Por Renato Rovai
As revelações de Snowden publicadas pelo The Guardian sobre a
espionagem do governo dos EUA a partir da Internet estão se constituindo
num dos maiores dramas diplomáticos vividos pelo país em sua história.
Nunca um secretário de Estado viajou, deu tantas explicações e pediu
tantas desculpas como John Kerry. E mesmo assim o sucesso de suas
investidas até o momento foi pífio.
Hoje, Kerry está na França, num beija mão ao ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius. Novos documentos revelaram que o país de Obama botou seus olhos grandes nas conversas entre membros do governo francês. E o caso se tornou o principal tema da agenda política do país.
Hoje, Kerry está na França, num beija mão ao ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius. Novos documentos revelaram que o país de Obama botou seus olhos grandes nas conversas entre membros do governo francês. E o caso se tornou o principal tema da agenda política do país.
Após o encontro, ao invés
de um pronunciamento aos meios de comunicação, o ministério francês
emitiu um comunicado no qual assinalou que o chefe da diplomacia do país
havia “renovado (sua) reivindicação por explicações sobre as práticas
de espionagem inaceitáveis entre países amigos e que elas devem acabar”.
Exatamente
o que Dilma disse a Obama quando se negou a cumprir agenda
pré-combinada de vista aos EUA. E exatamente o que levou comentaristas e
especialistas em relações diplomáticas cucarachas a criticarem a
presidenta.
Antes do comunicado francês, Obama já havia ligado para o
presidente Hollande da França (foto acima). Segundo a imprensa internacional, teria dito que os
EUA começaram a revisar o modo “como reúne inteligência para equilibrar
as legítimas preocupações de segurança de nossos cidadãos e aliados com
as preocupações de privacidade que todas as pessoas compartilham.”
Ou seja, fez um mea-culpa.
Ou seja, fez um mea-culpa.
O
leilão do pré-sal de ontem, sem entrar no mérito se o Estado brasileiro
poderia ter tido melhores resultados com ele, de certa forma faz parte
desse novo jogo das relações dos EUA com seus parceiros internacionais.
As ditas nações amigas não estão mais se achando tão amigas assim e parecem dispostas a não facilitar as coisas para o principal país da América do Norte.
As ditas nações amigas não estão mais se achando tão amigas assim e parecem dispostas a não facilitar as coisas para o principal país da América do Norte.
A vitória de um consórcio sem nenhuma empresa
americana ainda está para ser melhor explicada. Não foi um jogo apenas
de interesses comerciais e certamente tem a ver com o novo contexto de
alianças globais. A China tem muito a ganhar com isso. Mas o Brasil
também pode avançar algumas casas.
Uma crise na diplomacia é sempre
uma janela de oportunidades no campo comercial. Muito mais isso do que
qualquer outra coisa. E por este motivo a Casa Branca está tão
preocupada em abafar essa crise diplomática e colocou Kerry para correr o
mundo dando explicações.
Mas tem outra coisa tão importante quanto as relações comerciais em jogo: o futuro da internet.
A
internet é uma tecnologia que permite um sofisticado jogo de controle. E
os EUA que detém o poder global nessa área a usaram a seu favor. Mas a
Internet também é uma tecnologia permeável. E os players globais não
jogam o jogo sozinho.
Mas tem outra coisa tão importante quanto as relações comerciais em jogo: o futuro da internet.
É também disso que se trata o caso Snowden. Vale a
pena acompanhá-lo com binóculos e lentes de microscópio. Porque não é
só uma questão diplomática. Há um vasto rio de decisões sendo tomadas a
partir deste episódio.
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