2. O furo de Lauro Jardim sobre o filho de Lula no Globo – que era uma furada
Ex-titular da coluna Radar da revista Veja, Lauro Jardim saiu do seu
cargo de editor-executivo na editora Abril para assumir uma coluna no
jornal O Globo. No primeiro texto, em 11 de outubro, Lauro já estampou a
manchete sobre a operação Lava Jato: “Baiano diz que pagou contas do
filho de Lula”. O operador desmentiu o colunista,
falando que passou dinheiro para o pecuarista José Carlos Bumlai. O
Globo só admitiu a mentira em 8 de novembro, pedindo desculpas a Lula e
Fabio Luis Lula da Silva.
3. Outra furada de Lauro sobre a suposta viagem de Eduardo Cunha a Cuba
Nem depois do Natal Lauro Jardim deixou de publicar uma barrigada no
Globo. Ele divulgou no dia 26 de dezembro que o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, tinha embarcado para Cuba para passar o ano novo. O texto
trazia uma foto compartilhada pela enteada de Cunha no Instagram com
uma bunda original e um dedo em riste do perfil de Kendall Jenner, irmã
da socialite Kim Kardashian. Cunha desmentiu a coluna na sua conta do
Twitter, afirmando que estava no Rio de Janeiro. Ele ainda teve tempo de
chamar Lauro de “colunista pilantra” e disse que a Globo é petista. O
jornalista, que já tinha passado pela informação furada do filho de
Lula, só publicou uma atualização no texto de Cunha em Cuba, sem dar a
errata real.
4. As capas de todas as revistas semanais, exceto Carta Capital, prevendo o impeachment
Precisa comentar? Não é necessário, basta olhar três capas. A maioria
foi publicada entre outubro e novembro de 2015. As revistas brasileiras
se uniram para apostar no afastamento e erraram todas.
5. As reportagens mostrando Eduardo Cunha como “homem forte” contra Dilma
Mal sabiam os jornalistas envolvidos nestas reportagens que Eduardo
Cunha receberia acusações graves de recebimento de propina na operação
Lava Jato vindas da Suíça. A capa da Veja, publicada em 25 de março, não
traz uma linha de qualquer acusação que Cunha recebeu ao longo de sua
trajetória política como lobista e ainda tece elogios por sua atuação
nos bastidores. Naquele mesmo período, Joice Hasselmann, a apresentadora
da TVeja que plagiou mais de 60 textos, fez uma entrevista igualmente
bajulatória. Já a revista Época, em 17 de outubro, tentou dar poder ao
presidente da Câmara perto do período em que ele abriria o processo de
impeachment. Cunha terminou 2015 como um morto vivo.
6. A quantidade de vezes em que Diogo Mainardi e Mario Sabino profetizaram a prisão de Lula
Criado o blog Antagonista no final de 2014, Diogo e Mario dedicaram-se
diariamente a fazer torcida contra Lula, Dilma e o PT. Perdeu-se a conta
da quantidade de vezes em que eles profetizaram a prisão do
ex-presidente, a delação premiada de Delcídio — fora a quantidade enorme
de artigos com informações erradas sobre pedaladas fiscais, entre
outras barbaridades. E eles prometem continuar com tudo em 2016.
7. A tese furada de Carlos Alberto Sardenberg sobre a crise da Grécia
Para o comentarista da CBN e do Jornal da Globo, Lula e Dilma foram os
responsáveis por convencer o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a
adotar o programa antiausteridade em 2015. A maluquice foi comentada no
dia 2 de julho na rádio CBN. Lula utilizou seu Facebook para responder
ao jornalista econômico.
8. A República que Marcelo Odebrecht não derrubou
Reportagem de capa de 20 de junho da revista Época estampou a prisão do
empresário Marcelo Odebrecht, com uma reportagem que dava como certa uma
delação premiada do empreiteiro que “implodiria” a república brasileira
como conhecemos. Tudo cascata. O redator-chefe Diego Escosteguy
alardeou no Twitter sobre o conteúdo “bombástico” do texto. A república
não caiu, mas a Época continua indo para o buraco.
