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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Entrevísta com Alexandre Padilha



ENTREVISTA » Responsável pela costura política do governo, ministro das Relações Institucionais terá papel crucial na campanha de Dilma



O médico Alexandre Padilha, 38 anos, ministro das Relações Institucionais, é o responsável pela articulação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tem a missão de conduzir as relações do Palácio do Planalto com o Congresso, estados e municípios. Nos últimos meses, tem sido visto frequentemente ao lado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República. Padilha é um dos estrategistas da pré-campanha de Dilma e diz que trabalhará integralmente, “durante o dia e a noite”, para ajudar a eleger os candidatos da base governista.

Mais jovem ministro do governo Lula, Padilha fala sobre a retomada das atividades do Congresso Nacional e do processo eleitoral. Ele aposta que a ministra Dilma conseguirá mobilizar mais militantes em torno de sua eleição do que o próprio presidente Lula e que, na campanha, a liderança e a capacidade de interlocução da pré-candidata petista com os partidos da base e com a sociedade crescerão. Otimista, defende uma eleição polarizada entre a candidato governista e o adversário do PSDB, ainda indefinido.

Otimismo é a bandeira
- (Wilson Dias/ABr)

Como o senhor acha que a ministra Dilma vai lidar com o próprio PT?
Eu tenho certeza de que a ministra lidará com isso com a mesma facilidade do presidente Lula. Ela conseguiu algo que nem o presidente Lula conseguiu no PT: ser candidata sem prévia. Em 2002, o presidente teve que enfrentar a prévia contra o senador (Eduardo) Suplicy para ser candidato a presidente. A ministra conseguiu unificar o conjunto do partido em torno do nome dela. O partido compreendeu que a melhor pessoa para a sucessão seria aquela que estaria no centro do governo. Também acho que conseguiu essa unanimidade porque ela nunca operou pessoalmente para ser candidata. A candidatura dela nunca foi um desejo pessoal e nem de uma tendência do PT. Acabou sendo um projeto coletivo. Além disso, nós vamos enfrentar a campanha, e é quando ficará nítida a capacidade de liderança da nossa candidata. Ao longo da campanha, vai crescer ainda mais a capacidade de interlocução dela com os partidos e com a sociedade.

O PT sempre foi um partido conhecido por sua capacidade de mobilização do eleitorado, mas tinha um líder carismático liderando o partido e concorrendo às eleições. Embora o PT esteja unido em torno de Dilma, ela não é uma “petista de carteirinha”. O senhor acredita que haverá a mesma mobilização em torno dela?
Acredito que será ainda maior. Os militantes de todos os partidos da base do governo do presidente Lula e sobretudo aquela população que viu o ciclo de crescimento ininterrupto no país no governo Lula — desde os setores mais pobres, os setores que migraram para a classe média, aos empresários — vão querer defender esse governo e vão querer que esse caminho continue.

Então, vocês apostam mesmo numa eleição plebiscitária?
Essa eleição, como diz o presidente Lula, é a eleição “do quem sou eu, quem és tu”. Iniciamos um novo caminho para o país. Respeitamos quem é contra esse caminho, quem tem um caminho alternativo. Mas nós queremos debater com quem é contra quais os rumos para este país. O Brasil não pode permitir retrocesso nem aventura, e nós queremos fazer esse debate.

Como o governo tem se preparado para a saída da ministra Dilma do cargo e dos outros ministros que concorrerão a cargos eletivos?
O presidente Lula tem dado sinais de que pretende manter a máquina andando, quer a continuidade das políticas, e pretende manter a economia acelerada. A tendência é que os ministros que saem sejam substituídos por alguém da própria área.

Qual é exatamente o seu papel na pré-campanha da ministra Dilma?
O que faço no governo é manter a base unida. Acho que posso contribuir para a coordenação da campanha no sentido de fazer esse diálogo com os parlamentares. Temos o coordenador da campanha, que é o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e outros membros. O Dutra vai conversar com os demais partidos para compor uma coordenação mais formal de campanha. E o meu papel é ajudar o presidente Lula a terminar o governo, e a ministra Dilma naquilo que ela nos demandar nessa pré-campanha.

O senhor tem sido visto muito ao lado dela ultimamente…
Isso é por conta da relação com os governos estaduais e municipais. Eu dirigi a Secretaria de Assuntos Federativos e isso fez com que tivesse papel permanente com os governos estaduais e municipais. E, como há as viagens com os governadores envolvidos e as obras do PAC, isso faz com que a gente seja convidado.

Muito se fala sobre a guinada mais à esquerda do PT a partir do congresso do partido. Como o senhor avalia essa questão?
O congresso do partido mostrou que a grande maioria do PT compreende que a mudança já começou no governo do presidente Lula, que a inflexão na política econômica nós já fizemos no nosso governo, quando colocamos como objetivos centrais a manutenção do crescimento, a redução do desemprego, da pobreza e da vulnerabilidade externa. Fizemos isso mantendo os instrumentos da política macroeconômica, metas de inflação, superávit primário e câmbio variável, fazendo com que essas metas fossem submetidas a esses ajustes fiscais. E o PT tem a percepção de que o governo da futura presidenta Dilma tem que dar continuidade a esse mesmo caminho.

*Por Andrea Pimheiro para
o Correio Braziliense.

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