O MViva!, espaço aberto, independente, progressista e democrático, que pretende tornar-se um fórum permanente de ideias e discussões, onde assuntos relacionados a conjuntura política, arte, cultura, meio ambiente, ética e outros, sejam a expressão consciente de todos aqueles simpatizantes, militantes, estudantes e trabalhadores que acreditam e reconhecem-se coadjuvantes na construção de um mundo novo da vanguarda de um socialismo moderno e humanista.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

FALTAM À ESQUERDA QUADROS COMO CUNHA

247 - Falta um Eduardo Cunha à esquerda brasileira. A tese é do jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi e colunista do 247.
"Sua figura humana me provoca certa aversão, pela combinação entre valores retrógados e o vil cinismo tão próprio daqueles que se colocam a serviço dos endinheirados", diz ele em seu blog.
"Mas sou obrigado a remar contra a maré e revelar que, ao contrário de muitos, tenho admiração pelo estilo político do maldito. Ele é implacável. Não se preocupa com a imagem ao defender ideias nas quais acredita. Enfrenta adversários até levá-los à derrota ou à capitulação incondicional. Briga como um rottweiler, resiste como um pugilista com queixo de pedra. Luta, manobra, transpira e sangra até conquistar os objetivos aos quais se propõe. Ou é derrotado com a certeza de ter ido ao limiar de suas energias para bater quem se põe no caminho."
Ao elogiar o estilo combativo de Cunha, Altman faz uma crítica aos dirigentes atuais da esquerda. "Queria muito que a esquerda tivesse, na linha de frente, quadros dessa estirpe. Muitos dos dirigentes e tribunos do campo progressista estão ficando flácidos, preguiçosos e acomodados."
"Por essas e outras, Eduardo Cunha também pode ser visto como um anti-herói com quem temos lições a aprender. O homem é feroz e decidido."

O pós-choque fiscal e a falta de reação de Dilma





O cenário econômico para os próximos meses continua desafiador.
Segundo pesquisa IBOPE divulgada ontem, as expectativas negativas dos consumidores bateram no ponto mais baixo, em níveis similares aos do pré-real. Tinha-se na época a inflação como o grande inimigo e a bala de prata na agulha: o próprio Plano Real.
Agora o inimigo é a recessão. O consumidor ainda não sentiu os efeitos maiores desse vórtice. E não se vê à vista nem bala de prata nem de latão.

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As engrenagens da recessão são fáceis de acionar e difíceis de serem revertidas.
Há uma queda inicial de salário e emprego que afeta o mercado de consumo, refletindo-se na queda de vendas.
Em um primeiro momento, as empresas seguram o emprego até o cenário futuro clarear. Quando o futuro torna-se nublado, as demissões se espraiam por outros setores.
Alguns setores relevantes ainda não se refizeram dos problemas dos anos anteriores. É o caso do setor elétrico e do etanol.
***
Há um conjunto de ações anticíclicas que poderiam ser deflagradas. Mas o governo Dilma gastou seu arsenal.
A demanda pública esbarra na crise fiscal e no desmantelamento do pré-sal promovido pela Lava Jato e pela compressão de tarifas da Petrobras.
O mercado de crédito foi implodido pela alta expressiva da Selic e pela ação dos bancos, que elevaram de forma recorde as taxas de juros.
A lógica é simples. Na fase de abundância, o cliente toma crédito em vários bancos. Quando se configura a inadimplência, o primeiro sinal se dá nos mercados de crédito rápido – cartão de crédito, cheque especial. Todos os bancos aumentam exponencialmente as taxas sabendo que o resultado final será a inadimplência do cliente, mas cada qual procurando preservar sua fatia naquele minifúndio antes da queda final.
Depois, segue-se um período doloroso de renegociação, nome sujo, no final do qual parte da dívida acaba perdoada e o cliente volta para o mundo dos vivos..
***
O último elo da cadeia são as administrações públicas, estados e municípios.
No final do ano passado, estados como o Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais já apresentavam problemas fiscais expressivos.
Existe uma defasagem entre a queda da atividade e dos tributos, decorrência do prazo para pagamento dos tributos.
É um estrondo que já bateu nos caixas das prefeituras mas ainda não foi captado pelas estatísticas. É possível que ocorram quedas reais (descontada a inflação do período) na casa dos dois dígitos.
***
O aumento do desemprego resultará em mais desprestígio para o governo.
Por outro lado, os dois principais atores da oposição – o presidente da Câmara Eduardo Cunha e do senado Renan Calheiros – estão com os dias contados.
Especialmente Cunha incorreu em um erro que já degolou outras figuras poderosas: as demonstrações excessivas de força. Dificilmente escapará das investigações do Ministério Público Federal.
Do lado da oposição, há uma falta de rumo similar ao do governo. São incapazes de articular qualquer frase que não seja a vociferação vazia.
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Se Dilma tivesse um pouco mais de fôlego, Dilma poderia recuperar o protagonismo do discurso público e articular ações efetivas para o pós-choque fiscal.
Mas a cada dia que passa essa hipótese torna-se menos factível.

VIROU TABU!: GLOBO SILENCIA SOBRE A CORRUPÇÃO NO SEU QUINTAL

O futebol a serviço do crime organizado no Brasil e no mundo na mira do FBI e da PF



Dono e herdeiro da Globo são sócios de J. Hawilla. As relações entre a família Marinho, dona das Organizações Globo, e o empresário J. Hawilla, são mais próximas do que a de emissora e afiliada; João Roberto Marinho, responsável pelo jornal O Globo, é sócio da TV Aliança Paulista, de Sorocaba (SP); Paulo Daudt Marinho, filho de José Roberto Marinho e diretor do canal Gloob, é o sócio bilionário da TV São José do Rio Preto; réu confesso nos Estados Unidos, Hawilla é o pivô do escândalo de corrupção que atinge o futebol mundial e se comprometeu a devolver mais de R$ 500 milhões; Hawilla confessou fraudes na compra de direitos de transmissão de torneios como a Copa do Brasil e a Copa América, que foram revendidos à Globo; segundo a emissora, grupos de mídia não estão sendo investigados.
Todas as 'tabelinhas' milionárias entre as máfias envolvidas em corrupção no futebol,serão investigadas. quadrilheiros serão deportados para os EUA. Tomara que seja para o campo de concentração yankenazista em Guantánamo.

