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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Entreguismo absurdo e criminoso!: Requião diz que querem fazer na Petrobras o que fizeram na Sabesp!



Senador do PMDB ataca projeto de tucano, que pretende retirar da Petrobras a participação exclusiva no pré-sal, e critica governo Dilma por ceder a pressões do mercado.

São Paulo – Crítico ácido do governo da presidenta Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, da oposição, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tem se destacado como um dos parlamentares que mais tem contribuído para combater o Projeto de Lei do Senado (PLS) 131/2015, de José Serra (PSDB-SP). O tucano pretende mudar a Lei de Partilha do Pré-sal, aprovada em 2010, para acabar com o papel da Petrobras como operadora exclusiva do pré-sal, e sua participação mínima, de 30%, nos leilões de exploração de petróleo, o que em última instância tem sido percebido pelas centrais sindicais como um ataque destruidor à soberania do país.
“Estão fazendo com a Petrobras o que fizeram com a Sabesp em São Paulo e a Sanepar em Curitiba. Isso significa que estão diminuindo os investimentos em extração e em projetos de médio e longo prazos, mudando o cronograma de investimentos da empresa, e aumentando os preços para aumentar o lucro dos acionistas. A Petrobras está engasgada pelo tipo de administração que tem e pela orientação da Fazenda”, afirma Requião.
Irônico em sua abordagem da realidade, o que reflete sua indignação com os ditames neoliberalistas na política e economia, o senador é do tipo de político que não tem papas na língua e gosta de uma polêmica. Nesta entrevista, ao comentar os episódios recentes da Operação Lava Jato, que investiga a tomada da Petrobras por meio de propinas a empresas prestadoras de serviço, ele ironiza as tarjas pretas que protegeram nomes da oposição nos vazamentos seletivos e a ilação que tenta associar a palavra ‘vaca’ a João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT preso pela operação. “Agora, se um daqueles nomes traduzidos por letra era uma vaca, seguramente o JS era o bezerro. Não é José Serra, é o filho da vaca”, afirma provocando risos.
Requião considera que reforma política que não elimina financiamento empresarial e coligações é “tapeação”, porque o dinheiro de empresas “manda no Congresso” transforma partidos em bancadas financiadas. Sobre o comportamento da imprensa, defende a legalização do direito de resposta. “Se o Jornal Nacional chamar o José das Couves de ladrão, estelionatário, desonesto, improbo e tiver de desmentir no dia seguinte, no mesmo espaço, ele perde a credibilidade e importância. O direito ao contraditório é fundamental e ele não existe na mídia brasileira.”

Há um debate acalorado, polêmico, por conta do projeto de lei do Senador José Serra. O que é importante para a população entender sobre o projeto, para que se possa fazer a defesa da Petrobras?

O Wikileaks dizia que o Serra (senador José Serra) tinha um compromisso de acabar com o pré-sal e entregá-lo sob o regime de concessão a empresas estrangeiras, notadamente a Chevron. O Serra negou isso durante meu discurso no plenário, mas não é o que demonstra o projeto que ele fez. O projeto mantém a legislação de partilha, mas entrega o comando do processo todo, que é o controle dos custos, o fornecimento de máquinas e insumos fora do Brasil, o controle da vazão. Ou seja, eles tiram o que quiserem e quando quiserem, e vão tentar tirar a quantidade máxima de petróleo de custo baixo, e entregam isso às concessionárias com o pretexto que a Petrobras não tem condição de explorar o pré-sal.
Isso é uma falácia mas, na verdade, o Serra não deixa de ter razão, porque o ministro Joaquim Levy (da Fazenda) proibiu o BNDES de fazer empréstimo à Petrobras, e a presidenta Dilma nomeou uma diretoria de mercado no comando da empresa, um conselho de administração de mercado. Então, estão fazendo com a Petrobras o que fizeram com a Sabesp em São Paulo e a Sanepar em Curitiba. Isso significa que estão diminuindo os investimentos em extração e em projetos de médio e longo prazos, mudando o cronograma de investimentos da empresa, e aumentando os preços para aumentar o lucro dos acionistas. A Petrobras está engasgada pelo tipo de administração que tem e pela orientação da Fazenda.

O sr. considera isso um choque de neoliberalismo?

Não é só um choque. É o neoliberalismo funcionando sem limites na condução da economia brasileira, e de uma forma absolutamente errada. Não estou comparando o Brasil com a Grécia, os gregos produzem azeite e turismo, mas é o mesmo projeto que levou a Grécia à falência de hoje. Quando isso começou na Grécia, em 2010, a dívida era de 104% do PIB, e hoje, cinco anos depois, com desnacionalizações, arrocho salarial, diminuição de direitos trabalhistas e privatizações, o déficit da Grécia é de 180% do PIB. Ela está sendo submetida de uma forma vil aos interesses da banca do mercado que comanda a política europeia.

Por que acontece isso?

A Dilma cedeu à pressão do mercado, cedeu às exigências do capital. Colocou o Levy para fazer esse tipo de política que ela diz concordar, mas só uma ressalva, ela, ainda por não ser uma liberal puro sangue, está mantendo as politicas compensatórias, as bolsas (programas sociais, como o Bolsa Família).
Mas eu vejo que essa política fracassou de forma completa. O governo não reduziu o déficit, ele reconheceu que essa política de arrocho e recessão havia diminuído a receita fiscal e que era impossível cumprir a meta. Eles simplesmente disseram oficialmente que não vão cumprir a meta.

Ontem (28) tivemos em São Paulo e Brasília manifestações contra a reunião do Copom…

Tem um artigo do Serra na Folha que é um ‘encanto’. Ele considera o Copom uma reunião de vestares, que provavelmente estão em um templo de adoração à deusa Vesta, completamente isolados do mundo e agindo tecnicamente. Ele faz um protesto porque um membro do Copom adiantou à Folha a sua opinião, que deveria aumentar os juros, o que é uma estupidez. O Serra diz que não foi para isso que ele e o FHC criaram o Copom, porque o comitê não pode discutir nada por antecipação. O comitê se reúne diante das explicações colocadas pelo Banco Central, ele toma uma posição que é imediatamente anunciada pela Secom (Secretaria de Comunicação do governo), ou seja, ele estabelece o predomínio celestial dos técnicos em finanças sobre os interesses da democracia e da população. É a política que vige hoje no mundo hoje, de reação ao estado social, do trabalho e dos executivos e da prevalência da suposta capacidade técnica dos gestores do mercado. É a submissão do país aos interesses do capital financeiro.

