O
dia 15 de setembro de 1916 ficou assinalado na história como o primeiro
dia em que se usou um tanque de guerra em uma batalha. Muita gente
terá, seguramente, curiosidade em saber como eram esses primeiros
tanques e por quem eles foram criados. O primeiro tanque da história, ou
melhor, o seu protótipo, foi criado por Aleksandr Aleksandrovitch
Porokhovschikov (1893 - 1942).
A blindagem criada por Porokhovschikov para a viatura estava à frente de
seu tempo. Convém notar que os tanques com blindagem de camadas
múltiplas apareceram apenas na segunda metade do século passado.
Desde criança, Porokhovschikov demonstrou interesse pelas invenções e
poucas pessoas sabem que, além da sua mais conhecida criação, ele foi o
autor de várias invenções ligadas à aviação, sendo que um dos modelos do
seu monoplano apresentado em 1909 mereceu elogios por parte de N.E.
Jukóvski. Além disso, em 1914, ele inventou, construiu e testou uma
aeronave de fuselagem dupla –o avião de reconhecimento Bi-Kok; em 1917,
construiu o avião F-4 de dois lugares e no período entre 1920 e 1923
criou o P-4 bis, o P-4 2 bis, o P-5 e o P-5 bis, todos eles
posteriormente fabricados em série. Muitos dos ases da aviação
soviética, heróis da 2a Guerra Mundial, fizeram a sua instrução precisamente nestes aviões.
O tanque
Em agosto de 1914, Porokhovschikov apresenta o projeto de sua nova
invenção à Comissão Especial na sede do Quartel-General do Comando
Supremo e, logo em janeiro do ano seguinte, fornece os esquemas
detalhados da máquina. No dia 15 de janeiro, recebe permissão para
construir um protótipo. São colocados à sua disposição os meios e
equipamento necessários, 25 artesãos do exército e mais de 20 operários
qualificados. No dia 1º de fevereiro ele inicia o fabrico do protótipo. O
encarregado de monitorar o progresso dos trabalhos foi o coronel e
engenheiro militar Poklévskii-Kozello.
Tal como concebido pelo inventor, o design do tanque era muito incomum. O
corpo da máquina era aerodinâmico e estava planejado para ser
hermético, de modo a permitir se deslocar dentro da água, com um nicho
frontal para a entrada do ar. Era composto de duas camadas de aço, uma
das quais estava cimentada, e a junta entre elas tinha enchimento de
prensado de ervas marinhas. Deste modo, a blindagem criada por
Porokhovschikov para a viatura também estava à frente de seu tempo.
Convém notar que os tanques com blindagem de camadas múltiplas
apareceram apenas na segunda metade do século passado.
Disparando
a uma distância de 50 metros, este carro de combate mantinha a precisão
do alvo como se estivesse disparando de um fuzil ou metralhadora.
O seu corpo inteiramente soldado se apoiava em um rotor de uma única
lagarta que se mantinha esticada com a ajuda de quatro cilindros.
A tração era dada pelo cilindro traseiro, o qual, por sua vez, era
impulsionado através do eixo cardã e da caixa de transmissão por um
potente motor de 10 cavalos. O peso do carro de combate era de quatro
toneladas. Para evitar desvios da lagarta foram feitos sulcos nos
tambores. No entanto, o problema do deslizamento longitudinal acabou por
não ficar completamente resolvido. A rotação da máquina era feita por
meio de duas rodas colocadas nas laterais da viatura.
Em terreno sólido o carro se deslocava com o tambor traseiro e com as
rodas laterais e em terreno irregular deveria assentar por completo na
larga banda da lagarta. Para virar em terreno irregular, as rodas de
rotação, segundo a ideia do inventor, deveriam funcionar como os lemes
existentes nas asas de aviões, mas, na prática, elas só atrapalhavam o
movimento, já que em terra, as leis do deslocamento dos objetos no ar,
que Porokhovschikov tão bem conhecia, não funcionavam. Por isso, a
tentativa de mudar de direção em terreno irregular foi um verdadeiro
fracasso.
No dia 18 de maio, o tanque foi levado para fora dos portões da oficina
para ser testado em terra firme. Durante os testes, a máquina mostrou
boa velocidade para a época, com a rotação das lagartas a 25 quilômetros
por hora, sendo que a transição para a circulação com as rodas acabou
não sendo feita. Naquela altura a torre giratória ainda não tinha sido
instalada, mas, pelo projeto do criador, o carro deveria vir equipado
com uma metralhadora Maxim de 7,62 mm. A demonstração oficial foi
marcada para o dia 20 de julho e ocorreu no pátio do regimento, local
onde a viatura já mostrou uma velocidade maior, mas, infelizmente, este
foi o único ponto positivo do dia. O carro de combate não correspondeu
às expectativas de Porokhovschikov e foi enviado de volta para
aperfeiçoamento e trabalhos complementares, que, não obstante, não
conseguiram corrigir todas as deficiências identificadas. Os últimos
testes foram realizados no dia 26 de dezembro de 1916.
As desvantagens e deficiências do protótipo apresentado não eram o único
problema. A principal desvantagem era o mecanismo de rotação e a sua má
funcionalidade, que obrigava o condutor a ter que virar o carro
manualmente com a ajuda de uma barra. A construção do chassi foi
considerada insatisfatória e suas particularidades de construção não
permitiram tornar o carro hermético. O Gabinete de Guerra obrigou
Porokhovchikov a devolver o dinheiro disponibilizado para a
concretização do projeto. Quanto ao protótipo, ordenou que o enviasse
para Direção Geral de Engenharia Militar.
Mesmo não tendo obtido o resultado pretendido, foi ele que lançou as
bases da indústria de construção de tanques russos e soviéticos, do
mesmo modo que Pedro, o Grande, lançou as bases para a criação da
poderosa frota russa.
Fonte: Gazeta Russa
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