Um dos focos das investigações da Justiça americana sobre o escândalo de corrupção na Fifa são transações comerciais em que a Rede Globo, da família Marinho, atua diretamente há décadas; parceira incondicional da Fifa desde o mundial 1970, a Globo é detentora da transmissão no Brasil de praticamente todos os eventos investigados pelo FBI: Copa do Mundo, Libertadores, Copa América e até a Copa do Brasil; o elo mais forte entre Globo e Fifa é o brasileiro José Hawilla, da Traffic Group, que assumiu os crimes de extorsão, fraude, lavagem de dinheiro e vai devolver US$ 151 milhões; além disso, J. Hawilla é dono da TV TEM, maior afiliada da Globo no país; apesar das ligações perigosas, a Globo se limitou a dizer, no Jornal Nacional, que "o ambiente de negócio do futebol seja honesto"; também afirmou que "sobre essas empresas de mídia não pesam acusações ou suspeitas".
A empresa da família midiática mais rica do planeta não é citada nas investigações do FBI. Mas faz transações com a Fifa sobre transmissão de eventos esportivos desde o mundial de 1970. Em 2012, a Globo anunciou a compra dos direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2018, na Rússia, e de 2022, no Catar. Os valores dos negócios não são divulgados oficialmente.
Na época do anúncio, o presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, comemorou a compra da transmissão dos mundiais. “Por mais de 40 anos, a Globo e a Fifa desenvolveram uma parceria muito frutífera, que trouxe ótimos resultados para ambas as partes. Durante todos estes anos, a Fifa conseguiu fazer do futebol o esporte mais popular, com um grande público em todo o mundo, e a Globo se sente orgulhosa de ser parte desta história. Por esta razão, nós estamos orgulhosos de prolongar esta parceria’, afirmou Marinho.
 

Quadrilha internacional de corruptos do futebol que já cairam nas mãos do FBI. Faltam mais nomes milionários nesta lista...

J. Hawilla, parceiro dos Marinho
 

Entre a Fifa e a Globo aparece um elo de ligação que é peça chave nas investigações de corrupção das autoridades americanas: o empresário José Hawilla, dono da Traffic Group, maior empresa de marketing esportivo da América Latina.
J. Hawilla, como gosta de ser chamado, confessou à Justiça dos EUA ser culpado pelos crimes de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça - ele é o único brasileiro entre os réus confessos declarados culpados pela Justiça dos EUA. Ele se comprometeu a devolver US$ 151 milhões de seu patrimônio - US$ 25 milhões deste total já teriam sido pagos no momento da confissão. O mandatário da Traffic já foi classificado diversas vezes pela imprensa nacional como "dono do futebol brasileiro".
A ligação entre J. Hawilla e a família Marinho inclui a transmissão de eventos esportivos de peso. A Traffic teve exclusividade na comercialização de direitos internacionais de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. A empresa de J. Hawilla é a atual responsável pelos direitos de torneios como a Copa Libertadores, cujo direito de transmissão foi comprado pela Rede Globo.
Além relações perigosas no futebol, Rede Globo e J. Hawilla têm parceria comercial também nas Comunicações. Ex-repórter da área de esportes, ele se tornou afiliado da Rede Globo a partir da Traffic. Em 2003, ele fundou a TV TEM, no interior de São Paulo – hoje a maior subsidiaria do grupo, cobrindo 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, alcançando 49% do interior paulista. J. Hawilla também comprou, em 2009, o "Diário de S.Paulo", mas vendeu o jornal logo em seguida.
Sonegação na Copa de 2002
A Rede Globo criou um "antecedente criminal" em sua relação comercial com a Fifa, intermediada por empresas como a Traffic. A emissora disfarçou a compra dos direitos de transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e Japão, da qual o Brasil foi campeão.
A engenharia da Globo para disfarçar a operação envolveu dez empresas criadas em diferentes paraísos fiscais. Todas essas empresas pertencem direta ou indiretamente à Globo, segundo os documentos. O esquema funcionava de modo que o dinheiro para a aquisição dos direitos era pago através de empréstimos entre empresas pertencentes à Globo sediadas em outros países. Deste modo, a empresa brasileira TV Globo, não gastava dinheiro diretamente com a operação. Posteriormente, as empresas que detinham os direitos de transmissão eram compradas pela TV Globo.
“Essa intrincada engenharia desenvolvida pelas empresas do sistema Globo teve, por escopo, esconder o real intuito da operação que seria a aquisição pela TV Globo dos direitos de transmitir a Copa do Mundo de 2002, o que seria tributado pelo imposto de renda”, afirma em relatório do processo o auditor fiscal Alberto Sodré Zile.
A artimanha fiscal resultou na sonegação de R$ 183,14 milhões, em valores da época. Segundo a Receita Federal, somando juros e multa, o valor que a Globo devia ao contribuinte brasileiro em 2006 sobe a R$ 615 milhões.
Em 2013, o blog O Cafezinho divulgou 29 páginas do processo da Receita Federal contra a Rede Globo. O relatório divulgado comprova que as organizações Globo criaram um esquema internacional envolvendo diversas empresas em sedes por todo o mundo para mascarar a compra dos direitos da Copa de 2002. O objetivo principal seria o de sonegar os impostos que deveriam ser pagos à União em pela compra dos direitos (leia mais).
Via Bonner, Globo diz querer “futebol mais honesto”
A única manifestação da Rede Globo até o momento sobre o escândalo na Fifa foi um editorial lido por William Bonner no "Jornal Nacional" nessa quarta-feira, 27, quando a emissora ressaltou que apoia as investigações promovidas pela justiça americana.
"A TV Globo, que compra os direitos de muitas dessas competições, só tem a desejar que as investigações cheguem a bom termo e que o ambiente de negócio do futebol seja honesto. Isso só vai trazer benefícios ao público, que é apaixonado por esse esporte, e às emissoras de televisão do mundo todo, que como a Globo fazem um esforço enorme para satisfazer essa paixão", acrescentou Bonner.
No "Jornal da Globo" desta quarta (29), também disse que "não pesam acusações ou suspeitas sobre as empresas de mídia de todo o mundo que compraram desses intermediários os direitos de transmissão", caso da Globo.