Existe alguma projeção, algum numero que dá uma dimensão do prejuízo que viria com o projeto do Serra sobre o pré-sal?

Perda total. Perderíamos o controle do preço, o controle da vazão, que influencia no preço, e eles teriam o controle dos custos, comprando insumos fora do Brasil, faturando como quisessem, como faz toda multinacional.

O projeto educacional com verbas do pré-sal estaria acabado?

Dança! Porque aumentam os custos, eles vão aumentar o custo de produção, vai diminuir isso tudo, será reduzir a uma expressão muito simples, ditada pelo interesse do capital investidor.

Por que o governo Dilma, que é um governo popular, estaria cedendo à pressão?

Cedeu porque cedeu, cedeu à pressão do capital e dos bancos.

O resultado das eleições no ano passado, que mostrou o país divido, não contribui?

O que diferencia a política da Dilma da política do Aécio é que ela ainda mantém a política social.

Qual seria o caminho para recuperar a Petrobras?

O primeiro caminho é demitir essa direção e colocar uma direção que tenha uma visão nacional, e não uma visão imediatista do mercado financeiro, a mesma que quebrou os Estado Unidos em 2008. Essa visão é a que esquece o planejamento de médio e longo prazos, o investimento na inovação e tecnologia, e se dedica apenas a obter o lucro dos acionistas no momento.
Como se viabiliza a Petrobras hoje? A ideia que desenvolvemos no Senado, com alguns companheiros, é a emissão de letras do Tesouro, que seriam repassadas ao BNDES e a Petrobras tomaria esse volume de recursos através de debêntures, e imediatamente ela punha para funcionar o seu planejamento anterior, eliminando os ladrões, os desvios, o superfaturamento, com uma direção limpa e nacionalista.

Mas para isso a Petrobras precisa de uma capacidade de endividamento…

A Petrobras tem a maior capacidade de endividamento do planeta, ela não pode ser analisada pelo seu valor de mercado hoje, não tem nada a ver com seu valor patrimonial. O valor patrimonial da Petrobras é um valor estratégico para o Brasil, é o valor do nosso futuro e das nossas reservas de petróleo no território nacional. Não tem limite isso, não é quantificável. O endividamento da Petrobras hoje é muito menos devido ao roubo diante dos investimentos que foram feitos e do retorno desses investimentos.

O sr. acredita que há um ataque orquestrado à Petrobras?

Sim, por parte do Levy, por parte das medidas tomadas pelo nosso governo e por parte do Serra e de alguns parlamentares. É evidente que estão tentando acabar com a Petrobras, ou você acha que o Serra, de uma hora para outra, tentaria facilitar o governo da Dilma, viabilizando que ela venda alguns poços de Libra e do pré-sal para fechar seu superávit primário?! Isso é totalmente descartado por qualquer raciocínio moderadamente inteligente.

E como o sr. vê a atuação da Operação Lava Jato nesse contexto?

Eu vejo, do ponto de vista do garantismo jurídico do qual eu sou um adepto, grandes furos. Mas do ponto de vista nacional, muito bom. Estão expondo o que não seria exposto. É claro que existem verdadeiras esdruxularias, por exemplo, hoje descobri que o procurador da República Deltan Dallagnol vai a uma igreja e diz (não com todas as letras, mas se pode inferir) que a Lava Jato é a maior operação policial. É um culto, é uma obra de Deus. É uma estupidez isso. Ele é uma espécie de novo jihadista, um cruzadista, está sendo dirigido pelo Senhor. É uma bobagem monumental. Por outro lado, tem outras bobagens, você descobre que a vaca citada não é o Vaccari, é uma vaca (um animal) premiada. Mas uma vaca premiada adquirida por R$ 2,2 milhões seguramente é uma lavagem de dinheiro, muito comum nos leilões de gado, onde as empresas e os bancos compram por preços altíssimos, pagam com o dinheiro comunitário, o dinheiro empresarial, e recebem de volta na pessoa física, como caixa dois. É evidente isso e conhecido no Brasil inteiro.
“A legalização do direito de resposta é mais importante que qualquer controle da mídia. Se o Jornal Nacional chamar o Zé das Couves de ladrão, e tiver de desmentir no dia seguinte, no mesmo espaço, perde credibilidade. O direito ao contraditório é fundamental e não existe na mídia brasileira”


A lavagem de dinheiro em países em desenvolvimento como o Brasil não está minando a democracia?

Veja os leilões de obras de arte. De repente, o banco compra um quadro por R$ 15 milhões. Na verdade, ele paga R$ 500 mil para o dono e fica com R$ 14,5 milhões. Mas o banco saiu, os acionistas perderam e alguém da direção que decidiu a compra ficou no caixa dois. Agora, se um daqueles nomes traduzidos por letra era uma vaca, seguramente o JS era o bezerro. Não é José Serra, é o filho da vaca (risos).

Por conta desse contexto da Operação Lava Jato, e dos incansáveis vazamentos seletivos, o sr. acredita que é preciso discutir a regulação da mídia?

A minha proposta é a legalização do direito de resposta. Isso é muito mais importante do que qualquer espécie de suposto controle da mídia. Se o Jornal Nacional chamar o José das Couves de ladrão, estelionatário, desonesto, improbo e tiver de desmentir no dia seguinte, no mesmo espaço, ele perde a credibilidade e importância. O direito ao contraditório é fundamental e ele não existe na mídia brasileira.

Mas com essa finalidade teve um projeto que o sr. aprovou recentemente?

Aprovei por unanimidade no Senado e está engavetado por Eduardo Cunha (presidente da Câmara, do PMDB-RJ) na Câmara. Nem em regime de urgência é votado. Provavelmente, o Cunha está esperando um parecer do círculo religioso para saber se pode ou não pode pôr em votação. Um culto estranho…

Como vê a questão da tarja preta?

