A
campanha contra os inimigos dos Estados Unidos é silenciosa e barata.
Os comandantes lutam sem tropa, sentados na frente de computadores nos
prédios da CIA (agência de inteligência americana) em Nevada ou no Novo
México. As armas são aviões não tripulados, os chamados drones.
“Nos
últimos 12 anos, a CIA voltou ao negócio de matar”, diz o jornalista do
New York Times Mark Mazzetti, ganhador do prêmio Pulitzer. “Desde os
ataques de 11 de setembro de 2001, a CIA se transformou numa organização
paramilitar e trava uma espécie de guerra silenciosa.”
Em seu livro The way of the knife, o autor expõe evidências recolhidas em entrevistas com agentes e políticos. Mazzetti fala de um “complexo” que é alimentado pela nova tecnologia dos drones.
“Ele inclui os militares, os serviços de inteligência, assim como companhias privadas mercenárias. Eles criaram em muitos aspectos um novo estatuto que lhes permite matar pessoas em missão secreta”, denuncia.
Fronteiras sumiram
As novas estruturas são resultado dos ataques terroristas do 11 de Setembro, nos quais mais de 3 mil pessoas morreram. Com base na legislação antiterrorismo do governo George W. Bush, segundo Mazzetti, passou a ser permitido matar em nome da guerra contra o terrorismo.
“Desde o 11 de Setembro surgiu como que uma espécie mundo novo”, diz o escritor. As fronteiras entre Exército e o serviço de inteligência começaram a se esvair. “Cerca de 60% dos atuais funcionários da CIA foram recrutados após os ataques terroristas de 2001″, completa o jornalista. Muitos desses agentes teriam apenas uma tarefa: caçar e matar pessoas.
Em seu livro The way of the knife, o autor expõe evidências recolhidas em entrevistas com agentes e políticos. Mazzetti fala de um “complexo” que é alimentado pela nova tecnologia dos drones.
“Ele inclui os militares, os serviços de inteligência, assim como companhias privadas mercenárias. Eles criaram em muitos aspectos um novo estatuto que lhes permite matar pessoas em missão secreta”, denuncia.
Fronteiras sumiram
As novas estruturas são resultado dos ataques terroristas do 11 de Setembro, nos quais mais de 3 mil pessoas morreram. Com base na legislação antiterrorismo do governo George W. Bush, segundo Mazzetti, passou a ser permitido matar em nome da guerra contra o terrorismo.
“Desde o 11 de Setembro surgiu como que uma espécie mundo novo”, diz o escritor. As fronteiras entre Exército e o serviço de inteligência começaram a se esvair. “Cerca de 60% dos atuais funcionários da CIA foram recrutados após os ataques terroristas de 2001″, completa o jornalista. Muitos desses agentes teriam apenas uma tarefa: caçar e matar pessoas.
Os aviões não tripulados
disparam mísseis contra casas, carros e áreas onde os militares
americanos suspeitam que haja radicais islâmicos. Publicamente, o
governo paquistanês protesta contra a violação da sua soberania, mas
silenciosamente aprova os ataques. “Há indícios de que os EUA obtiveram
permissão para os ataques porque eles também eram dirigidos contra os
inimigos do Paquistão”, frisa Mazzetti.
Naquela época, os agentes americanos mantiveram em sua mira um líder talibã, Nek Mohammed, a pedido do Paquistão. Em troca, os EUA receberam direito de sobrevoo. Os ataques contra supostos terroristas foram ampliados. As operações com aviões não tripulados contra suspeitos de terrorismo se estenderam ao Iêmen e à Somália.
Carta branca de Washington
Naquela época, os agentes americanos mantiveram em sua mira um líder talibã, Nek Mohammed, a pedido do Paquistão. Em troca, os EUA receberam direito de sobrevoo. Os ataques contra supostos terroristas foram ampliados. As operações com aviões não tripulados contra suspeitos de terrorismo se estenderam ao Iêmen e à Somália.
Carta branca de Washington
Dependendo do
país, a inteligência americana recebe uma carta branca de Washington
para tais operações. “No Paquistão, por exemplo, a CIA está autorizada a
mirar indivíduos ou grupos sem pedir permissão à Casa Branca”, comenta
Mazzetti. Em outros países, como no Iêmen, Obama tem maior controle.