MOLECAGEM DE GRAVATA E CAPITAL !: A SAFADEZA DO ACHACADOR QUE VIOLOU A CONSTITUIÇÃO

Parlamentares de seis partidos (PT, PPS, Psol, PSB, Pros e PCdoB) vão ingressar, nesta sexta-feira (29), no Supremo Tribunal Federal (STF), com um mandado de segurança pedindo a anulação da sessão da Câmara dos Deputados que aprovou a inclusão do financiamento eleitoral por empresas na Constituição. Os deputados alegam que houve vícios de procedimento durante a análise da proposta. A petição já foi assinada por mais de 50 deputados. “A Constituição foi rasgada ontem”, disse o deputado Alessandro Molon (PT-RJ). Os deputados acreditam que são grandes as chances de a PEC cair no Supremo devido aos vícios de procedimento. Além disso, o fato de pelo menos seis ministros já terem se manifestado contra o financiamento privado também é apontado como fator que pode facilitar o deferimento do mandado de segurança no STF.

Paulo Moreira Leite
Apareceu um obstáculo intransponível à votação de quarta-feira, quando 330 parlamentares refizeram a decisão da véspera para aprovar uma PEC dizendo que “é permitido aos partidos receber doações em recursos financeiros ou de bens estimáveis em dinheiro de empresas privadas de pessoas físicas ou jurídicas.” Em outro parágrafo, a mesma PEC votada na quarta-feira autoriza os candidatos a receber diretamente o mesmo tipo doação.
O obstáculo intransponível à aprovação da PEC encontra-se no artigo 60 da Constituição Federal. Ali, prevendo uma situação muito semelhante a que se viu nos últimos dias, quando a emenda rejeitada na terça-feira foi reapresentada e votada no dia seguinte, os constituintes de 1988 definiram uma cláusula clara e rigorosa.
Diz o parágrafo quinto do artigo 60: “A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.” Assim, em 23 palavras, a Lei Maior do país simplesmente proibia aquilo que aconteceu. Conforme a Constituição, que ninguém tem o direito de desobedecer, seria necessário esperar uma nova sessão legislativa — ou seja, 2016 — para reapresentar a emenda. Até lá, o financiamento de campanha não poderia “ser objeto de nova proposta.”
“É uma decisão nula, sem valor legal”, adverte o jurista Luiz Moreira, ex-integrante do Conselho Nacional do Ministério Público e organizador de uma dezena de livros sobre Direito. “O próprio Congresso poderia reconhecer isso. Ou caberia ao Supremo resolver a questão.” O artigo 60, que tem uma subseção “Da emenda a Constituição” não abre nenhuma brecha a apresentação de uma nova PEC, sobre a mesma “matéria constante”, antes do ano que vem.
A análise de Luiz Moreira não é uma visão isolada. Um dos mais influentes parlamentares do PT, Alessandro Molon, nos últimos dias movimentou-se na mesma direção. Na quinta-feira, um dia depois de ter sido apanhada de surpresa diante da operação de Eduardo Cunha para refazer a votação perdida, a bancada do PT e demais aliados do governo começou a reagir, através de um mandado de segurança que deve ser apresentado sexta-feira ao Supremo, e que já recolheu 63 assinaturas de parlamentares até o início da noite de hoje.Além de questionar o parágrafo quinto, o mandato também recorda uma exigência do parágrafo primeiro do mesmo artigo 60.
Ali se define uma etapa anterior, com as condições para se apresentar uma emenda a constituição. Pela leitura do parágrafo primeiro vê-se que mesmo que não houvesse o veto legal a reapresentação da emenda já vencida, a proposta que acabou vitoriosa, do deputado Celso Russomano, não poderia ter sido apresentada. Isso porque a Constituição exige o apoio de “no mínimo” um terço dos parlamentares. Ainda que se tentasse supor generosamente que, na condição de líderes, Russomano e o líder do PTB que apoiou expressamente a proposta, poderiam falar por suas bancadas, integralmente, seriam apenas 59 deputados — quando o mínimo exigido é de 171.
A Constituição admite a reapresentação — no mesmo ano — apenas de um projeto de lei comum e não de uma emenda constitucional. Mesmo neste caso, é obrigatório que o projeto de lei tenha o apoio da maioria dos parlamentares para ser levado a votos uma segunda vez. Mas a emenda aprovada na quarta-feira, de número 28, pretendia, justamente, dar nova redação a três parágrafos do artigo 17 da Constituição Federal. Nada tinha a ver com Constituição. Tamb
“Não estamos diante de um caso de quebra de regimento, que também é muito grave,” diz Luiz Moreira. “Ocorreu uma violação da Constituição.” Este é o terreno mais adequado para o STF examinar a questão, se os ministros assim julgarem conveniente. Respeitosos da autonomia entre os Poderes, os ministros não gostam de intervir em conflitos internos do Legislativo, como já deixaram claro em outras oportunidades. Mas têm obrigação de se manifestar diante de uma possível violação constitucional. “Está claro que ocorreu uma violação da Constituição,”afirma Alessandro Molon (PT-RJ). “E isso é assunto para o Supremo.”