Tarja preta foi uma estupidez, uma burrice monumental de um agente ou de um delegado. Provavelmente aecista mesmo, ou foi para colocar o Serra em evidência, o que seria imaginar muita inteligência por parte dele, porque não tem justificativa. Lá estavam também detentores de foro privilegiado, como Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo), e outros que apareceram na integralidade dos seus nomes.
Ele põe tarja preta no JS, que hoje já se sabe que é o bezerro da vaca, e não coloca tarja preta nos outros, e não coloca tarja preta no escritório da secretária do bezerro e nem nos números de telefone.
Como o sr. está vendo a gestão do Beto Richa, a questão inclui principalmente…
Você está falando no que não existe, não é?! Não existe gestão no Paraná.
Principalmente na questão dos professores…
Não, na questão da administração dos recursos públicos. Pelo que a gente vê hoje, tem uma quadrilha comandando o estado do Paraná.
Voltando à Lava Jato…
Você veja, 13 ou 14 anos atrás houve a primeira delação premiada do Youssef (Alberto Youssef, doleiro). Se quiser, procure “delação premiada”, entra ali na pesquisa. Você vai ver que ele denunciou o governo do PSDB e do DEM inteirinho. Mas, como os fatos eram estaduais, não foi ele que levou à frente. Até hoje, as pessoas não foram nem sequer citadas, passados 14 anos. Jaime Lerner, o presidente do Tribunal de Contas, aquele pessoal todinho, com pacotes e pacotes de dinheiro, e nada aconteceu em relação a isso. Então, isso deu esta complacência, teve continuidade no governo… Deu continuidade na administração do Beto Richa.
Agora, no histórico jurídico, digamos assim, da delação premiada, a lei mais recente é da presidenta Dilma…
Veja bem, a delação premiada é corriqueira, ela tem de ser confirmada por fatos processuais.

Mas o sr. vê nesse aparato jurídico que garante a delação premiada, inclusive nesta lei mais recente, algum problema, algum buraco que deixou espaço para os vazamentos seletivos?

Existem críticas à condução policial do Ministério Público e do próprio juiz nas ações. Mas esta crítica garantista não pode se transformar na garantia da impunidade desse bando de ladrões.

Esses vazamentos seletivos tão falados deveriam estar previstos na lei?

Não, o Serra não acredita nisso, ele acha que no Banco Central nunca houve. Só não haveria vazamento seletivo se a Polícia Federal e o Ministério público fossem compostos por querubins e vertais. Claro que o vazamento seletivo acaba sendo uma derivação da natureza humana das pessoas múltiplas que conduzem um processo desses. Veja, estão protestando hoje contra o vazamento do depoimento do Júlio Camargo em relação ao Eduardo Cunha. Não existe vazamento. Porque o Eduardo Cunha não era réu. Ele era testemunha em uma ação, e seu depoimento foi público. Ele já tinha sido ouvido pelo Supremo (Tribunal Federal) e dito a mesma coisa. Neste caso não era nem delação premiada, ele era testemunha dos processos. Então, a rigor, o Supremo Tribunal Federal deve considerar absolutamente correto o depoimento.

Qual a perspectiva que o sr. tem para este segundo semestre nos trabalhos do Senado?

O Senado está trabalhando sob comando. Tem relatores únicos. O relator exclusivo do Senado agora é o Romero Jucá (PMDB-RR). A gente, eu, por exemplo, me considero completamente marginalizado das decisões do Senado. Eles indicam o Vital (do Rêgo, PMDB-PB) ministro do Tribunal de Contas e você só sabe disso no dia da votação. Então, os senadores como eu não participam de nada no Senado.
Agora, vai ser uma chapa quente no Congresso inteiro. Temos um projeto que estabelece que as relatorias sejam distribuídas conforme o Judiciário distribui processos. Por um computador que funciona com algorítimo. Eu apresentei esse projeto com 60 assinaturas ou mais dos 81 senadores. Está engavetado.
“Olha, reforma política é proibir coligação e proibir doação de pessoa jurídica. O resto é tapeação. Hoje o dinheiro da pessoa jurídica manda no Congresso. Nós não temos mais partidos, praticamente, temos bancadas financiadas”

O que se pode esperar do Senado na questão da redução da maioridade penal?

Eu espero que ele rejeite isso. Você não pode admitir mais a impunidade de um menino de 17 anos e 9 meses que matou quatro pessoas. Mas você não pode admitir esses tipos de condenações. Crimes de tipo aberto, o que existe na França. Na França, quem decide a periculosidade do crime é o juiz e o promotor. Então, se eles brigaram com a mulher de manhã cedo, ou estão irritados por alguma coisa, eles pegam teu filho que roubou uma maçã no bar da esquina, e condenam.
Aqui inventaram, para atenuar, essa do crime hediondo, que é uma estupidez, ninguém sabe exatamente o que é isso. Eu acho que tem de haver uma solução. Tentaram essa solução do José Serra, que não tem muita ligação com a realidade, que é aumentar o período de segregação nestas escolas disciplinares, estes reformatórios.
Então, está muito mal conduzido isso. Pode ser que tenham de estabelecer alguns tipos que levariam à condenação do menor. A reincidência e o tipo de crime. Mas isso muito bem definido por lei, para não ficar ao visto de juízes e promotores.
A redução pura e simples é um retrocesso bobo. Você vê, Nova York discute hoje a volta da responsabilidade criminal para 18 anos.

Em relação à reforma política, seria importante mudar o financiamento de campanha?

Olha, reforma política é proibir coligação e proibir doação de pessoa jurídica. O resto é tapeação. O dinheiro de empresas manda no Congresso. Nós não temos mais partidos, praticamente, temos bancadas financiadas.

E chegamos a isso também por conta da jurisprudência sobre as eleições, que também veio evoluindo nesse sentido?

Não. É evidente que os tribunais estão legislando. Mas o fundamental é o financiamento privado. Se forma a bancada, aí entra na questão do liberalismo mesmo. O povo não tem mais influência. É precarização do trabalho, precarização do Congresso por meio do financiamento de pessoa jurídica e precarização do Executivo através do domínio absoluto da economia pelo Banco Central.
Isso é cada vez mais comum no mundo hoje. Se você quer uma crítica, tem um livro de um alemão, que chama-se Wolfgang Streeck. Como não leio alemão, li em uma edição em português do livro. Muito interessante, chama-se Tempo Comprado.

O que esperar do futuro?