9. As capas querendo colocar Michel Temer no lugar de Dilma
Michel Temer se tornou queridinho da grande imprensa, como Eduardo Cunha
foi enquanto era conveniente. A Veja apostou que ele e seu partido já
teriam um plano para a sucessão, enquanto o PMDB se perde em uma disputa
interna. Mas quem namorou de verdade Temer em 2015 foi a revista ISTOÉ,
concedendo-lhe pelo menos quatro capas no ano. O ápice foi em 23 de
dezembro, quando o veículo da editora Três deu o prêmio de “Brasileiro
do Ano” para o “vice decorativo” de Dilma. Ele terminou o ano como autor
de cartas medíocres.
10. A torcida pelo fim da crise da Sabesp
Os jornais Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo noticiam com certo
otimismo a elevação do nível do sistema Cantareira para perto de 29%, o
que significaria a saída do volume morto após dois anos de crise
hídrica. No entanto, o que a grande imprensa omite é que foram gastos
quase R$ 30 milhões para transferir água do Rio Guaió, e de outras
fontes, pela Sabesp e que isso não impediu que as reservas do Alto Tietê
caíssem pra cerca de 20%. O Ministério Público abriu processo contra o
DAEE, a Sabesp e o governo Geraldo Alckmin por improbidade
administrativa no dia 14 de dezembro.
A crise hídrica não acabou e a torcida da mídia omite acusações graves
de corrupção e de formação de cartel entre as empresas terceirizadas,
conforme apurou opróprio DCM em sua série de reportagens sobre o tema.
11. A tentativa de transformar a ida de Aécio, Caiado e outros até a Venezuela num fato importante
Aécio Neves, Aloysio Nunes e Ronaldo Caiado bem que tentaram, com amplo
espaço na grande imprensa, visitar os “presos políticos” na Venezuela,
mas foram barrados por um protesto de chavistas. Disseram que foram
“sitiados”, deram meia volta e não ficaram em Caracas para ver o que
aconteceria. Caiado jura que filmou no seu celular um manifestante
querendo quebrar o ônibus em que estavam. Ninguém nunca viu tal
gravação.
12. A tentativa de transformar o fechamento de 94 escolas em “reorganização”
O governo Alckmin teve espaço nos telejornais, nas revistas e nos
jornais para defender seu projeto de “reorganização” de escolas
estaduais. No entanto, isso não impediu que um áudio de uma reunião
entre 40 dirigentes de educação vazasse para o site Jornalistas Livres,
com uma verdadeira declaração de guerra contra estudantes que começaram a
ocupar as 94 escolas. Mobilizados, os alunos entraram em mais de 200
escolas e derrotaram a iniciativa do governo.
Foi mais uma tentativa da mídia de dar voz a Alckmin que não deu muito certo.
13. O acidente no Minhocão que virou culpa da ciclovia
A imprensa noticiou em peso que o zelador Florisvaldo Carvalho Rocha, de
78 anos, teria morrido na ciclovia sob o Minhocão em agosto deste ano. O
problema é que uma perícia da Polícia Civil provou
que o ciclista que o matou passou no corredor de ônibus, e não na faixa
vermelha desenhada pelo petralha Fernando Haddad. Foi mais uma
tentativa mal-sucedida de tentar culpar o prefeito em cima de uma
informação incorreta.
Os antipetistas ainda juramde pé junto que o zelador morreu na ciclovia, infelizmente.
14. A falácia do processo do Bill Gates contra a Petrobras
Em tempos de Lava Jato, uma notícia de que a Fundação Bill & Melinda Gates estaria processando a Petrobras seria uma bomba,
certo? A imprensa internacional e a brasileira caíram neste factoide em
25 de setembro, que foi desmentido pelo próprio fundador da Microsoft.
Bill Gates foi visitar Dilma Rousseff em uma viagem até Nova York para
pedir desculpas pelo erro de informação.