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Alguém tinha dúvidas?. No centro do escândalo, Hawilla é ligado à Globo

Resultado de imagem para rede globo

247 - Réu confesso no escândalo de corrupção envolvendo cartolas da Fifa, José Hawilla, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, aceitou devolver US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) de seu patrimônio.
J. Hawilla, como gosta de ser chamado, começou seu império na comercialização de direitos comerciais de eventos esportivos no final dos anos 70.
Ex-repórter da área de esportes, ele se tornou afiliado da Rede Globo a partir da Traffic. Em 2003, ele fundou a TV TEM, no interior de São Paulo – hoje a maior subsidiaria do grupo, cobrindo 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, alcançando 49% do interior paulista.
J. Hawilla também comprou, em 2009, o "Diário de S.Paulo", mas vendeu o jornal logo em seguida.
No futebol, a Traffic teve exclusividade na comercialização de direitos internacionais de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. Ela também detém passes de jogadores como o argentino Conca e o brasileiro Hernanes, é dona de times como o Estoril Praia, de Portugal, e é responsável pelas vendas de camarotes do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, em São Paulo.
Nos últimos dez anos, estima-se que o faturamento anual da empresa de J. Hawilla, que começou a carreira profissional como vendedor de cachorros-quentes, gire em torno de US$ 500 milhões (R$ 1,6 bilhão).

As duas mulheres que podem mudar o mapa político da Espanha

Ada Colau


Ada Colau ficou conhecida como ativista antidespejos durante a crise espanhola

Na bbc.


As eleições municipais e regionais da Espanha, realizadas neste domingo, marcaram a ascensão de duas mulheres ao centro das atenções políticas do país – e, possivelmente, ao comando das duas principais cidades espanholas.

Barcelona deverá ser comandada pela ativista Ada Colau, 41, conhecida por ter liderado um movimento social contra os despejos habitacionais decorrentes da crise econômica. Colau lidera a agremiação de esquerda independente Barcelona En Comú, que venceu os partidos independentistas catalães.
Manuela Carmena

E, em Madri, a juíza aposentada Manuela Carmena, 71, do movimento esquerdista Ahora Madrid, foi a segunda mais votada (com 31,8% dos votos), mas tem grandes chances de se tornar prefeita da capital caso o seu partido faça uma coalizão com os socialistas do PSOE.
Se isso de fato ocorrer, o Ahora Madrid porá fim à hegemonia de 23 anos do direitista Partido Popular (PP) no controle da capital espanhola.
Colau e Carmena representam uma mudança no cenário político espanhol, tradicionalmente dominado pelo bipartidarismo do direitista PP (atualmente no governo nacional) e do socialista PSOE.
Na eleição de domingo, quando estavam em jogo o controle de 8,1 mil municípios e de 13 (de um total de 17) governos regionais, PP e PSOE ficaram respectivamente em primeiro e segundo lugares, mas com cerca de 3 milhões de votos a menos do que nas eleições de quatro anos atrás.
Em compensação, quem ganhou espaço na política nacional foi o partido o esquerdista Podemos, que apoia os grupos políticos tanto de Carmena quanto Colau, e a agremiação alternativa de centro-direita Ciudadanos.
O Podemos nasceu dos protestos de rua antiausteridade e é ligado a movimentos sociais.
Por isso, as duas candidatas – que se lançaram por agremiações políticas criadas há apenas poucos meses – disseram que o pleito sinaliza o “desejo por mudanças” na política espanhola. Ambas aguardam a formação de coalizões para confirmar seus novos cargos.
As novas siglas capitalizaram em cima do descontentamento espanhol quanto à crise econômica e ao subsequente desemprego (a taxa de desocupação no país é de 24%), bem como a escândalos recentes de corrupção.
A mudança política constitui um desafio para os partidos tradicionais, a poucos meses das eleições nacionais de novembro.
“O povo venceu aqui, e não um monte de siglas”, disse Ada Colau perante simpatizantes, em referência às siglas tradicionais espanholas.
Colau deve ocupar a prefeitura de Barcelona após sua coalizão de esquerda ter obtido uma vantagem de apenas 20 mil votos (ou 1 cadeira parlamentar) sobre o líder nacionalista Xavier Trias, atual prefeito da segunda maior cidade do país.
Apesar de Colau ter se mostrado favorável a um plebiscito a respeito da independência da Catalunha, sua vitória foi vista como um revés às agremiações separatistas: seu grupo, o Barcelona En Comú, superou os partidos pró-independência catalã Convergencia i Unio (CiU) e Esquerra Republicana de Catalunya (ERC).
Em coletiva, Colau afirmou que pretende suspender os despejos dos espanhóis que não conseguem pagar seus aluguéis ou hipotecas e que exigirá que os bancos disponibilizem ao público as milhares de moradias vagas que têm em sua posse.
Entre suas promessas estão investir na geração de empregos, reduzir “privilégios” e salários de autoridades e revisar projetos de privatizações.
Madri
Na capital espanhola, Manuela Carmena obteve 2,7 pontos percentuais a menos de votos do que Esperanza Aguirre, candidata do PP – partido que ficou com 21 cadeiras no Parlamento local.
Mas o Ahora Madrid, de Carmena, com suas 20 cadeiras obtidas, pode ultrapassar a marca do PP caso confirme uma provável coalizão com o PSOE (que tem 9 cadeiras) na cidade.


Manuela Carmena depende de uma coalizão para se tornar prefeita de Madri

Carmena, conhecida por sua carreira jurídica e simpatizante da esquerda, candidatou-se com uma plataforma pró-participação popular.
O Ahora Madrid elaborou seu programa eleitoral em um processo aberto, cujos pontos mais votados pelos cidadãos incluem a interrupção das privatizações de serviços públicos, a garantia de moradia e serviços básicos (água e luz) para os mais pobres e o desenvolvimento de um plano de inclusão profissional de jovens desempregados.
Assim como Colau, Carmena também prometeu priorizar em seu governo o fim dos despejos de pessoas que não conseguem pagar hipotecas após o estouro da bolha imobiliária espanhola.

Fonte: DCM

NA SUIÇA, SENHORES, É DIFERENTE, MUITO DIFERENTE...



No Brasil, as operações policiais são espetaculosas. A apoteose do processo não é a sentença e sim a prisão preventiva, temporária, ou o que o valha.

