O presidente de Cuba, Raúl
Castro, fez um pedido para que se estabeleçam "relações civilizadas" com
os Estados Unidos, dizendo que os dois países devem respeitar suas
diferenças.
O líder cubano, irmão de Fidel Castro, afirmou
ainda que os EUA deveriam abandonar suas exigências de mudança do
regime, para que os dois países possam continuar trabalhando para
melhorar suas relações.
Seus comentários ocorrem depois de
um aperto de mão público com o presidente Barack Obama no funeral de
Nelson Mandela, na África do Sul, no início de dezembro.
Os EUA romperam relações com Cuba em 1961, depois da revolução na ilha, e mantém um embargo econômico contra o país.
'Respeito mútuo'
Em um discurso público incomum, o presidente
Castro revelou que funcionários cubanos e americanos se reuniram
diversas vezes durante o último ano, para discutir assuntos práticos
como imigração e um reestabelecimento de um serviço de correio entre os
países.
Isso demonstra que as relações podem ser civilizadas, disse Castro.
No entanto, ele advertiu que "se realmente
queremos avançar nas relações bilaterais, teremos que aprender a
respeitar mutuamente nossas diferenças e nos acostumarmos a conviver
pacificamente com elas". Caso contrário, disse ele, os cubanos estariam
dispostos a outros 55 anos como os anteriores.
"Não pedimos que os Estados Unidos mudem seu
sistema político e social, nem aceitamos negociar o nosso", afirmou
Castro aos deputados durante a última sessão do ano da Assembleia
Nacional.
As relações entre os dois vizinhos melhoraram
um pouco recentemente, mas ainda há obstáculos para uma reconciliação,
disse a correspondente da BBC em Havana, Sarah Rainsford.
Reformas
Desde que Raúl Castro recebeu o poder de seu
irmão Fidel, em 2006, ele deu início a um programa de reformas
econômicas que ajudaram a relaxar as tensões com os EUA.
No entanto, os críticos dizem que as mudanças estão sendo muito lentas.
"Os que nos pressionam para andarmos mais rápidos querem nos levar ao fracasso", argumentou Castro em seu discurso.
As reformas, segundo ele, pretendem "atualizar" o
modelo socialista, mas não devem incluir pacotes de ajuste econômico,
ao modelo europeu.
"Nunca admitiremos em Cuba terapias de choque
revolucionárias como as que estamos vendo na rica e dita culta Europa,
que mergulhariam o país em um clima de divisão e desestabilidade que
sirva de pretexto para aventuras intervencionistas contra a nação."
Entre as mudanças mais recentes está o anúncio do fim das restrições à compra e venda de carros particulares novos e usados.
Agora, qualquer indivíduo com dinheiro
suficiente poderá comprar um veículo de uma concessionária estatal. Até
então, só pessoas que tinham autorizações especiais podiam fazê-lo.
O líder cubano não mencionou o aperto de mão com
Barack Obama, mas a cena gerou expectativas sobre um avanço nas
relações bilaterais.
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