Só tenho um desejo. Que essa crise seja curta. Para o Brasil voltar a ser reconstruído do ponto de vista nacional, democrático e popular. Agora, o risco é que a crise leve a uma solução, por exemplo, como a eleição do Berlusconi na Itália.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Ciro Gomes: não vai ter Golpe!. Até porque eles são frouxos!



“O Levy não tem a menor imaginação para compreender a realidade brasileira”.


Ninguém pedalou mais que o FHC e o TCU ... nada !

O ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará, e ex-ministro da Fazenda (responsável pela instalação do Plano Real, em sua fase mais critica, no Governo Itamar) e da Integração, no Governo Lula, Ciro Gomes, classificou de “intolerável” a tentativa de parte da oposição e de setores da sociedade de derrubar a Presidenta Dilma Rousseff, reeleita em 2014. Segundo Ciro, o Golpe não se consumará.


“O Golpe não acontecerá. Não vai ter e ponto final. Alguns de nós brasileiros estamos dispostos a levar (a resistência ao Golpe) às ultimas consequências. Basta isso para não ter golpe porque eles [os que pregam o golpe] são frouxos, não aguentam a pressão das ruas. O povo brasileiro vai para a rua para garantir a Democracia”, afirmou nesta segunda-feira (20), em entrevista a Paulo Henrique Amorim.

Ciro hoje é Presidente da Ferrovia Transnordestina, que, segundo ele, “bomba”!

“Neste caso [das pedaladas no TCU] é pitoresco se não fosse trágico, disse ele na entrevista.

“Julgam-se práticas do passado sem que se julguem as mesmas práticas de muitos e repetidos anos do passado. No governo de Fernando Henrique Cardoso foi o pior e nunca aconteceu qualquer notificação por parte do TCU. As contas brasileiras com Fernando Henrique tiveram a erosão mais grave de toda a história brasileira”.

Sobre o Governo Dilma, o ex-governador disse que é preciso que a Presidenta se reaproxime do povo.

“E isso significa tomar outro caminho na gestão da economia e da política”, concluiu Ciro, que criticou a escolha de Joaquim Levy para o ministério que ele já ocupou.

 


A seguir, um resumo da entrevista:
 

O Brasil de hoje

Há duas coisas gravíssimas acontecendo no país.

Uma é a escalada golpista que fundaria no Brasil uma Venezuela, sob o pior aspecto que essa comparação possa dar. Um país rachado.

O Brasil não tem as razões que há na Venezuela para que isso ocorra.

O outro é uma preocupação com os descaminhos graves do Governo da Presidenta Dilma Rousseff.

Lamentavelmente, a Presidenta se lançou em uma agenda prática que está desconstituindo a legitimidade do seu mandato.

Gol contra o Brasil: STF proíbe Moro de julgar ação envolvendo Cunha


Lewandowski e Cunha
Lewandowski decidiu que o juiz Sergio Moro terá de dar explicações antes de julgar o caso que cita a suposta propina de US$ 5 milhões a Eduardo Cunha

Antonio Cruz/ Agência Brasil

O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, cumprimenta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante a abertura dos trabalhos do Judiciário.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, decidiu nesta quarta-feira 22 que o juiz Sérgio Moro não poderá proferir sentença na ação penal em que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é citado, antes de prestar informações ao Supremo. Ele concedeu prazo de dez dias para que Moro se manifeste.
Lewandowski atendeu a um pedido da defesa do parlamentar, que deseja agilidade na decisão sobre a suspensão da ação penal em que Cunha foi citado por Júlio Camargo, um dos delatores do esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. Os advogados pediram que a manifestação de Moro seja enviada por meio eletrônico e não pelos Correios.
Após receber a manifestação, o presidente do Supremo decidirá se suspende o depoimento de Júlio Camargo. Na decisão, Lewandowski explicou que a medida foi tomada para evitar a perda de objeto do pedido de Cunha.
Na semana passada, Camargo – ex-consultor da empresa Toyo Setal – disse a Moro, responsável pelos inquéritos da Operação Lava Jato na primeira instância, que Eduardo Cunha pediu US$ 5 milhões em propina para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado.
Durante o depoimento, Camargo comprometeu-se a falar a verdade por ter assinado acordo de delação premiada. Após a divulgação do depoimento, Cunha voltou a negar que tenha recebido propina de Júlio Camargo.
Os advogados pediram a suspensão do processo, por entenderem que cabe ao Supremo presidir o inquérito, em razão da citação do presidente da Câmara, que tem prerrogativa de foro. Eduardo Cunha é investigado também em um inquérito aberto no tribunal para apurar se apresentou requerimentos para investigar empresas que pararam de pagar propina.
Na ação em que Cunha foi citado, são réus o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o doleiro Alberto Youssef, o empresário Fernando Soares e Júlio Camargo. 

O que Eduardo Cunha tem a ensinar ao PT



coelho
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é disparado, a autoridade pública em piores lençóis na Operação Lava Jato.

por Fernando Brito 

É acusado de um achaque, direto, e perpetrado por um ardiloso requerimento ao Tribunal de Contas da União, falsamente apresentado por uma deputada aliada, que admite não saber nada sobre o tema que a fez solicitar uma devassa nas contas da Petrobras e a fabricante de sondas marítimas que lhe arrendava equipamentos.

No entanto, Cunha vai ao Presidente do Supremo para exigir que se imponham os freios legais à discutível – pelo menos – competência de Sérgio Moro para investigar detentores de foro privilegiado, como está na lei.
Enquanto Cunha age em dias, os petistas não agem em meses.
Assistiram passivamente à manobra pré-eleitoral de fazer Alberto Youssef dizer que “achava” que Lula e Dilma “sabiam de tudo”, um espetáculo produzido para produzir óbvios efeitos eleitorais.
Zé Cardozo ficou brincado de “espelho, espelho meu, existe alguém mais republicano do que eu?”, enquanto Curitiba se tornava um vazamento direcionado como um esguicho de lama sobre o PT.
Não vai aqui nenhum juízo sobre o mérito (ou a falda de mérito, mais apropriado) das ações de Cunha.
Mas ele age e reage.
Pode até ser caso perdido, mas está lutando pela vida (política) que lhe resta.
Cunha é ousado, Moro é ousado, o MP e a Polícia federal também o são até o “limite da irresponsabilidade”.
Mas o governo e o PT continuam brincando de serem coelhinhos dóceis e assustadiços.
Depois não reclamem da caçarola…