Nos EUA, bandido que se preza foge pelas estradas e os espectadores fazem apostas se ele chega ou não na fronteira. Grande parte torce pelo bandido! Depois do beisebol, perseguição policial é o esporte predileto do american way of life.

No Canadá, a polícia pede desculpas antes de dar a voz de prisão: “desculpe-me, cidadão, mas, por favor, queira acompanhar-me até a delegacia? Você está preso”. O cidadão replica: “pois não, senhor policial, mas posso terminar o meu cappuccino?”. O policial: “Imagina! Fique á vontade. Vou pedir um também”. É uma piada recorrente de um hipotético diálogo da polícia canadense cumprindo um mandando de prisão.

Os suíços disputam com os canadenses as gentilezas e demonstraram isso na prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros seis dirigentes da FIFA, em Zurique, cumprindo carta rogatória do Departamento de Justiça dos EUA, a pedido da Procuradoria de Nova York, que acusa a turma de corrupção em altas montas.

No meio da prestidigitação estão, diz a Procuradoria de NY, bolinagens na última Copa do Brasil, organizada pela CBF, embora, para mim, indecência mesmo foi praticada na Copa do Mundo, onde a FIFA nos levou bilhões, gastamos outro tanto e até agora ainda não vi aquelas propaladas benesses  e nem o número de turistas aumentar porque “o Brasil foi visto em todo o mundo”.

Mas vamos ao bicentenário Baur au Lac, um dos mais exclusivos hotéis do mundo, onde quem se hospeda tem direito a Rolls Royce como acepipe de quarto, aonde a polícia suíça, pontual como um relógio suíço, às seis da manhã entrou – todo mundo à paisana – no luxuoso salão de mármore e dirigiu-se ao front desk, pedindo, por favor, os números das suítes dos indigitados.


Antes, os policiais já tinham estudado as mais discretas saídas do hotel. Para evitar fugas? Não. Para retirar os presos com a maior discrição possível! Eles não avisaram à Globo que fariam as prisões!

O manager do venerando Baur au Lac, acostumado a recepcionar bilionários, artistas e a realeza europeia, transmitiu, de um a um, a ordem policial em uma coreografia digna dos áureos tempos do Hotel Budapeste.

“Desculpe-me senhor, estou apenas ligando para dizer que precisaremos que você vá até sua porta e a abra, por favor, ou os policiais terão que arrombá-la”. Imagine o turbilhão psicológico de quem ouviu isso do outro lado da linha. Não, não é possível imaginar. 

Os policiais subiram, deram tempo para que os presos se recompusessem, arrumassem as malas e, acreditem: alguns policiais ajudaram a carregá-las. Por isso, entre a subida para prender e a descida para conduzir, levaram-se quase duas horas.


Os elevadores por onde os presos desceriam foram bloqueados e nas discretas saídas os veículos aguardavam. Funcionários com lençóis de pura cambraia de linho egípcio – claro, era o Baur au Lac! – aguardavam ao lado dos carros para, desfraldando-os, formar um biombo para proteger a privacidade dos presos frente a algum eventual curioso.


Quando a operação – não, não teve um nome da mitologia grega ou coisa que o valha – já havia terminado a imprensa soube e entrou em ação. Aí o vetusto Baur au Lac viveu os seus minutos de Sapucaí em pleno carnaval. 

A polícia pode até ser diferente aqui ou acolá, mas jornalistas são iguais no mundo inteiro. 
Fonte: Blog do Parsifal 5.4

O AVANÇO POLÍTICO BRASILEIRO CASTRADO POR VERDADEIROS CANALHAS!




COM O GOLPE BAIXO DO CUNHA, O ACHACADOR MOR DA REPÚBLICA, EMPRESAS PODEM CONTINUAR,  SEM PUDOR,  COMPRAR OS POLÍTICOS SUJOS ATRAVÉS DA VERBA QUE "DOARÃO" PARA OS PARTIDOS . CABERÁ AGORA AOS PARTIDOS SÉRIOS, RECUSAR A GRANA CORRUPTORA.

Impressionante. 
Depois de reconhecer a derrota e dizer que a reforma política estava enterrada, Eduardo Cunha arranjou um golpezinho para ressuscitar a constitucionalização das doações das empresas para campanhas eleitorais.“A Casa se manifestou, ela não está querendo mudar nada. Nenhuma proposta de acrescer texto à Constituição passou e me parece que nenhuma vai passar. (…) Vai cair a máscara daqueles dizem que querem reforma política e não votam. O Parlamento decidiu que tudo fica como está”, disse Cunha.
É cartesiano.
Como o tema foi rejeitado por não alcançar número e a Constituição proíbe a sua reapreciação na mesma legislatura, o processo “descoberto” por Cunha é uma violação do texto constitucional.
Um golpe, em português claro.
Mas, infelizmente, não há na Câmara muitos que tenham a coragem de denunciar o que está sendo feito.
Saudade dos tempos em que até entre bandidos os tratos eram cumpridos.

Servidores do Detran Pará entram em greve hoje

Servidores do Detran entram em greve hoje (Foto: Bruno Carachesti)


(Foto: Bruno Carachesti)
Servidores do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran) iniciam greve hoje. A decisão foi tomada em assembleia geral dos trabalhadores realizada no último dia 22. A categoria informou que fará uma mobilização hoje, em frente ao Detran, na Augusto Montenegro. Na sexta-feira, está prevista uma caminhada pelo centro de Belém.
Uma das principais reivindicações da categoria é o reajuste de 25% no tíquete alimentação. “Todos os servidores (efetivos, temporários e comissionados), tiveram uma redução de R$ 200 no valor do tíquete alimentação”, relatou o presidente do Sindicato dos trabalhadores de Trânsito do Estado do Pará (Sindtran) Élison Oliveira. 
Outro ponto que a categoria almeja é a revisão da Lei Orgânica do Detran, na qual se enquadram servidores do quadro suplementar que possuem mais de 30 anos de serviço na autarquia e teriam perdas ao darem entrada na aposentadoria. “A revisão do artigo 32 da lei garantiria a equiparação salarial pelo teto desses trabalhadores que dedicaram a vida ao Detran e, ao se aposentarem, terão perdas superiores a R$ 1.500”. Em nota, o Detran afirma que “já houve reuniões, inclusive com a participação da Segup, para discutir a pauta de reivindicações”.

