Alan Kardec |
Uma nova biografia de Allan Kardec se "materializa" nas livrarias neste
mês de outubro e não se trata de nenhum "fenômeno mediúnico". Nem por
isso, desprovido de novidade, mesmo Kardec sendo uma personalidade(re)conhecida por espíritas e não-espirítas. O que torna a obra um
atrativo é o seu autor: Marcel Souto Maior, jornalista, não-espírita e
biógrafo de Chico Xavier, em obra -- entre outras -- que deu origem ao
filme sobre o médium brasileiro.Desta vez, após anos de contato com a Doutrina dos Espíritos e seu
Codificador, Souto Maior decidiu que chegara o momento de retratar um
personagem que o intrigava. "O que transformou o professor Rivail no
missionário Kardec? O que deu a ele tanta certeza sobre a existência e
influência dos espíritos? ", idaga o autor.Nesta entrevista, exclusiva para oportal Nova Era, Marcel fala do livro e
dos motivos que o levaram a se interessar pelo assunto:"O que mais me mobiliza – e me impressiona – no espiritismo não é o
fenômeno, sempre sujeito a fraudes, mistificações ou enganos. O que mais
admiro no movimento é a rede de solidariedade que ele sustenta e mantém
cada vez mais viva e integrada. "
Leia a seguir a integra da entrevista:
Leia a seguir a integra da entrevista:
Por que você resolveu escrever a biografia de Allan Kardec?
Por interesse jornalístico. Desde que iniciei minhas pesquisas sobre
Chico Xavier, há 20 anos, mergulhei também no universo de Kardec – um
personagem que sempre me intrigou. Ele se chamava Hippolyte Léon
Denizard Rivail e era um professor cético, discípulo do educador
Pestalozzi, na França do século 19 até ver mesas girarem, cestos
escreveram, adolescentes colocarem no papel mensagens complexas demais
para a idade e formação delas...Aos 53 anos, depois de pôr à prova estes
fenômenos, ele mudou de vida e de nome para dar voz aos espíritos. O
que transformou o professor Rivail no missionário Kardec? O que deu a
ele tanta certeza sobre a existência e influência dos espíritos? A
biografia – escrita com o máximo de objetividade – é a história desta
“conversão”. Uma saga pontuada por altos e baixos, surpresas e
decepções, fraudes e revelações.
Como foi a pesquisa? Você pode falar um pouco das fontes que você utilizou? Li, é claro, toda a obra de Kardec – inclusive as obras pedagógicas do professor Rivail – e estudei a fundo todos os exemplares da “Revista Espírita”, escrita e publicada por ele ao longo de 12 anos. Esta foi a primeira etapa da pesquisa: um mergulho nas motivações, dúvidas e convicções de Rivail/Kardec. Na segunda fase de investigação, depois de ler os principais livros escritos sobre o Codificador, fiz uma série de viagens a Paris (quatro ao todo) para levantar informações históricas e resgatar artigos e reportagens de jornais e revistas da época sobre – e contra - Kardec e o espiritismo. O acervo de periódicos da Biblioteca Nacional da França me ajudou muito nesta etapa. Meu principal objetivo, como jornalista, foi reconstituir os obstáculos enfrentados por Kardec em sua Marcha contra o Materialismo e os principais ataques sofridos por ele ao longo de sua jornada: perseguições da Imprensa e da Igreja, que chegaram ao auge no Auto-de-Fé de Barcelona.
Você ja tem dois livros com temáticas espírita, mesmo não sendo espirita, o que lhe traz credibilidade. O que falar desses temas e personagens tem mostrado pra você? Fale um pouco deste interesse.
O que mais me mobiliza – e me impressiona – no espiritismo não é o fenômeno, sempre sujeito a fraudes, mistificações ou enganos. O que mais admiro no movimento é a rede de solidariedade que ele sustenta e mantém cada vez mais viva e integrada. Ao mergulhar nas histórias de Chico e de Kardec entrei em contato com os conceitos e práticas que considero os mais relevantes e transformadores da doutrina. “Ajuda o outro e você estará se ajudando”, Chico receitava e praticava. “Graças a Deus aprendi a viver apenas com o necessário”, dizia. “Fora da caridade não há salvação”, decretava Kardec. “Trate o outro como você gostaria de ser tratado”, ensinava. O espiritismo aumenta, sim, a responsabilidade de todos nós diante da vida, ao nos tirar do próprio umbigo e nos colocar em contato com o outro. Estas são as principais lições do espiritismo pra mim. Hoje luto para ser menos egoísta e mais tolerante, apesar de não me considerar espírita.
Como você analisa o resultado final desta nova obra "Kardec"?
