ESTE É O PAÍS
Por Mino Carta (Carta Capital)
Este é o país do futebol e
da oligarquia ainda viva em muitos de seus recantos. Este é o país do
batuque no morro e das atrocidades ocorridas nestes dias no Maranhão,
feudo dos Sarney.
Este é o país do príncipe dos sociólogos, e também
aquele que, conforme o Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes, o Pisa, entre 65 países pesquisados fica em 58º lugar em
matemática, 55º em leitura e 59º em ciência, superado pela maioria dos
países latino-americanos.
O príncipe da privataria |
Mas o ministro da Educação fala em “grande avanço”, embora tenhamos
regredido em matemática e leitura e mantido a mesma classificação em
ciência no confronto com a pesquisa de três anos atrás.
Este é o país
onde até jornais que apoiaram o golpe de 1964 agora descobrem, tomados
de espanto, que os Estados Unidos pretenderam e participaram ativamente
da derrubada de Jango Goulart, e mais participariam se preciso fosse.
Da mesma forma é o país onde nomes de ditadores e dos seus apaniguados e
torturadores, e de quem os apoiou, adornam pontes, viadutos, galerias,
avenidas.
Este é o país que anualmente registra mais de 50 mil homicídios, baixa esta próxima do número de mortos americanos ao longo de toda a Guerra do Vietnã. Este é o país que abriga na prisão um certo grupo criminoso chamado PCC, capaz de paralisar a quarta cidade mais populosa do mundo, capital do estado de São Paulo, a ostentar a sua condição de terceira economia latino-americana.
Este é o país que anualmente registra mais de 50 mil homicídios, baixa esta próxima do número de mortos americanos ao longo de toda a Guerra do Vietnã. Este é o país que abriga na prisão um certo grupo criminoso chamado PCC, capaz de paralisar a quarta cidade mais populosa do mundo, capital do estado de São Paulo, a ostentar a sua condição de terceira economia latino-americana.
Este é o país onde
ministros da Justiça presentes e futuros advogam para o banqueiro
orelhudo do Opportunity, pluricondenado no exterior e no Brasil salvo
sempre e sempre de qualquer enrascada, a contar com a poderosa e
decisiva ajuda, no caso da Operação Satiagraha, do próprio presidente do
STF, a corte suprema, à época Gilmar Mendes, habilitado a “chamar às
falas” o presidente da República.
Nesta edição, CartaCapital volta a
convocar na capa a singular figura de Daniel Dantas, não fosse este o
país já estaria na cadeia. DD retorna à berlinda por causa de um livro
de autoria de Rubens Valente editado pela Geração Editorial, Operação
Banqueiro, incursão certeira por aventuras dantescas.
CartaCapital é
certamente a publicação que mais espaço dedicou à personagem nos últimos
15 anos e mantém dele a documentação mais completa. O trabalho pioneiro
coube a Bob Fernandes, então redator-chefe, mas sempre repórter. Bob
teve um excelente continuador em Sergio Lirio, que o substituiu na
chefia da redação e como repórter na cobertura das façanhas de DD.
Há
outras citações indispensáveis, a começar por Rubens Glasberg e sua
Teletime, na versão impressa e naquela online. Rubens foi o primeiro
jornalista alvejado judicialmente pelo banqueiro, que já derrotou em
cinco processos de sentença passada em julgado, enquanto o sexto ainda
prossegue. Teletime contou também com o trabalho atilado de Samuel
Possibon, diretor da sucursal da publicação em Brasília. E não
esqueçamos entre os blogueiros o vigoroso, infatigável Paulo Henrique
Amorim.
Gilmar Mendes com o banqueiro Dantas |
Daniel Dantas |
Presos decapitados por amotinados nas penitenciárias do Estado do Maranhão |
Este é o país de jornalistas, por mais raros, que sabem de
suas responsabilidades e buscam a verdade factual. Claro que nem tudo é
drama e tragédia. Pelo menos há quem se indigne e resista. Neste
momento, receio, porém, que os eventos do Maranhão ganhem a dianteira
para simbolizar o nosso atraso aterrador.
Free ilustration by: militânciaviva!
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