O muro do cemitério do Araçá
Por : Mauro Donato
Em seu livro “Sobre fotografia”, Susan Sontag escreveu que a realidade
sempre foi interpretada por meio das informações fornecidas pelas
imagens. De onde podemos depreender que Irã, Egito, Turquia e Brasil
estejam em ebulição. E o Brasil?
O principal aspecto diferenciador das imagens capturadas nos protestos que tomam o país desde junho é a noite. Com a maioria das manifestações marcadas para o final da tarde, é na ausência de luz natural que se realizam as fotos que ilustram as edições de jornais e sites de notícias dos últimos meses. E foi através dessas imagens noturnas, carregadas de dramaticidade acentuada pelo forte contraste e algumas vezes na saturação das cores, que 26 fotógrafos que acompanham as manifestações em São Paulo foram parar no extenso muro do cemitério do Araçá na avenida Dr. Arnaldo. Dali para o New York Times foi um pulo.
O movimento FotoProtesto surgiu da preocupação de que as manifestações estivessem esfriando. E cada um grita com a voz que possui. Com a imagem como língua materna, o grupo resolveu expor sua indignação e insatisfação ocupando o espaço público em branco. “Neste momento, a imagem precisa estar além dos meios de comunicação privados, dos museus, das galerias de arte, da tela do celular. O coletivo FotoProtesto acredita na urgência de uma fotografia que se manifeste viralmente, na rua, entre as pessoas. Assim, os tapumes, muros e viadutos passam a ser nossos espaços expositivos”, diz o manifesto do grupo em sua página no Facebook que possui mais de 3 mil seguidores conquistados em pouco mais de um mês.
A postura é condizente com o atual momento de questionamento do espaço urbano, de uma vida sem catracas, de horizontalidades. Muros públicos com grande visibilidade para que as fotos possam ser vistas pelo maior número possível de pessoas, sem restrições.
Com o intuito de reavivar a memória e reafirmar sua posição em relação aos protestos e também em apoio aos movimentos sociais, o grupo preza pelo ativismo associado à técnica. “Todos são profissionais, vivem da fotografia, e todos que participam do FotoProtesto estão engajados com as movimentações da cidade. Queremos estimular a reflexão com a nossa fotografia”, diz o fotógrafo Ignacio Aronovich.
Com planos de espalhar-se para outras cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o grupo pretende também abrir o leque de suas pautas. “Provavelmente do terceiro ato em diante iremos abrir o foco para outros assuntos que fazem parte do dia-a-dia do paulistano: mobilidade urbana, moradia, educacão, saúde. Isso será ainda discutido”, continua Ignacio Aronovich, editor do site Lost Art, que é onde a galeria pode ser visitada virtualmente (a primeira ocupação do muro teve a velocidade de uma manifestação e a administração do cemitério retirou as fotos. Depois disso, elas foram parar no New York Times).
O principal aspecto diferenciador das imagens capturadas nos protestos que tomam o país desde junho é a noite. Com a maioria das manifestações marcadas para o final da tarde, é na ausência de luz natural que se realizam as fotos que ilustram as edições de jornais e sites de notícias dos últimos meses. E foi através dessas imagens noturnas, carregadas de dramaticidade acentuada pelo forte contraste e algumas vezes na saturação das cores, que 26 fotógrafos que acompanham as manifestações em São Paulo foram parar no extenso muro do cemitério do Araçá na avenida Dr. Arnaldo. Dali para o New York Times foi um pulo.
O movimento FotoProtesto surgiu da preocupação de que as manifestações estivessem esfriando. E cada um grita com a voz que possui. Com a imagem como língua materna, o grupo resolveu expor sua indignação e insatisfação ocupando o espaço público em branco. “Neste momento, a imagem precisa estar além dos meios de comunicação privados, dos museus, das galerias de arte, da tela do celular. O coletivo FotoProtesto acredita na urgência de uma fotografia que se manifeste viralmente, na rua, entre as pessoas. Assim, os tapumes, muros e viadutos passam a ser nossos espaços expositivos”, diz o manifesto do grupo em sua página no Facebook que possui mais de 3 mil seguidores conquistados em pouco mais de um mês.
A postura é condizente com o atual momento de questionamento do espaço urbano, de uma vida sem catracas, de horizontalidades. Muros públicos com grande visibilidade para que as fotos possam ser vistas pelo maior número possível de pessoas, sem restrições.
Com o intuito de reavivar a memória e reafirmar sua posição em relação aos protestos e também em apoio aos movimentos sociais, o grupo preza pelo ativismo associado à técnica. “Todos são profissionais, vivem da fotografia, e todos que participam do FotoProtesto estão engajados com as movimentações da cidade. Queremos estimular a reflexão com a nossa fotografia”, diz o fotógrafo Ignacio Aronovich.
Com planos de espalhar-se para outras cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o grupo pretende também abrir o leque de suas pautas. “Provavelmente do terceiro ato em diante iremos abrir o foco para outros assuntos que fazem parte do dia-a-dia do paulistano: mobilidade urbana, moradia, educacão, saúde. Isso será ainda discutido”, continua Ignacio Aronovich, editor do site Lost Art, que é onde a galeria pode ser visitada virtualmente (a primeira ocupação do muro teve a velocidade de uma manifestação e a administração do cemitério retirou as fotos. Depois disso, elas foram parar no New York Times).
Foto: Aronovitch
Foto: Drago
Foto: Leandro
Foto: Stockler
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