Empresário defende Dilma: patriota, correta, de fibra

247 – O empresário Rubens Ometto, controlador do grupo Raízen, a maior empresa de açúcar e álcool do País, fez uma importante defesa da presidente Dilma Rousseff, ao inaugurar uma usina de etanol em Piracicaba (SP).
"Hoje é fácil criticar, mas temos de reconhecer os méritos onde estão", disse ele. Ometto qualificou a presidente Dilma como "mulher brasileira, patriota, correta, lutadora e de fibra".
Ele fez também uma defesa pública do BNDES, no momento em que a crise política estimula uma possível CPI sobre o banco. "Sem o apoio do BNDES este investimento não seria viável", disse o empresário, referindo-se ao investimento de R$ 231 milhões financiado pela instituição.
O apoio empresarial ocorre num momento importante, em que setores da oposição tentam estimular um golpe contra a presidente Dilma.
Ometto também fez elogios ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, qualificando-o como "democrata, homem honesto e sempre vigilante nos interesses do Estado".
Ao falar sobre o momento de crise na economia, Ometto afirmou ter confiança no futuro. "Se precisarmos de prova que o Brasil é maior do que qualquer crise, a prova está aqui", afirmou.

FANFARRÂO ANTI LULA DO MP SERÁ INVESTIGADO PELO CNMP


Conselho Nacional do Ministério Público instaurou procedimento disciplinar contra o procurador da República Valtan Timbó Mendes Furtado, acusado pelos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter interferido na apuração preliminar sobre o suposto tráfico de influência em favor da Odebrecht; ele já responde por outro procedimento disciplinar por não ter dado andamento a 245 procedimentos que estavam sob a sua responsabilidade.

Por Livia Scocuglia, Consultor Jurídico

O Conselho Nacional do Ministério Público instaurou procedimento disciplinar contra o procurador da República Valtan Timbó Mendes Furtado. Ele é acusado pelos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter interferido na apuração preliminar sobre o suposto tráfico de influência em favor da Odebrecht. Para a defesa de Lula, houve desvio de função.
Um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins, do Teixeira, Martins & Advogados, aponta para os três motivos que levaram ao pedido de instauração do procedimento. Primeiro é o fato de o procurador ter convertido uma notícia de fato em procedimento investigatório criminal, quebrando as regras de atribuição. Segundo é que, pela regra do CNMP, o procurador não teria competência para intervir no procedimento, já que a responsável pelo caso era a procuradora titular Mirella de Carvalho Aguiar. E, por último, foi ter convertido em procedimento um caso antes de ter recebido a resposta do interessado.
A defesa pediu ainda a suspensão da eficácia do ato do procurador, mas o corregedor Alessando Tramujas Assad recusou o pedido por entender que o CNMP não poderia tomar essa decisão. Segundo o corregedor, isso seria uma revisão do ato praticado pelo procurador que deveria ser pedida em outra esfera.
Agora, Furtado tem dez dias para apresentar as explicações solicitadas pelo CNMP. Caso fique constatada a infração disciplinar, o procurador pode ser punido. Ele já responde por outro procedimento disciplinar, também instaurado pelo CNMP, por não ter dado andamento a 245 procedimentos que estavam sob a sua responsabilidade.

Banco dos Brics começa a operar na China




 Banco de Desenvolvimento do Brics entra em funcionamento em Xangai


Operamundi
 
Instituição financiará cooperação entre os cinco países que concentram 41,4% da população mundial e totalizam mais de 25% do PIB do planeta.O NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), órgão financeiro multinacional criado pelos cinco membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), começou a operar nesta terça-feira (21/07) em Xangai, China.
Há cerca de duas semanas, os cinco líderes do bloco — Dilma Rousseff, Vladimir Putin, Narendra Modi, Xi Jinping e Jacob Zuma — formalizaram a criação da entidade, com um capital inicial de US$ 50 bilhões, durante a 7ª cúpula dos Brics, na cidade russa de Ufá.
Também conhecido como Banco dos Brics, o novo organismo foi elaborado como uma nova opção a outras instituições financeiras ao redor do mundo, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BM (Banco Mundial).
"Nosso objetivo não é desafiar o sistema existente, mas sim melhorar e complementar o sistema à nossa própria maneira", explicou o primeiro presidente do NBD, o indiano Kundapur Vaman Kamath, segundo a Reuters.
Sediado na China e com escritório regional na África do Sul, o banco terá, a princípio, um presidente indiano, um diretor brasileiro e uma autoridade na Rússia.
Além do banco, foi elaborado um fundo de reservas no valor de US$ 100 bilhões. Destes, US$ 41 bi vieram de cofres chineses, já os governos brasileiro, indiano e russo colocarão US$ 18 bi — cada — e a África do Sul injetará US$ 5 bi.
A meta do NBD é financiar uma maior cooperação entre os cinco países, com projetos de infraestrutura e de desenvolvimento. Juntos, os Brics concentram 41,4% da população mundial e totalizam mais de 25% do PIB (Produto Interno Bruto) do planeta.

