse tipo de comportamento, que ele afirma ser comuníssimo nos Estados Unidos: síndrome da falta de solidariedade”, diz Berman. “Basicamente, é um termo elegante para designar quem não dá a mínima para ninguém senão para si próprio. LaBier sustenta que solidariedade é uma emoção natural, mas logo cedo perdida pelos americanos porque nossa sociedade dá foco nas coisas materiais e evita reflexão interior.”
Berman afirma que você sente no ar um “autismo hostil” nas relações entre as pessoas nos Estados Unidos. “Isso se manifesta numa espécie de ausência de alma, algo de que a capital Washington é um exemplo perfeito. Se você quer ter um amigo na cidade, como Harry Truman disse, então compre um cachorro.”


Morris Berman

O americano médio, diz ele, acredita no “mito” da mobilidade social. Berman nota que as estatísticas mostram que a imensa maioria das pessoas nos Estados Unidos morrem na classe em que nasceram. Ainda assim, elas acham que um dia vão ser Bill Gates. Têm essa “alucinação”, em vez de achar um absurdo que alguém possa ter mais de 60 bilhões de dólares, como Bill Gates.
“Estamos assistindo ao suicídio de uma nação”, diz Berman. “Um país cujo propósito é encorajar seus cidadãos a acumular mercadorias no maior volume possível, ou exportar ‘democracia’ à base de bombas, é um navio prestes a afundar. Nossa política externa gerou o 11 de Setembro, obra de pessoas que detestavam o que os Estados Unidos estavam fazendo com os países delas. A nossa política (econômica) interna criou a crise mundial de 2008.”
A soberba americana é sublinhada por Berman em várias situações. Ele cita, por exemplo, uma declaração de George W Bush de 1988: “Nunca peço desculpas por algo que os Estados Unidos tenham feito. Não me importam os fatos.” Essa fala foi feita pouco depois que um navio de guerra americano derrubou por alegado engano um avião iraniano com 290 pessoas a bordo, 66 delas crianças. Não houve sobreviventes.
Berman evoca também a Guerra do Vietnã. “Como entender que, depois de termos matado 3 milhões de camponeses vietnamitas e torturado dezenas de milhares, o povo americano ficasse mais incomodado com os protestos antiguerra do que com aquilo que nosso exército estava fazendo? É uma ironia que, depois de tudo, os reais selvagens sejamos – nós.”

Você pode perguntar: como alguém que tem uma visão tão crítica – e tão justificada – de seu país pode viver nele?
A resposta é que Berman desistiu dos Estados Unidos. Ele vive hoje no México, que segundo ele é visceralmente diferente do paraíso do narcotráfico pintado pela mídia americana — pela qual ele não tem a menor admiração. “Mudei para o México porque acreditava que ainda encontraria lá elementos de uma cultura tradicional, e acertei”, diz ele. “Só lamento não ter feito isso há vinte anos. Há uma decência humana no México que não existe nos Estados Unidos.”

Dilma entra na linha de fogo por incomodar o macabro sistema financeiro internacional


 



 O artigo é de Marcelo Justo

A guerra das usinas midiáticas do setor financeiro contra a presidenta do Brasil


Primeiro foi a revista The Economist; agora, foi a vez do jornal Financial Times: o governo de Dilma Rousseff entrou na mira dos grandes meios de comunicação financeiros britânicos internacionais. 
Ambos zombam do governo brasileiro, pedem a renúncia de Guido Mantega e qualificam Dilma como a rena do nariz vermelho. Para as usinas midiáticas do setor financeiro, Dilma cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Não que o cenário econômico na casa destas publicações ande melhor. Justamente o contrário.