UFPA
Professores e servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Pará (UFPA) também entram em greve hoje. Os docentes reivindicam, entre outros pontos, um reajuste linear de 27,3%, uma política de valorização salarial, a reestruturação da carreira e a reversão dos cortes de verbas na educação pública, que já atingiram mais de 30% do orçamento das universidades federais, segundo o movimento grevista.

(Dol)

Greve na Universidade Pública – Objeções Frequentes, Respostas Incômodas


Por Marcelo Badaró Mattos–Professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense

A greve não é o único/melhor instrumento de luta. A greve no serviço público/na educação não é eficaz. Devemos recorrer a outras formas de luta? Devemos ir para as ruas. A greve esvazia a universidade…
Sem dúvida, a greve não é o único instrumento de luta de trabalhadores. Ela é sempre utilizada quando outras tentativas de defesa dos seus interesses fracassam em conquistar resultados em torno de demandas coletivas. No entanto, a greve é um direito fundamental dos trabalhadores, que serão sempre a parte mais fraca numa relação com seus patrões, no setor privado ou no público, e tem nesse instrumento uma forma de tentar equilibrar, mesmo que momentaneamente, o jogo desigual que caracteriza a exploração do trabalho assalariado.
No serviço público, e especialmente na área da educação, a greve não tem o mesmo objetivo de causar prejuízo econômico, e com isso pressionar os patrões, que possui no setor privado. Ela existe como estratégia de ampliação do poder de pressão, através da mobilização coletiva, para que demandas fundamentais, salariais, de condições de trabalho e de defesa da educação pública, ganhem maior audiência e criem constrangimentos que obriguem os governos a negociarem.
Por isso mesmo, não há oposição entre greves e outras formas de luta. Pelo contrário, aqueles que defendem de forma consequente a necessidade de ocupar as ruas sabem que só com grande quantidade de pessoas é possível obter êxito em uma manifestação desse tipo. Mas, como colocar milhares de educadores e estudantes nas ruas se eles estão nas salas de aula? Para muitos o fundamental é garantir maior repercussão nos meios de comunicação de massa. Sabemos que a mídia é fundamentalmente composta por grandes oligopólios empresariais, cujos interesses estão distantes de convergir para a defesa da educação pública e dos trabalhadores. Por mais insistência que tenhamos em buscar esses canais em tempos de funcionamento normal das instituições o resultado é quase nulo. Com as greves, a coisa muda de figura. Em nossa última paralisação de 24h, por exemplo, todas as grandes redes de televisão fizeram matérias sobre a situação das universidades e a paralisação, da mesma forma que os principais jornais impressos e sites de notícias. Em greves anteriores, a cobertura da mídia – mesmo que muitas vezes deturpando nossas reivindicações – foi sempre muito mais ampla que em momentos de atividades normais.
Uma greve pode sim esvaziar a universidade. Mas, não precisa ser assim. E muitas vezes não é assim. Os três segmentos da comunidade universitária (docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes) programam muitas atividades de mobilização nos espaços universitários – debates, rodas de conversa, exibição de filmes, atos, acampamentos, etc. – e aproveitam o momento da greve para discutir das questões mais específicas das universidades às mais gerais do país e do mundo, com um olhar pedagogicamente crítico, que deveria nortear todo o nosso cotidiano nas instituições, mas que sabemos nem sempre é a tônica no dia a dia da atividade universitária.
Quanto à eficácia do instrumento, para quem conhece a história das greves universitárias e de seus resultados desde o fim dos anos 1970, o argumento de que para nada servem é insustentável. Todas as conquistas salariais e referentes à carreira docente foram decorrentes de greves nas instituições de ensino. Além disso, tais greves conquistaram muitas vezes avanços significativos para a vida universitária em geral e, em outros momentos, foram barreiras interpostas às propostas governamentais danosas à universidade pública, que não foram aplicadas ou o foram limitadamente graças à força das greves. Um quadro muito sintético das greves nas instituições federais de ensino pode ser encontrado nesse link.
No entanto, vale lembrar, que muitos dos que argumentam que as instituições se esvaziam nas greves e que era preciso ir para as ruas, em certos casos são docentes há mais tempo que eu e nunca os vi em atividades de mobilização no interior das universidades, antes ou durante as greves, e nunca os encontrei em nenhuma manifestação de rua em defesa da educação/das universidades públicas. Outros, não só participaram como até organizaram atividades desse tipo há muitos anos, quando eram estudantes e docentes mais jovens, mas hoje as condenam: eles não mudaram de opinião, mudaram de lado.
As greves na universidade só param a graduação e prejudicam os estudantes de graduação…
Não é verdade que as greves só param as aulas de graduação. Atividades de pesquisa e extensão também são paralisadas pelos que participam das greves. Quando ingressei na universidade essa questão sequer era levantada, porque não se fazia diferença, quando uma greve começava, entre aulas na graduação e na pós-graduação. Nas últimas duas décadas e meia, cresceu muito a pressão sobre as pós-graduações para apresentarem indicadores quantitativos de produtividade que são a base central de avaliações feitas pela CAPES e que podem representar mais ou menos recursos financeiros, bolsas de estudo e prestígio acadêmico. De lá para cá, cresceu também o número de argumentos contrários à suspensão das atividades de pós-graduação em função dessa pressão da CAPES.
No entanto, muitos docentes e programas inteiros continuam a paralisar suas aulas na pós-graduação, buscando contornar sempre que possível a pressão das agências de fomento/avaliação, pois percebem que tal pressão não tem como contrapartida a garantia dos recursos e condições de trabalho adequados ao funcionamento dos programas com qualidade. Os comandos locais de greve também são cientes de que algumas bancas e atividades são agendadas com muita antecedência, significam despesas com passagens e diárias já realizadas e autorizam excepcionalmente tais atividades. Os que continuam trabalhando regularmente na pós-graduação durante as greves, portanto, o fazem por decisão própria de furar uma greve, utilizando os argumentos da especificidade das pós como biombos para suas atitudes, e depois, ironicamente, acusam as greves de só paralisar a graduação. Muitas vezes, os que dizem isso, são os mesmos professores que no dia a dia dos cursos, menosprezam as aulas na graduação e justificam que sua “excelência” os deveria liberar de tal “fardo” para dedicação integral à pesquisa e pós-graduação.