“Essas operações antiterroristas são agendadas por um grupo de
funcionários da Casa Branca e do governo”, relata o autor.
.
“Entre os
ataques com drones menos controversos estão aqueles dirigidos contra
pessoas claramente identificadas”, explica. “Mas também há os chamados
signature strikes, dirigidos contra pessoas desconhecidas ou grupos que
apresentam comportamento suspeito”, observa. “Quando, por exemplo, um
grupo suspeito está tentando atravessar a fronteira para o Afeganistão.
Então, há uma licença para um ataque.”
Estes ataques são particularmente controversos, especialmente porque causam muitas mortes de civis. Um deles ocorreu em março de 2011 no Paquistão. Cerca de 40 civis foram mortos no ataque de drone sobre um suposto encontro talibã na região do Waziristão do Norte. A reunião, ficou-se sabendo depois, era, na verdade, um encontro tribal ao ar livre.
Desenvolvimento continua
Os fantasmas invocados pelo governo do Paquistão em 2004 começam agora a assustar. Os protestos contra os drones dos EUA estão aumentando, tanto por parte da população como também do governo. Na terça-feira (22/10), a Anistia Internacional denunciou crimes de guerra no uso de aviões não tripulados.
As autoridades paquistanesas registraram até agora, de acordo com dados da ONU, pelo menos 330 ataques com aviões não tripulados. Neles, cerca de 2.200 pessoas foram mortas.
Segundo dados da rede independente de jornalistas Escritório de Jornalismo Investigativo, , sediada em Londres, essa quota é muito maior.
Estes ataques são particularmente controversos, especialmente porque causam muitas mortes de civis. Um deles ocorreu em março de 2011 no Paquistão. Cerca de 40 civis foram mortos no ataque de drone sobre um suposto encontro talibã na região do Waziristão do Norte. A reunião, ficou-se sabendo depois, era, na verdade, um encontro tribal ao ar livre.
Desenvolvimento continua
Os fantasmas invocados pelo governo do Paquistão em 2004 começam agora a assustar. Os protestos contra os drones dos EUA estão aumentando, tanto por parte da população como também do governo. Na terça-feira (22/10), a Anistia Internacional denunciou crimes de guerra no uso de aviões não tripulados.
As autoridades paquistanesas registraram até agora, de acordo com dados da ONU, pelo menos 330 ataques com aviões não tripulados. Neles, cerca de 2.200 pessoas foram mortas.
Segundo dados da rede independente de jornalistas Escritório de Jornalismo Investigativo, , sediada em Londres, essa quota é muito maior.
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Pelo
menos 400 das vítimas seriam civis, segundo informações oficiais
paquistanesas. Outras 200 são consideradas “não combatentes”.
“O presidente Obama deixou claro, a portas fechadas, que esses ataques no Paquistão continuarão enquanto houver tropas americanas no país. Isso quer dizer que ainda ocorrerão por pelo menos mais um ano”, avalia Mazzetti.
“O presidente Obama deixou claro, a portas fechadas, que esses ataques no Paquistão continuarão enquanto houver tropas americanas no país. Isso quer dizer que ainda ocorrerão por pelo menos mais um ano”, avalia Mazzetti.
Obama vai ter que explicar isso ao primeiro-ministro do
Paquistão, Nawaz Sharif, que visita Washington nesta quarta-feira
(23/10). Mazzetti também acha que vai ser difícil para o governo dos EUA
na hora que tiver que apresentar argumentos contra o uso de drones por
outros países. Na China e na Rússia, a tecnologia de combate não
tripulado também está amadurecendo.
“A Terra como um campo de batalha
silenciosa” é uma visão tão assustadora para Mazzeti como o papel dos
drones no cotidiano dos EUA. “A polícia já usa drones para fins de
investigação”, ressalta o jornalista. “Tenho certeza de que as
autoridades criminais um dia vão permitir o uso de drones armados. Em
cinco a 10 anos, isso será normal.”
Publicado originalmente na DW/Análise de Conjuntura/free ilustration by: militanciavia!
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