Chico Buarque voltou a explicar sua posição sobre o movimento Procure Saber, que defende autorização prévia para a publicação de biografias; "entendo que alguns artistas queiram preservar a sua intimidade, não acho que isso seja uma aberração, acho que é um direito (...) Agora, se a lei tá errada, se eu tô errado, tudo bem, perdi"
Em Paris, onde escreve um novo romance, o cantor e compositor Chico
Buarque falou ao jornalista Lucas Neves, colaborador da Folha na França,
a quem explicou sua posição sobre o movimento Procure Saber, que
defende autorização prévia para a publicação de biografias. “Posso não
estar muito bem informado sobre as leis e posso ter me precipitado, mas
continuo achando que o cidadão tem o direito de não querer ser
biografado” .
No entanto, Chico Buarque reconhece que perdeu o debate. “Parece que
essa ideia está perdendo na mídia. O que a gente pretendia era deixar as
coisas como estão, no sentido de se poder preservar a privacidade de
qualquer cidadão, não me refiro a artista. É uma discussão que é até bom
que seja levada adiante, mas não nos termos em que as coisas estão
acontecendo. Já virou batalha num nível muito pessoal – e desigual. Não
adianta querer dizer que os artistas são famosos. Nós somos pequenos
nessa briga. Repito: posso ter me enganado. Eu julgava que eu estava
tendo uma posição sensata”, afirmou. “Entendo que alguns artistas, algum
cidadão, queira preservar a sua intimidade. Não acho que isso seja uma
aberração. Acho que é um direito.”
O ponto defendido por Chico Buarque é a proteção à intimidade dos
artistas, mas ele admite que o debate foi perdido. “Ele [o artista] pode
não querer que se fale de um casamento, de algum problema da infância.
São problemas que não são levados pelo artista ao público, que ele toma o
maior cuidado,quer preservar para si. Acho respeitável. Agora, se a lei
tá errada, se eu tô errado, tudo bem. Perdi.”
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