A The Economist primeiro, o Financial Times depois: o governo de Dilma Rousseff entrou na mira dos grandes meios de comunicação financeiros britânicos internacionais. Ambos zombam do governo brasileiro, pedem a renúncia de Guido Mantega e
qualificam Dilma como a rena do nariz vermelho. Não que as coisas na casa destas publicações andem melhor. Justamente o contrário.
A economia britânica acaba de sair da segunda recessão em três anos graças ao pequeno estímulo dos jogos olímpicos, mas a maioria dos analistas acredita que no próximo trimestre ela voltará a se contrair. A Eurozona salvou-se raspando neste ano de 2012, mas ninguém se atreve a apostar no que pode acontecer no próximo ano, apesar de o diretor do Banco Central da Europa, Mario Draghi, assegurar desde julho que fará tudo o que está ao seu alcance para salvar o euro. 
Por último, os Estados Unidos estão fazendo o impossível para evitar o abismo fiscal, um incremento de impostos e um corte de gastos públicos que entraria em vigor automaticamente no dia 1º de janeiro se não houver um acordo político.
Apesar deste cenário do primeiro mundo, as críticas a Dilma não surpreendem. Para as usinas midiáticas do setor financeiro, a presidenta cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Quando esta crítica à presidenta brasileira vem do primeiro mundo aparece como uma variante do famoso “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Desde o estouro financeiro de 2008, Estados Unidos, Reino Unido e Banco Central Europeu se dedicaram à emissão de dinheiro eletrônico, um mecanismo conhecido em inglês como “quantitative easing”, e a baixar as taxas de juros a mínimos históricos para estimular o consumo. “A ideia é que mantendo essas taxas de juros o setor privado terminará investindo, algo que não está fazendo porque a demanda está estagnada. Em resumo, o problema mais grave é que esta política monetarista não está funcionando”, disse à Carta Maior Ismail Erturk, catedrático sênior de finanças da Universidade de Negócios de Manchester.
Este monetarismo foi debatido no chamado mundo desenvolvido, mas sem a estridência desqualificadora reservada ao governo de Dilma Rousseff. No caso do Reino unido e da Eurozona a comparação se torna mais absurda se tomamos como parâmetro a crise provocada pelos programas de austeridade vigentes na Europa. No Reino Unido, a coalizão conservadora-liberal democrata que assumiu em maio de 2010 encabeçada pelo primeiro-ministro David Cameron herdou um forte déficit fiscal produto do estouro financeiro de 2008-2009 e uma incipiente recuperação de 1,7% pela mão do estímulo fiscal do governo trabalhista de Gordon Brown.
A coalizão prometeu equilibrar as contas fiscais ao final de seu período de governo, em 2015, e projetou um crescimento de 2,1% para 2011 e 2,5% para 2012. A chave-mestra para esse passe de mágica era um programa de austeridade com cortes de 80 bilhões de libras (cerca de 140 bilhões de dólares) com uma perda de mais de meio milhão de empregos públicos. O resultado desse apequenamento logo ficou evidente. Em 2011, o crescimento real foi de 0,8%, enquanto que, em 2012, foi negativo (menos 0,4%). Quanto ao equilíbrio fiscal, o próprio governo admitiu em dezembro que para atingi-lo terá que ampliar a política de austeridade até...2018.
As coisas não andam melhor pela eurozona. Com a bandeira da austeridade, a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (a Troika) conseguiram converter a debacle fiscal de um país que representava pouco mais de 2% do PIB da eurozona em uma crise que pode colocar em perigo todo o projeto pan-europeu. 
Desde o começo da crise grega em 2010, quatro nações terminaram regatadas pela Troika (Grécia, Portugal, Irlanda e Chipre), a banca espanhola foi salva com uma injeção de 100 bilhões de euros do Banco Central Europeu e a Grécia recebeu um novo pacote de ajuda em dezembro, no valor de 34 bilhões euros, que todos sabem que não será o último.
Em 2012, a eurozona teve um crescimento negativo de 0,5% que esconde em seu interior extraordinárias disparidades (a queda da Grécia superou 7%, enquanto que a Alemanha cresceu 0,8%). Segundo um informe da ONU, divulgado em 20 de dezembro, com estas políticas de austeridade as coisas vão piorar. O cálculo é que a região crescerá um magro 0,5% em 2013.
O governo de Barack Obama não apostou na austeridade e conseguiu evitar uma queda como a do Reino Unido ou da eurozona, mas sua recuperação é menor do que a esperada e está ameaçada por uma obra prima do terror econômico: o abismo fiscal. Em agosto, o Congresso estabeleceu o 1º de janeiro como prazo para chegar a um acordo sobre o gasto público e as reduções tributárias aprovadas durante a presidência de George Bush que finalizam nesta data.
Se não houver acordo e as medidas entrarem em vigor, o resultado será uma recessão nos Estados Unidos e um forte impacto em uma economia mundial que, nas atuais projeções, crescerá 2,4%, muito menos do que é necessário para recuperar o terreno perdido desde o estouro do Lehman Brothers. 
A responsabilidade fiscal das reduções de impostos de George Bush foi discutida em seu momento, mas nenhuma usina midiática econômica teve a ideia de colocar um nariz vermelho no artífice da invasão ao Iraque. Assim são as coisas.

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