Sujeito que quer acarear Dilma com Youssef está condenado por desvio de dinheiro




Fernando Brito

O deputado André Moura ( que não é Moura, mas Luís Dantas Ferreira) que, por ordem de Eduardo Cunha, lançou a estranha e pirotécnica ideia de fazer uma “acareação” entre a Presidenta Dilma Rousseff e o bandido Alberto Youssef não foi devidamente apresentado ao país pela imprensa.
Por isso, transcrevo trechos do release (fresquinho, do dia 23 passado) publicado pelo Supremo Tribunal Federal:
“A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu, na sessão de hoje (23), denúncias do Ministério Público em três inquéritos contra o deputado federal André Luís Dantas Ferreira, conhecido como André Moura (PSC-SE), envolvendo crimes conexos – apropriação, desvio ou utilização de bens públicos do Município de Pirambu (SE) 9…)
Segundo as denúncias, após deixar a Prefeitura, Moura teria continuado a usufruir de bens e serviços custeados pela administração municipal, como gêneros alimentícios, telefones celulares, veículos da frota municipal e servidores que atuavam como motoristas. Em um dos inquéritos (3204), foi recebida também a denúncia pelo suposto crime de formação de quadrilha. Por se tratar de condutas interligadas, o relator dos processos, ministro Gilmar Mendes, propôs que os processos fossem julgados em conjunto. A decisão de receber as denúncias foi unânime.(…)
(O deputado) teria indicado a maior parte dos secretários municipais e mantido carros e celulares da Prefeitura à sua disposição, além de fazer compras em mercados pagas pelo erário, indicar vários funcionários fantasmas, entre eles sua esposa (Lara Adriana, também denunciada) e receber repasses mensais da Prefeitura entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, conforme a acusação.(…)Nas eleições de 2006, Moura foi candidato a deputado estadual e, durante a campanha, segundo relato de Juarez dos Santos, as exigências ilícitas se agravaram, quando Moura teria encomendado repasse de R$ 1 milhão entre abril e setembro.
Moura caiu na Lei da Ficha Limpa, por já ter condenações de segunda instância e está no cargo porque obteve liminar do STF para concorrer.
Seria interessante fazer, isso sim, uma acareação entre o deputado e o prefeito que ele achacava, que o acusa até de ser o mandante de um atentado a tiros.
É um sujeito assim que quer dar (e dá, com a ajuda da mídia) lições de moral ao Brasil.

sábado, 18 de julho de 2015

A reação aos ataques da direita golpista

 
Por Jandira Feghali, no site Vermelho:

O PSDB chega ao poder na década de 90 e viabiliza um projeto de venda das principais estatais do Brasil jamais imaginado pelos corações patriotas. A Era FHC promoveu o maior ataque privatista ao patrimônio nacional. Puseram despudoradamente à venda gigantes como a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Telebrás. Ao todo foram “incineradas” 125 empresas em todo país.

A Vale, por exemplo, foi vendida em 1997 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por míseros US$ 3,558 bilhões, a mesma quantia que atualmente costuma lucrar em apenas um único trimestre. Não foi uma venda, mas uma verdadeira entrega, quase uma “doação”.

Mesmo distantes da Presidência da República, após quatro fracassos seguidos nas urnas, tentam a qualquer custo avançar em seu projeto entreguista em prol de empresas internacionais. Parece piada que alguns partidos brasileiros hajam de acordo com os interesses imperialistas de outros países, principalmente os Estados Unidos. Um alinhamento fervoroso.

Ao menos cinco projetos de lei, todos de autoria da oposição na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, tramitam atualmente com o objetivo de reduzir a exploração da Petrobras nos campos do pré-sal. Se aprovados, reduziriam drasticamente o lucro da empresa brasileira e extinguiriam investimentos do Governo Federal em saúde, educação e aportes para o Fundo Social, regras já avalizadas pelo Parlamento. O impacto, segundo especialistas, seria de R$ 150 bilhões.

Além disso, a empresa deixaria de investir em conteúdo nacional, de forma que a construção de novas plataformas e outros projetos poderiam ser encomendados lá fora, gerando menos empregos e tecnologia aqui. Parece má-fé diante das dificuldades na economia: recentemente, mais de mil empregados de estaleiros no Rio de Janeiro foram demitidos.

É fato que a oposição se tornou uma máquina de ataque ao Brasil. Diante da prolongada ressaca das urnas e do desespero pelo poder, flertam com o golpismo de grupos que atentam contra os pilares mais básicos da democracia. Ou seja, além de tentar retomar a entrega de nossas riquezas, os tucanos, atentam contra o Estado Democrático de Direito ao fazer coro a grupos que pedem o retorno da Ditadura ou impeachment – bandeira sem sustentação técnico-jurídico. A intolerância, o preconceito, inclusive de gênero e o ódio têm sido a tônica.

Nossa voz tem sido de resistência na defesa da democracia, do mandato constitucional da presidenta Dilma Rousseff e a soberania do país. Este é um chamado público a todas as forças progressistas que reconhecem e valorizam o voto, a liberdade de expressão e a importância da manutenção do patrimônio brasileiro.

É o momento de nos unirmos contra todos os golpes e na defesa de nosso país. Na política e na vida, é preciso ter lado, com a coragem necessária para impedir que os derrotados nas urnas voltem ao poder sem a legitimidade do voto popular, mas no tapetão.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Danou-se!!! : Pessoa cita repasse de R$ 1 milhão a ministro do TCU

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247 - Trecho da delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, ao Ministério Público Federal prejudica ainda mais a credibilidade do Tribunal de Contas da União (TCU), que já teve o nome envolvido anteriormente, também pelo empreiteiro. Aos procuradores da Operação Lava Jato, Pessoa afirmou que repassou R$ 1 milhão para o advogado Thiago Cedraz, filho do presidente do TCU, Aroldo Cedraz. O destino do dinheiro, segundo Pessoa, era outro membro da corte, o ministro Raimundo Carrero.
Carrero era o relator do processo que apurava supostas irregularidades na licitação de uma das unidades da usina de Angra 3, no Rio, obra realizada pela UTC. Pessoa relatou em depoimento dado no dia 26 de maio ter sido procurado por Thiago Cedraz, e o advogado disse que estava precisando de dinheiro, "deixando antever que a importância solicitada, no valor de 1 milhão de reais, seria ao ministro Raimundo Carreiro, do Tribunal de Contas da União, relator do processo de Angra 3 no TCU", diz o MPF.
Após o pagamento, a licitação da usina de Angra 3 avançou e publicou-se o resultado da concorrência respectiva, da qual saíram vencedoras as empresas que compunham os consórcios Angra 3 e Una 3 – esse último integrado pela UTC, de Ricardo Pessoa. Na delação, cujo trecho sobre essa denúncia a TV Globo teve acesso, Ricardo Pessoa afirmou que, após o repasse de 1 milhão, não houve problema com o contrato de Angra 3 no TCU, ou seja, "tudo fluiu".
De acordo com o empreiteiro, "o valor de 1 milhão solicitado por Thiago Cedraz e que seria destinado, conforme acreditava, a Raimundo Carrero, foi retirado da sede da UTC por Luciano Araujo", que é sócio de Thiago Cedraz. Os dois advogados estão entre os alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal nesta terça-feira 14 na Operação Politeia, que tem como base investigações da Lava Jato.
Em outro depoimento, Ricardo Pessoa já havia revelado o pagamento de R$ 50 mil por mês a Thiago Cedraz para obter, no TCU, informações de interesse da UTC. 
Carrero nega propina
A assessoria do TCU informou que a atuação no caso do ministro Raimundo Carrero foi regular e que ele agiu "com todo o rigor". "O ministro agiu com todo o rigor técnico que o caso exigia, tendo recomendado correções, exigido acompanhamento por parte da unidade técnica do tribunal e inclusão do empreendimento no rol de obras constantes do planejamento de fiscalização de obras do TCU. O Acórdão 3.238/2012-Plenário foi aprovado de forma unânime pelos Ministros presentes à sessão do Plenário do TCU, que foi acompanhada pelo Procurador-Geral do Ministério Público junto ao Tribunal", afirmou o TCU.