Por outro lado, cabe sempre a pergunta: o que realmente prejudica o estudante – de graduação ou pós – uma greve que pode se estender por algumas semanas, defendendo a universidade pública, ou a falta de condições adequadas de estudo e permanência na Universidade?
Numa greve como a que se iniciará em 28 de maio de 2015, cujo motivo maior, além da defasagem salarial dos docentes (motivo justo e digno, diga-se de passagem, pois todo trabalhador assalariado tem direito à proteção mínima de seus vencimentos face à inflação) é o conjunto de medidas destrutivas à universidade pública, não há dúvidas da justeza do movimento para grande parte dos estudantes. Afinal, faltam professores em muitos cursos, há outros em que obras estruturais necessárias à construção de salas de aulas, bibliotecas e laboratórios não foram executadas ou pararam pelo meio, há falta de bandejões e alojamentos estudantis, as bolsas são insuficientes e estão atrasando, entre muitas outras situações. Todas motivadas por uma expansão de vagas discentes que não foi acompanhada do necessário crescimento do número de docentes e do aporte de recursos para infra-estrutura, manutenção e assistência estudantil. O que tem sido muito agravado nos últimos meses pelas políticas de “ajuste fiscal” do governo federal, que repassará R$15 bilhões de reais ao setor privado através do FIES (financiamento estudantil), mas corta R$ 9,43 bilhões do orçamento do Ministério da Educação.
Por isso os estudantes da UFF e de outras universidades fizeram suas assembleias e deliberaram pela greve. Porque sabem que essa luta também é sua.
Curioso que os que argumentam que a greve prejudica os estudantes, desconsideram completamente a posição coletiva dos próprios estudantes. O que é bem ilustrativo de como enxergam sua atividade docente e seus estudantes: são os portadores do conhecimento e da verdade, que buscam iluminar os pobres e ignorantes estudantes, que sequer percebem que estão sendo prejudicados com a greve.
Há motivos para a mobilização ou até mesmo a greve, mas esse não é o melhor momento…
Calendários diferenciados, momentos distintos dos semestres letivos, incertezas sobre os processos de negociação, são argumentos utilizados para questionar a oportunidade da greve, mesmo que utilizados por vozes que não questionam a legitimidade do instrumento de luta. Nesse caso, cabe lembrar que desde o final do ano de 2014 o governo está implementando as políticas de cortes de verbas e as propostas de retirada de direitos dos trabalhadores (vide as Medidas Provisórias que dificultam o acesso ao seguro desemprego e abono salarial, assim como restringem pensões, bem como o projeto de lei que libera as terceirizações, entre outras medidas). Nos últimos dias, com o anúncio de novos cortes e o avanço das medidas no congresso nacional, a situação só tem piorado.
No que diz respeito aos servidores públicos federais e aos docentes das instituições federais de ensino, paralisações e movimentos, em Brasília e nos estados, pressionaram o governo a receber as entidades em reuniões, mas nenhuma resposta concreta às pautas foi apresentada. Sabemos que tanto as demandas por carreira/salário, quanto aquelas referentes a mais verbas para as instituições (de forma a garantir as condições de trabalho/estudo) dependem de rubricas orçamentárias. A Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano de 2016 tem que ser apreciada pelo congresso até agosto. Caso não tenhamos nossas reivindicações atendidas até lá, teremos que nos resignar a reajuste zero no próximo ano e ao aprofundamento do caos na vida universitária. Por isso o momento da greve é este. Ela acontece quando as condições para sua construção caminham mais rapidamente e a necessidade de uma intervenção coletiva que garanta a negociação com o governo já se faz mais que urgente.
O ANDES-Sindicato Nacional e as suas Seções Sindicais não são representativos. As Assembleias Gerais que decidem as greves não são representativas/legítimas. Seu funcionamento e suas decisões não são democráticas…
O ANDES-SN é o resultado de mais de três décadas de organização e lutas docentes. Como toda entidade sindical possui limites e problemas. Mas, está organizado pela base, através de suas seções sindicais em praticamente todas as instituições públicas de ensino superior. Sua direção nacional é eleita diretamente pelos associados, através das seções sindicais, e possui secretarias regionais espalhadas por todo o território nacional, de forma a dar conta da diversidade de situações no país. As taxas de sindicalização nas seções sindicais são elevadas, muito superiores à média do país. Na ADUFF-SSind, por exemplo, tínhamos 2.561 docentes associados em 2014, sendo 1381 ativos (cerca de 46% do total de docentes da instituição) e os demais aposentados.
No sindicato exercita-se a democracia em suas diferentes possibilidades. A diretoria nacional e as diretorias das seções sindicais são escolhidas diretamente pelo voto dos associados. As instâncias nacionais de deliberação da categoria (as diretorias são apenas executivas) – Conselhos de Seções Sindicais e Congresso, ordinariamente anuais – são constituídas por delegados eleitos em suas bases, através das assembleias gerais. E nas Assembleias Gerais, prevalece a democracia direta, com base nas discussões e votações dos participantes.
Na UFF, as assembleias gerais são abertas a todo o corpo docente, independentemente de filiação ou não ao sindicato, porque entendemos que a luta coletiva se faz por e em nome de todos, portanto todos tem direito a voz e voto nesses espaços. O acúmulo de experiências históricas nos leva a conceber que esse é o espaço deliberativo mais democrático para decisões como a construção de uma greve. Porque ali os participantes trocam informações, análises e avaliações e – convergindo ou divergindo – votam esclarecidos por esse debate e constroem coletivamente suas deliberações. Esse sentido coletivo da democracia direta em uma entidade de trabalhadores é fundamental e não pode ser substituído por consultas plebiscitarias, em que indivíduos votam isoladamente, a partir de convicções construídas por diversos caminhos, mas sem participarem ativamente de uma discussão coletiva.