Quem estava processando a Petrobras era um investidor externo de sua
empresa, por perdas em ações depois das operações da Polícia Federal.
Poucos veículos brasileiros deram destaque ao desmentido de Gates.
15. A mentira de que a “Paulista fechada atrairia o caos”
O prefeito Fernando Haddad decidiu em 2015 abrir a Avenida Paulista para
os pedestres e fechar para carros aos domingos, uma medida
revolucionária que incentiva um contato mais humano com a cidade. O
Instituto Datafolha em novembro indicou que pelo menos 47% dos
paulistanos aprovam a medida, contra 43%. Mesmo com protestos dos
blogueiros da revista Veja e do senador tucano José Serra, a Paulista
aberta segue como um sucesso.
16. O sucesso das ciclovias em São Paulo, contrariando setores da imprensa
A mídia brasileira bem que tentou, mas não conseguiu conter a aprovação
de 56% dos paulistanos a respeito das ciclovias segundo o Datafolha
neste final de ano. Mesmo com o blogueiro Reinaldo Azevedo chamando os
usuários de “talibikers” ou de “fascistas sobre duas rodas” e
profetizando o caos, parece que a galera está gostando de pedalar e está
usando menos o carro na maior metrópole brasileira.
17. Redução das Marginais em São Paulo que evitou mortes, não provocou catástrofes
Haddad deve causar dor de cabeça nos seus críticos. O prefeito reduziu
as velocidades máximas das pistas expressas nas Marginais Pinheiros e
Tietê de 90 km/h para 70 km/h em julho de 2015. No mês de setembro, a
medida reduziu em 36% os acidentes com vítimas de acordo com a CET. Isso
deve ter deixado os comentaristas da Jovem Pan com os cabelos em pé.
18. A cobertura convocatória dos protestos coxinhas que não evitou seu esvaziamento
A GloboNews cobriu em tempo real as manifestações pró-impeachment em São
Paulo e em Brasília com os bonecos inflados de Lula e Dilma, com adesão
de todos os veículos da grande imprensa. Mesmo com todos os holofotes,
os protestos de 13 de dezembro só reuniram 30 mil pessoas na Avenida
Paulista, com direito a olavetes e manifestantes pró-ditadura militar
dividindo caminhões de som com o mítico líder do MBL, Kim Kataguiri. O
número de manifestantes foi muito inferior aos 210 mil do dia 15 de
março. As estatísticas são do DataFolha e a campanha da mídia, pelo
visto, não funcionou.
19. Uma década depois do mensalão do PT, o mensalão mineiro teve a primeira condenação
Embora seja ainda em primeira instância, o ex-governador tucano Eduardo
Azeredo foi condenado a 10 anos de prisão pelos crimes praticados no
chamado mensalão mineiro, esquema de caixa dois que envolveu o
publicitário Marcos Valério em 1998. A mídia não profetizou nada a
respeito deste processo de Azeredo e só deu capa para os 10 anos do
mensalão que culminou na prisão de José Dirceu, José Genoino e Delúbio
Soares. Para a grande imprensa, o caso dos tucanos é “menor”, o que é
mais uma furada de 2015.
20. A profecia furada da separação entre Dilma e Lula
Para Lauro Jardim, o mesmo repórter da furada sobre o filho de Lula, o
ex-presidente estaria longe de Dilma desde março de 2015, quando ele
ainda trabalhava na Veja. Ricardo Noblat sentenciou em setembro no Globo
que Lula “desembarcou do governo”. De onde eles tiraram tais
informações eu não faço ideia, mas no dia 4 de dezembro o ex-presidente
disse em sua fanpage de Facebook que “Dilma fica”, contra o processo de
impeachment aberto por Eduardo Cunha.
Se
isso for indício de separação, me parece um divórcio muito adocicado.
Diogo Mainardi, aquele que faz torcida em seu Antagonista, acha que
Dilma Rousseff quis provocar Lula ao transformar Leonel Brizola em herói
nacional neste final de ano. Acredita nisso quem realmente quiser
acreditar.