Delegado da PF relata pressão de colegas na Lava Jato





Jornal GGN - Um delegado da Polícia Federal, enviado a Curitiba para apurar vazamentos na Operação Lava Jato e uma escuta instalada na cela de Alberto Youssef sem autorização judicial, disse que sofreu pressões dos colegas no Paraná durante suas investigações. Em despacho interno, Mário Fanton afirma que presenciou uma "participação direta" de dois delegados "para quererem ter ciência e manipular as provas". Fanton sugeriu ao Ministério Público Federal a reanálise das provas, incluido a sindicância da escuta clandestina, e também que o MPF "conduza diretamente a presente investigação ou com grande proximidade a um novo delegado a se indicar, pois não acreditamos mais nas provas antes constituídas" 
Delegado da PF relata pressão de colegas em investigação no Paraná: Olicial investigava escuta colocada na cela de Alberto Youssef na sede do órgão em Curitiba. Agentes disseram à CPI que grampo foi instalado sem autorização judicial; PF não comenta caso

Um delegado da Polícia Federal que foi a Curitiba apurar vazamentos da Operação Lava Jato relatou ter sofrido pressão dos colegas do Paraná no trabalho e recomendou que a sindicância sobre a escuta na cela do doleiro Alberto Youssef fosse refeita.
O relato está em um despacho interno do delegado Mário Fanton de maio deste ano, no qual ele afirma ter presenciado "uma participação direta do DPF [delegado de Polícia Federal] Igor [Romário de Paula]" e de outra delegada "para quererem ter ciência e manipular as provas".
O caso da escuta na cela de Youssef voltou aos holofotes depois que dois policiais federais disseram à CPI da Petrobras, no último dia 2, que o equipamento foi instalado sem autorização judicial e captou conversas do doleiro.
As declarações contrariaram sindicância interna da PF do ano passado, que apontou que a escuta era inativa.
Depois disso, a CPI aprovou a convocação dos delegados da Lava Jato, incluindo Igor, para esclarecimentos. O caso é objeto de nova investigação interna da PF, conduzida por Brasília.
DESCONFIANÇA
Fanton foi a Curitiba depois que a sindicância interna havia terminado. Esse não era o foco inicial de sua missão, mas ele também apurou fatos relacionados à escuta.
Seu objetivo na superintendência era apurar boatos de que ocorriam vazamentos das investigações para a confecção de um dossiê com o objetivo de anular a Lava Jato.
Sua atuação provocou insatisfação e desconfiança dos delegados da operação.
Nesse período, Fanton obteve novo depoimento do agente Dalmey Werlang, um dos que falou à CPI, no qual ele mudou a versão sobre a escuta e apontou ilegalidade.
O delegado Fanton escreveu: "Sugiro que o MPF [Ministério Público Federal] reanalise as provas, inclusive a sindicância da escuta clandestina, se possível refazendo-a, e conduza diretamente a presente investigação ou com grande proximidade a um novo delegado a se indicar, pois não acreditamos mais nas provas antes constituídas".
Em outro trecho, Fanton conta que foi informado pelo delegado Igor de que a PF de São Paulo não havia prorrogado sua permanência em Curitiba e, quando entrou em contato com SP, responderam-lhe que sequer houve pedido de renovação da missão.
A Folha pediu para ouvir o delegado Igor por meio da PF em Curitiba. O órgão respondeu que não iria comentar o caso. A PF em Brasília também não comentou.

O sanatório geral da política




Luis Nassif

Tem-se um país pronto para alçar voo, com uma sociedade civil complexa, estrutura universitária, de pesquisas, grandes empresas, diversidade regional, mercado de capitais, múltiplas vocações econômicas.
Mas há um vácuo político e uma imprevisibilidade total sobre os desdobramentos da crise.

***
Vamos a uma análise dos principais personagens:
Fernando Henrique Cardoso - ainda é o principal mentor dos grupos de oposição. Mas seu único objetivo é a revanche com Lula. O resto – país, PSDB, aliados – que exploda.
Lula – entrou na chamada sinuca de bico. Tem que preservar Dilma e o PT, mas, ao mesmo tempo, teme afundar com ambos. Sua decantada intuição travou.
PT – desde a prisão dos principais líderes, uma militância sem comando. com os parlamentares votando sistematicamente contra bandeiras que levantou um dia. A única bandeira capaz de unir a todos é a perspectiva de um impeachment de Dilma.
PSDB –não existe mais como partido. Tem votado sistematicamente contra o rigor fiscal e contra um conjunto de leis que ele próprio patrocinou. Há um grupo com articulação com mídia e empresariado (FHC-Serra), um governador que tenta se articular, mas sem possuir familiaridade para os grandes arranjos políticos (Geraldo Alckmin) e um garotão sem noção (Aécio). Debaixo deles, um bando de tresloucados.
Aécio Neves –colocado na linha de frente por FHC para o chamado fogo de exaustão no governo Dilma desgastou-se sozinho. É figura descartável, assim que formar-se um consenso sobre os rumos da crise.
PMDB - os presidentes da Câmara e do Senado precisam acumular poder para escapar do risco de prisão. Ou sentam no trono ou vão para o calabouço. A única âncora de bom senso é o vice-presidente Michel Temer.
Grupos de mídia- a palavra de ordem é impeachment, e se colocam todos a produzir clima para tal. A ponte quebrou, exageramos, e toca a produzir artigos de bom senso relativo. Todos disciplinadamente andando em manada ao sabor da falta de rumo.
Presidência da República - poucas vezes na história se teve uma quadra tão medíocre e sem noção. Dilma só se valeu da palavra de presidente para defender a si própria das insinuações e dos abusos do inquérito. Não montou nenhuma estratégia consistente para poupar a economia dos reflexos da Lava Jato, nem se abriu para fora do seu gabinete, para preparar projetos minimamente articulados com a opinião pública.
Procurador Geral da República - hoje em dia, qualquer réu pode acertar contas com qualquer adversário. Basta tornar-se delator e mencionar o nome do desafeto em um interrogatório. Os bravos procuradores e delegados da Lava Jato se encarregarão de levar para a mídia. Foi necessário o Ministro Teori Zavascki chamar os procuradores à razão, para o PGR agir.
STF (Supremo Tribunal Federal) – só tem dois Ministros com coragem de investir contra as ondas: Marco Aurélio Mello, e sua tradição de remar contra a corrente; e Gilmar Mendes, e sua tradição de atuar de forma vergonhosamente partidária.
Grupos econômicos – o “road show” de Dilma nos EUA mostrou que ruim com ela, pior sem ela, péssimo com o impeachment. Mas, sem Dilma apresentar um projeto consistente, ficam ao sabor das manchetes.
Repito: quem disser que sabe o que sairá dessa miscelânea estará mentindo.