O livro acaba de sair da gráfica da editora Record - ficou pronto, aliás, em 3 de outubro, dia do aniversário de Rivail - e ainda estou, confesso, sem muito distanciamento para avaliar o resultado final. Encaro o livro como a minha versão da vida e da obra do professor – uma visão jornalística. Espero que os leitores que já conhecem Kardec através de outras biografias – e do estudo de sua obra -, reconheçam Kardec no meu livro e descubram também, em alguns capítulos, novidades sobre os obstáculos que ele enfrentou para organizar e divulgar a “doutrina dos espíritos”.
Tem alguma expectativa de como ela será recebida pelo movimento espírita? Não sei como os espíritas vão receber o livro. É sempre um enigma para mim a reação dos leitores: espíritas ou não-espíritas. Tento sempre escrever o livro mais consistente e independente possível. Como jornalista luto para me ater aos fatos sem fazer juízos de valor. Deixo ao leitor a liberdade - e a responsabilidade - de chegar às próprias conclusões. Cada leitor, espírita ou não-espírita, terá uma leitura diferente do livro, de acordo com sua fé ou falta de fé. Espero apenas que os leitores espíritas reconheçam no livro o Kardec que já conhecem tão bem e encontrem novas respostas – e caminhos – nesta investigação.
Como foi a pesquisa? Você pode falar um pouco das fontes que você utilizou? Li, é claro, toda a obra de Kardec – inclusive as obras pedagógicas do professor Rivail – e estudei a fundo todos os exemplares da “Revista Espírita”, escrita e publicada por ele ao longo de 12 anos. Esta foi a primeira etapa da pesquisa: um mergulho nas motivações, dúvidas e convicções de Rivail/Kardec. Na segunda fase de investigação, depois de ler os principais livros escritos sobre o Codificador, fiz uma série de viagens a Paris (quatro ao todo) para levantar informações históricas e resgatar artigos e reportagens de jornais e revistas da época sobre – e contra - Kardec e o espiritismo. O acervo de periódicos da Biblioteca Nacional da França me ajudou muito nesta etapa. Meu principal objetivo, como jornalista, foi reconstituir os obstáculos enfrentados por Kardec em sua Marcha contra o Materialismo e os principais ataques sofridos por ele ao longo de sua jornada: perseguições da Imprensa e da Igreja, que chegaram ao auge no Auto-de-Fé de Barcelona.
Você ja tem dois livros com temáticas espírita, mesmo não sendo espirita, o que lhe traz credibilidade. O que falar desses temas e personagens tem mostrado pra você? Fale um pouco deste interesse.
O que mais me mobiliza – e me impressiona – no espiritismo não é o fenômeno, sempre sujeito a fraudes, mistificações ou enganos. O que mais admiro no movimento é a rede de solidariedade que ele sustenta e mantém cada vez mais viva e integrada. Ao mergulhar nas histórias de Chico e de Kardec entrei em contato com os conceitos e práticas que considero os mais relevantes e transformadores da doutrina. “Ajuda o outro e você estará se ajudando”, Chico receitava e praticava. “Graças a Deus aprendi a viver apenas com o necessário”, dizia. “Fora da caridade não há salvação”, decretava Kardec. “Trate o outro como você gostaria de ser tratado”, ensinava. O espiritismo aumenta, sim, a responsabilidade de todos nós diante da vida, ao nos tirar do próprio umbigo e nos colocar em contato com o outro. Estas são as principais lições do espiritismo pra mim. Hoje luto para ser menos egoísta e mais tolerante, apesar de não me considerar espírita.
Como você analisa o resultado final desta nova obra "Kardec"?
O livro acaba de sair da gráfica da editora Record - ficou pronto, aliás, em 3 de outubro, dia do aniversário de Rivail - e ainda estou, confesso, sem muito distanciamento para avaliar o resultado final. Encaro o livro como a minha versão da vida e da obra do professor – uma visão jornalística. Espero que os leitores que já conhecem Kardec através de outras biografias – e do estudo de sua obra -, reconheçam Kardec no meu livro e descubram também, em alguns capítulos, novidades sobre os obstáculos que ele enfrentou para organizar e divulgar a “doutrina dos espíritos”.
Tem alguma expectativa de como ela será recebida pelo movimento espírita? Não sei como os espíritas vão receber o livro. É sempre um enigma para mim a reação dos leitores: espíritas ou não-espíritas. Tento sempre escrever o livro mais consistente e independente possível. Como jornalista luto para me ater aos fatos sem fazer juízos de valor. Deixo ao leitor a liberdade - e a responsabilidade - de chegar às próprias conclusões. Cada leitor, espírita ou não-espírita, terá uma leitura diferente do livro, de acordo com sua fé ou falta de fé. Espero apenas que os leitores espíritas reconheçam no livro o Kardec que já conhecem tão bem e encontrem novas respostas – e caminhos – nesta investigação.
Título: Kardec Subtítulo: Biografia Páginas: 322 Edição: 1ª Tipo de capa: BROCHURA Editora: Record Ano: 2013 Assunto: Biografias & Memórias Idioma: Português |
Análise de Conjuntura/ Ilustration by: militanciaviva!
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