Da mesma forma, incentivamos e participamos de todo tipo de reunião de docentes em âmbito departamental, de cursos ou unidades. Todo fórum convocado para discutir os problemas docentes e da universidade é importante para o avanço do conhecimento coletivo da situação e mobilização dos docentes. No entanto, esses fóruns não são espaços deliberativos da vida sindical, porque não se organizam para tanto e, especialmente, porque no caso das instâncias institucionais – departamentos, colegiados, etc. – estão sujeitos a lógicas de funcionamento e hierarquia funcional de ordem distinta da lógica sindical, que deve ser autônoma em relação a todos os níveis da gestão institucional, garantindo que as deliberações docentes possam estar livres de qualquer pressão de chefias imediatas ou gestões superiores das instituições.
As direções dos sindicatos são “vanguardas iluminadas”, “radicais”, “pseudo-revolucionários” que decretam greves de cima para baixo…
Seriam argumentos cômicos, não fosse trágico escuta-los de professores universitários. Trágico porque cada vez que um docente toma emprestado esse tipo de argumento da pena dos articulistas da extrema-direita reacionária dos panfletos mais abjetos da imprensa empresarial (como os colunistas da revista Veja), assume conscientemente o papel de arauto dessa ideologia reacionária, que procura associar todo tipo de movimento social/sindical e suas lideranças a uma nova “ameaça comunista”, no estilo típico da Guerra Fria. Em tempos de manifestações reacionárias como as ocorridas em março e abril, de debates no Congresso Nacional sobre um projeto de lei que visa estabelecer “crime de doutrinação ideológica” para punir professores que estimulem o pensamento crítico e o debate de ideias entre seus alunos, tais argumentos são lamentáveis ecos internos de um reacionarismo crescentemente, incentivado pelas forças políticas  e sociais mais conservadoras no país e seus diligentes prepostos na “grande” imprensa.
Os dirigentes sindicais do movimento docente exercem seus cargos sem qualquer vantagem pessoal, na maioria das vezes sem dispensa da atividade acadêmica regular e por períodos de tempo limitados (em nosso estatuto nacional e no regimento local, ninguém pode permanecer por mais de dois mandatos seguidos nas diretorias). Expressam diferentes posições políticas e ideológicas, e participam dessas atividades movidos principalmente pela convicção de que o instrumento sindicato é fundamental para qualquer trabalhador, aí incluído o docente.
De qualquer forma, podem acertar ou errar, podem manifestar posições políticas as mais distintas, mas nunca o fazem sozinhos, porque procuram agir como representantes de coletivos maiores e discutem suas posições pessoais e/ou coletivas em espaços democráticos de deliberação. Assim, na UFF, por exemplo, a última assembleia geral dos docentes, que aprovou a deflagração da greve, contou com a participação de 281 professores, que assinaram a lista de presença. No momento da votação, 155 votaram favoravelmente à proposta, 46 contrários e uma abstenção. Outras assembleias, com mais de uma centena de presentes, aconteceram nas semanas anteriores, levantando os problemas e discutindo os encaminhamentos que antecederam a deliberação sobre a greve. Muitas acontecerão durante a greve. Como eu disse, todas são abertas à participação, voz e voto de todo e qualquer docente. Quando alguém se recusa a participar de um espaço tão aberto quanto esse e depois questiona a legitimidade do espaço ou procura detratar as organizações, militantes e dirigentes, devemos desconfiar um pouco mais da crítica.
Em síntese
Nenhuma forma de luta é perfeita e nenhum processo democrático pode ser considerado acabado numa sociedade regida por uma lógica que é estranha e contrária aos interesses da maioria trabalhadora da população. Por isso, todo o esforço coletivo para debater e aperfeiçoar nossas formas de organização e nossos métodos de luta deve ser saudado como sinal de vitalidade do movimento.
No entanto, muitas das críticas à greve e ao sindicato têm raiz em outro tipo de preocupação e concepção. Há ainda quem na universidade resista a compreender-se como trabalhador e por isso rejeite toda e qualquer forma de organização e luta coletiva associada aos trabalhadores. São aqueles que consideram que seu trabalho intelectual os eleva acima dos terreno comum dos mortais e, consciente ou inconscientemente, acabam por aderir aos argumentos e instrumentos dos que buscam deslegitimar ou mesmo desmontar as organizações e lutas dos trabalhadores. Há também os que, por adesão a um determinado projeto político levantam argumentos falaciosos contra os movimentos dos docentes, porque colocam a defesa de seu projeto/governo acima da defesa da universidade pública. Não podemos deixar de reconhecer que esse projeto tem tentado, ao longo da última década, fragmentar e enfraquecer as organizações representativas do movimento docente. Basta lembrar o apoio governamental à criação da entidade Proifes, que antes mesmo de ser formalizada já era chamada a sentar-se às mesas dos gabinetes ministeriais. As greves são uma ameaça a entidades fantoche desse tipo, porque como elas não possuem representatividade de base real, em momentos como esse sua fachada de legitimidade desmorona. Basta lembrar de 2012, quando os docentes foram à greve em praticamente todas as instituições (houve uma exceção) em que o movimento docente supostamente seria dirigido por essa entidade, que se contrapunha ao movimento, e reconheceram o ANDES-SN como seu efetivo representante naquele momento.
Cada greve é um processo único de aprendizado. Podemos conseguir mais ou menos conquistas com elas, mas em um momento como este que hoje vivemos na universidade é fundamental construirmos uma resposta coletiva às políticas destrutivas que estão em curso. A greve se apresenta como oportuna e necessária, justamente porque a situação é muito adversa. Os resultados da mobilização dependerão, em grande medida, de nossa força coletiva. De qualquer forma, teremos com certeza muito a aprender com ela.