Luís Carlos Heinze |
por Josias de Souza
O
vídeo abaixo foi gravado em 29 de novembro de 2013 na cidade de Vicente
Dutra, região norte do Rio Grande do Sul. Exibe cenas de uma audiência
pública da Comissão de Agricultura da Câmara. Debatia-se o acirramento
dos conflitos que opõem índios e fazendeiros em várias Estados. A
pretexto de defender os interesses dos proprietários rurais, dois
deputados federais gaúchos ofenderam minorias, incitaram a violência e
atacaram o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência
da República).
Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado ruralista Luís Carlos Heinze
(PP-RS) disse que, quando precisa impulsionar o crescimento econômico, o
governo recorre ao agronegócio, estimulando-o com financiamentos. Em
seguida, foi ao ataque: “O mesmo governo, seu Gilberto Carvalho também é
ministro da presidenta Dilma. É ali que estão aninhados quilombolas,
índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, ali está aninhado. E eles
têm a direção e têm o comando do governo.”
Noutro trecho do vídeo,
dirigindo-se a produtores rurais gaúchos, Heinze ensinou uma tática
empregada para defender suas propriedades de investidas indígenas: “…O
que estão fazendo os produtores do Pará? No Pará, eles contrataram
segurança privada. Ninguém invade no Pará, porque a brigada militar não
lhes dá guarida lá e eles têm de fazer a defesa das suas propriedades.
Por isso, pessoal, só tem um jeito: se defendam. Façam a defesa como o
Pará está fazendo.”
Heinze prosseguiu: “Façam a defesa como o Mato
Grosso do Sul está fazendo. Os índios invadiram uma propriedade. Foram
corridos da propriedade. Isso foi o que aconteceu aconteceu lá. […] Eles
estão se defendendo. Se é isso o que o governo quer, é isso que nós
vamos fazer. Resolvemos os sem-terra lá em 2000. E vamos resolver os
índios agora, não intressa o tempo que seja.”
O vídeo exibe trechos do discurso de outro parlamentar ruralista, o deputado federal Alceu
Moreira (PMDB-RS). Ele também investe contra o ministro Gilberto
Carvalho, responsável no Planalto pelos contatos com organizações
sindicais e movimentos sociais.
“Por que será que, de uma hora pra
outra, tem que demarcar terra de índios e quilombolas?”, pergunta o
deputado. “O chefe dessa vigarice orquestrada está na ante-sala da
Presidência da República. E o nome dele é Gilberto Carvalho. É ministro.
Ele e seu Paulo Maltus [secretário de Articulação Social].”
Alceu
Moreira alvejou também uma entidade ligada à Igreja Católica, o CIMI,
Conselho Indigenista Missionário: “Por trás dessa baderna, essa
vigarice, está o CIMI, que é uma organização cristã, que de cristã não
tem nada. Está a serviço da inteligência norte-americana e europeia,
para não permitir a expansão das fronteiras agrícolas do Brasil.”
De
resto, o deputado peemedebista pronunciou algo muito parecido com uma
declaração de guerra: “Nós, os parlamentares, não vamos incitar a
guerra. Mas lhes digo: se fartem de guerreiros e não deixem um vigarista
desses dar um passo na sua propriedade. Nenhum! Nenhum! Usem todo o
tipo de rede. Todo mundo tem telefone. Liguem um para o outro
imediatamente. Reúnam verdadeiras multidões e expulsem do jeito que for
necessário.”
Levado à internet nesta quarta-feira (12) por um movimento chamado 'Mobilização Nacional Indígena', o vídeo foi reproduzido no site do 'Greenpeace
Brasil'. Para a entidade, os deputados “não só incitam a violência
contra lideranças indígenas que tentam retomar suas terras invadidas por
fazendeiros, grileiros e madeireiros, como também insultam gays e
lésbicas, e reforçam o discurso inverossímil acerca da demarcação de
terras indígenas para o público de produtores rurais''.
Isso q é uma pregação fascista, incitando à formação de milícias e fazendo apologia da violência no campo. Se querem criminalizar os movimentos sociais com a invenção de uma lei antiterrorismo, tem q enquadrar esses grupos paramilitares tb na mesma lei.
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