Segundo
Arias, as famílias da classe C são formadas por trabalhadores com baixo
nível profissional, quase analfabetos, e não foram para a escola. Já os
seus filhos
estão integrados no processo de aprendizado e devem continuar a
juventude nas salas de aula. Na pesquisa Geração C, do Instituto Data
Popular, que baseou a reportagem do El País, os jovens dessas famílias
já alcançaram os 18 anos, recebem uma média de R$ 1.020,00 no mercado de
trabalho e representam 55% dos brasileiros entre 18 e 30 anos, ou seja,
23 milhões de indivíduos. Para Renato Meirelles, diretor do Data
Popular, essa nova camada social pode "mudar a cara do Brasil".
A relação familiar
também mudou, como destaca a matéria de Arias. Agora, esses jovens
passaram a ser líderes de opinião dentro de suas residências, por serem
muito mais informados do que os seus progenitores. Eles são menos
conservadores, principalmente quando a questão é educação sexual e
religião, e já possuem uma força eleitoral. E essa nova personalidade
predominante dos jovens já chamou a atenção dos setores políticos e
religiosos, que estão interessados em encontrar esse grupo, até por
saber que ele deve ser responsável pelas mudanças de rumo do país.
O El País procura uma comparação
entre os jovens da classe C e seus pais, citando os protestos de junho.
De acordo com Arias, enquanto os pais sempre agiram de forma social
mais passiva, os seus filhos exigentes lançaram mão de slogans criativos
e saíram das periferias das cidades para expor os seus pensamentos.
"Eles também são os filhos da Internet, comunicação global, e têm suas
próprias idéias sobre a política e a sociedade", destaca o texto de
Arias. E complementa dizendo que em vários casos, são eles que estão
ajudando seus pais a usar um computador para que eles possam ter uma
conta do Facebook ou enviar e-mails para os amigos.
Arias
explica como acontece esse processo de mudança na sociedade no decorrer
dos anos. Ele diz que os pais desses jovens e crianças muitas vezes
fazem sacrifícios financeiros para pagar cursos para os filhos, já que
os seus salários são muito baixos. A esperança dessas famílias é que
seus herdeiros possam ter um futuro mais promissor. O resultado já está
despontando no mercado de trabalho, já que estes jovens já estão
ganhando mais que seus pais, como funcionários no mundo do comércio,
administração de empresas ou levantaram o seu pequeno negócio como um
cabeleireiro ou uma pequena loja.
"Esses jovens em breve será
maioria no Brasil e eles vão ter que fazer a matemática do mundo
político, econômico e até mesmo religioso. De acordo com muitos estudos
em curso, estes jovens pensam de forma diferente de seus pais e são mais
críticos do governo e exigem ação do governo. No campo religioso também
representam uma grande questão que está começando a preocupar as
diferentes denominações, especialmente a Igreja Católica e evangélica",
ressalta o texto. A reportagem diz ainda que os jovens são
"pós-industrial, pós-Guerra Fria, as crianças de movimentos
ambientalistas, a cultura e processo imparável de secularização".
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