A governadora Roseana Sarney já foi bastante comparada, com alguma
razão, a Maria Antonieta. Roseana tem todos os problemas da rainha da
França que perdeu a cabeça e mais um: o cinismo.
Numa entrevista coletiva com o ministra da Justiça José Eduardo
Cardozo, Roseana subiu nas tamancas depois de uma pergunta que
mencionava sua dinastia:
“Quero dizer uma coisa a vocês: isso não existe como família. Eu sou a
governadora, eu sou Roseana Sarney. Meu sobrenome é Sarney. Mas eu sou
uma pessoa que tenho passado, presente e, se Deus quiser, terei futuro”.
Continuou: “Isso não é a família. E quem está mandando aqui não é a
família. Quem está no governo sou eu, que fui eleita em primeiro turno
pelo povo maranhense. Assim como representei o Maranhão no Congresso
Nacional. Fui deputada e senadora”.
Este último trecho de seu discurso teria ocorrido sob os aplausos de
assessores e puxa-sacos: “Então, vocês querem o quê? Querem penalizar a
família? Não. Se vocês tiverem de penalizar alguém, eu, Roseana,
governadora do Maranhão, sou a responsável pelo o que acontecer no nosso
Estado. Muito obrigada”.
A efusividade de seus estafetas foi tão verdadeira quanto as palavras
de Roseana. Todos eles sabem — o mundo sabe — que o estado é um feudo dos Sarney há 50 anos.
Isso está evidente nas centenas de prédios públicos, monumentos e
avenidas batizados com o célebre sobrenome, mas não só lá. Está
registrado na história recente do vilipendiado Maranhão.
Desde que José Sarney assumiu o governo, em 1966, os parentes tiveram
a vida arrumada, uns mais que outros. Um tio que participou daquela
campanha, Albérico Ferreira, recebeu como prêmio o cargo de secretário
particular. Foi só a primeira de uma série de nomeações. O filho dele,
Albérico Filho, e Anselmo Ferreira (outro sobrinho de José) tiveram
mandatos na Assembleia Legislativa.
Sarney Filho está no sétimo mandato como deputado federal.
Fernando Sarney, indiciado pela Polícia Federal por evasão de divisas
(conta na China) é proprietário do Sistema Mirante de Comunicação,
grupo de emissoras de rádio e TV, e vice-presidente da CBF.
Nelma Sarney, cunhada de José, casada com seu irmão Ronald, é
corregedora do Tribunal de Justiça. Ricardo Murad, cunhado de Roseana, é
secretário de Saúde. Provavelmente concorrerá a deputado estadual.
No ano que vem, Adriano Sarney (filho de Sarney Filho), Catharina
Bacelar (irmã de Albérico Filho) e Vitor Mendes (filho do prefeito de
Pinheiro, Filuca Mendes, primo de Roseana) também devem sair para
deputado estadual.
Isso sem falar nos agregados. É como uma metástase.
A comparação com Maria Antonieta é inevitável, mas alguém teve um
achado tão bom quanto: com seu cabelo escuro como a asa da graúna
repartido ao meio, além dos métodos, Roseana está cada vez mais parecida
com Maga Patalójika, criação do genial Carl Barks, desenhista dos
estúdios Disney.
Maga vive numa encosta do Vesúvio e tem como objetivo de vida roubar a
moeda número 1 do Tio Patinhas. Vive cercada de gente boa: dois corvos
falantes, Laércio e Perácio, além dos Irmãos Metralha e de Madame Min,
sua amiga de fé e irmã camarada.
Em ambos os casos, na França ou no Vesúvio, qualquer coincidência com a realidade é mera semelhança.
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