Varoufakis: é o novo Tratado de Versailles



Antes eram tanques. Agora os germânicos ela usam os bancos

O ex-ministro da Fazenda grego Yanis Varoufakis definiu o acordo em que o primeiro ministro Tsipras entregou a rapadura a Merkel como o desfecho de “a política da humilhação”, em entrevista que deu a uma rádio austríaca e reproduzida no Guardian.
“É um acordo impossível. Simplesmente não é viável”, ele disse sobre o acordo de Tsipras.
Os banqueiros quiseram – disse Varoufakis – se vingar da Grécia, – veja que o Krugman usou a mesma linguagem, “vingança”:
“A troika (FMI, Banco Central Europeu e a União Europeia, na verdade, instrumentos do poder da Alemanha – PHA) vai obrigar Tsipras a engolir cada uma das palavras de críticas à troika que ele pronunciou nos últimos cinco anos. Tsipras sabe que está desgraçado se fizer e desgraçado se não fizer,”disse Varoufakis à rádio austríaca.
“Esse acordo não tem nada a ver com Economia, nada ver com a ideia de botar a Grécia nos trilhos da recuperação econômica.”
Para se referir aos EU$ 50 bilhões de ativos que a Grecia se comprometeu a entregar aos bancos, ele disse:
“Esse é um novo Tratado de Versailles que ronda a Europa. Em 1967, o Golpe de Estado que destruiu a democracia grega veio sob a forma de tanques. Bem, dessa vez foram os bancos.”
Ao se referir a um tratado que ronda a Europa e não apenas a Grécia, Varoufakis ampliou o problema para Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e França, que podem ser os próximos na linha de tiro da Merkel.
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“Versailles” não é a fazendola do Aecím em Minas, “a minha Versailles”, que fica perto do aeroporto do Titio.
O Tratado de Versailles, depois da I Guerra, impôs pesadas reparações à derrotada, a Alemanha.
Os vencedores, a Inglaterra à frente, queriam obrigar a Alemanha a entregar o sangue e a alma.
Lord Keynes advertiu que aquilo ia dar errado, num antológico ensaio “As Consequências Econômicas da Guerra”.
E não deu outra.
Um cabo austríaco iniciou a carreira política com a denuncia de Versailles: eu não pago.
Adolf Hitler não pagou e bombardeou a Inglaterra.
Bem que Keynes tinha dito: era preciso reduzir a dívida da Alemanha.
Como agora, queria Tsipras: os bancos tinham que aceitar uma perda.
Merkel não quis.
Merkel domina a Europa.
Como sempre, só quem pode com ela é a Rússia.
Isso cheira mal.


Paulo Henrique Amorim

Gilmar, Cunha, Paulinho e Aloyzio: os 4 catões da República


Fundada no moralismo mais acendrado, a crise política atual permitiu a ampliação de poder 
de quatro homens probos, figuras símbolos de um período em que o país purga seus pecados e 
consagra os virtuosos.


Luis Nassif

O primeiro é Gilmar Mendes, Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Gilmar tem por hábito montar seminários do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público) contando com patrocínios de grandes grupos com causas no STF. Nunca se declarou impedido nem de solicitar os patrocínios nem de julgar as causas.
Mas não o julguem mal por isso. Só um homem extremamente probo - como ele - pode se dar ao luxo de arrostar o pecado sem pecar. É o Santo Antão do Supremo.
O segundo é Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Esse é um probo injustamente acusado pelo Ministério Público Federal, que confundiu propina com pagamento de dízimo.
O terceiro é Paulinho da Força. Foi injustamente acusado de receber propinas para impedir a continuação de uma greve no canteiro de obras do pagador. Não foi nada disso. Provavelmente trata-se de um prêmio em dinheiro concedido "ao pacificador do ano", pela inexcedível contribuição à paz social no país. É o nosso Ghandi redivivo.
No encontro dos três – Gilmar, Cunha e Paulinho – a Folha supôs que o tema principal fosse o impeachment de Dilma. Mas Gilmar esclareceu que “o tema central da conversa foi o Código de Processo Civil” (http://migre.me/qLquI).
Qual o interesse no Código Civil de dois acusados pela Lava Jato? Uma medalha da Madre Tereza para quem adivinhar. Muito provavelmente queriam saber das brechas processuais para estancar os inquéritos. Como, por exemplo, entrar com pedido de habeas corpus em dia de plantão de Gilmar Mendes no STF. Afinal, Gilmar é um conhecido “garantista”.
O quarto é o senador Aloyzio Nunes. Acusado de receber doações da UTC, foi categórico: "é uma acusação kafkiana, porque não tenho nenhuma influência na Petrobras". A UTC teve obras contratadas pelo governo de São Paulo no período em que Aloyzio foi vice-governador. Mas a troco de quê o repórter vai incomodar o senador com questão tão irrelevante (http://migre.me/qLqdg)? Aloyzio é a encarnação de Henry Fonda em "O Homem Errado", clássico de Hitchcock.
Cada cruzada moralista tem os catões que merecem. E não é papel dos jornais decepcionarem os leitores mais sonhadores. Pobre do país que não precisa de catões, dirão os muito crentes.