O espetaculoso caso do helicóptero do deputado estadual Gustavo
Perrella, filho de Zezé, flagrado com 445 quilos de cocaína, deixou
muitas perguntas sem resposta.
O juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa enumerou
algumas delas: “Há realmente diversos aspectos que dependem de
investigação, como a origem da droga apreendida, a dúvida sobre a
internacionalidade, o papel dos envolvidos e a possível participação de
terceiros”.
O governador do Espírito Santo quer incorporar a aeronave à frota da
Polícia Militar. Esse tipo de procedimento é comum com bens de
traficantes. Ela é de propriedade da Limeira Agropecuária e
Participações, empresa que está no nome de Gustavo.
O problema é o seguinte: o delegado responsável pelas investigações,
Leonardo Damasceno, descartou totalmente a participação dos Perrellas.
Ou seja, o helicóptero, tecnicamente, é da família e ninguém
tasca. ”Pará nós, essa questão [do papel dos Perrellas] está encerrada”,
disse Damasceno apenas duas semanas após a apreensão.
E essa é, talvez, a maior questão: por que os Perrellas foram
inocentados tão rápida e peremptoriamente pelo delegado da Polícia
Federal?
A velocidade com que ele chegou a essa conclusão é impressionante —
levando-se em conta que houve um pedido à Justiça para que o inquérito
fosse estendido (deve ser concluído no fim do mês). Gustavo e sua irmã
foram ouvidos, mas apenas como testemunhas, em horários marcados por
eles.
Foi Gustavo quem contratou o piloto Rogério Antunes, funcionário de
confiança na Assembleia Legislativa de Minas. Para Damasceno, Antunes
agiu “de forma isolada”.
Quem é Leonardo Damasceno? O DCM teve acesso a alguns detalhes de sua
carreira. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas
Gerais e é pós-graduado em Direito Público e Processual pela
UNIVES/CONSULTIME e em Ciências Criminais pela UNISUL. Em 1996, foi
nomeado para o cargo de agente fazendário em Belo Horizonte.
É delegado da PF na Superintendência Regional do Espírito Santo há
mais de 10 anos. Em janeiro, assumiu um cargo político no município de
Serra, de secretário de Defesa Social.
O prefeito de Serra é Audifax Barcelos (PSB). Damasceno ficou cerca
de três meses. O conflito de interesses era evidente: como ele
investigaria, numa suposição, a prefeitura?
Para ele, a prova de que os Perrellas não têm nada a ver com o
busílis são as mensagens de SMS trocadas entre os únicos quatro homens
presos até o momento. “As conversas entre eles mostraram isso”, diz ele.
É, uai.
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