Reunião de fundação do PT. Ao centro Luis Inácio da Silva |
Por Wladimir Pomar
Ao que parece, uma parte da esquerda brasileira esperava que fosse possível realizar uma revolução não só cultural, mas também econômica e social, através do sistema eleitoral democrático instituído após o final da ditadura militar. Supunha que um governo de esquerda, eleito pelo voto popular, teria as condições de realizar as reformas estruturais há muito reclamadas pela sociedade brasileira...
Isso é o que ela esperava do PT, de Lula e, agora, de Dilma. Como tais reformas exigem muito mais do que vontade política, Lula não conseguiu fazê-las e Dilma encontra dificuldades da mesma monta, são classificados, por essa parte da esquerda, de traidores da causa popular e do socialismo. Portanto, nada mais natural que, a partir dessa premissa, militantes desse setor apelem aos céus e à terra para que, agora, o PT e Dilma sejam combatidos como os principais inimigos.
CUT FORÇA e FIESP - reunidos para pressionar o governo sobre a reforma tributária |
Eike batista, magnata brasileiro |
Um dos principais instrumentos com que poderia contar um governo democrático e popular para fazer frente ao poder econômico do capital, as estatais, foi brutalmente enfraquecido durante os 12 anos de governos neoliberais.
E as pequenas burguesias industrial, agrária e comercial, que eventualmente poderiam se contrapor ao grande capital, também são relativamente fracas e, em grande parte, ligadas e dependentes do grande capital corporativo.
E as pequenas burguesias industrial, agrária e comercial, que eventualmente poderiam se contrapor ao grande capital, também são relativamente fracas e, em grande parte, ligadas e dependentes do grande capital corporativo.
Portanto, do ponto de vista da correlação de forças econômicas, a hegemonia e o domínio do grande capital é evidente.
É lógico que se a correlação de forças no campo social fosse predominantemente favorável às camadas democráticas e populares, com organizações sindicais, comunitárias e associativas fortes e combativas, aquela desvantagem no campo econômico poderia ser neutralizada e superada.
No entanto, o neoliberalismo também praticou um estrago considerável nessa área, através do desemprego e das ações de segmentação produtiva das corporações, causando uma fragmentação da força social dos trabalhadores industriais, inibindo qualquer movimento dos assalariados agrícolas, reduzindo consideravelmente a força do campesinato e desbaratando os movimentos sociais urbanos.
O decréscimo da mobilização social, iniciado em meados dos anos 1980, parece ainda não ter chegado ao fundo do poço. Só com a retomada recente do crescimento econômico, a força dos trabalhadores industriais começa a se recompor, criando as condições para uma nova retomada das lutas e para a ascensão da mobilização social, que depende fundamentalmente do amadurecimento da experiência e da consciência popular.
Portanto, bem vistas as coisas, a esquerda no Brasil chegou ao governo na contramão da mobilização social, um fenômeno que deveria ser analisado com mais atenção por todas as forças políticas democráticas, populares e socialistas.
Em outras palavras, contrariando praticamente todos os manuais políticos, a esquerda democrática e popular brasileira vem crescendo quase na razão inversa da mobilização social.
Mas, também contraditoriamente, na razão direta do interesse político das camadas populares e da divisão política da burguesia.
Foram essas condições especiais da realidade brasileira que firmaram, desde 1989, uma polarização política no país, deslocando imediatamente o PT para o carro chefe de um dos pólos à esquerda e, paulatinamente, a conjuração PSDB-PFL (este, depois, DEM) para a cabeça do pólo à direita.
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Nesses últimos 20 anos, tem havido um esforço sem par dos principais ideólogos e representantes mais sensatos da burguesia para romper essa polarização e abrir brechas para uma terceira via. Com razão, eles enxergam que a polarização radicaliza o reacionarismo da direita, empurrando a esquerda não para o compromisso, mas também para a radicalização, ao mesmo tempo também em que empurra as forças de centro para a esquerda. .
Basta analisar todas as campanhas eleitorais, desde 1989, para comprovar que os setores democráticos e populares mais conciliadores acabaram sendo empurrados mais para a esquerda em função da discussão política imposta pela direita reacionária. E basta analisar, também, o fracasso e a situação a que os projetos de terceira via foram levados ao se confrontarem com o férreo tacão dessa polarização.
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Assim, olhando com realismo a correlação política de forças, não é difícil notar que há um equilíbrio instável entre o pólo à esquerda e o pólo à direita da sociedade, que dificilmente permitirá à esquerda no governo fazer o que lhe der na veneta. E, em certo sentido, a disputa polarizada que ocorre na sociedade se reflete dentro do governo de coalizão.
Nessas condições, enquanto as grandes massas populares não se puserem em movimento novamente, criando condições para o governo e a sociedade avançarem mais fortemente no rumo democrático e popular, e mesmo socialista, a esquerda continuará tendo dificuldades para carregar seus aliados por aquele rumo, e para modificar profundamente a correlação entre as forças políticas.
Nesse sentido, aquelas forças que pensam se opor à suposta conciliação burguesa do PT, Lula e Dilma, e voltam suas baterias contra o governo dirigido pelo PT, correrão sempre o perigo de se aliarem, mesmo contra a vontade, aos reais principais inimigos políticos do povo brasileiro, a conjuração PSDB-DEM.
Essas são as imposições do tacão de ferro da realidade brasileira polarizada. Os discursos e ações da última convenção dos tucanos estão aí para não deixarem que nos enganemos a respeito.
Com todo o respeito ao companheiro, mas me vejo impelido a discordar da análise nos seguintes aspectos:
ResponderExcluirO governo Lula não nasceu na contramão da mobilização social, mas é expressão do ascenso das masssas, do poder de mobilização e luta dos trabalhadores, numa aliança eleitoral com setores da burguesia, representado pelo finado José de alencar, numa nova versão de populismo. Esse é o primeiro ponto.
Segundo, faltou mensurar o papel do governo LULA no refluxo das massas, cooptando lideranças, aparelhando entidades, imobilizando movimentos sociais e neutralizando sua ação, tanto no campo como na cidade, apesar da resistência de setores como o MST.
Terceiro, a correlação de forças não é algo estático e imutável, que não possa ser alterado pela ação dos atores sociais, sobretudo o governo, que deveria alterar a composição do CDES, onde os trbalhadores tem ínfima represntatividade; que tem o poder de romper com essa ortoxia econômica, que mantém juros astronômicos e superavit primário elevado, que garante o pagamento anual de 650 bilhões ao banqueiros, ao mesmo tempo que corta 50 bilhões da área social; que tem poder para retomar o controle estatal da empresas privatizadas como a VALE, ao invés de seguir privatizando até aeroportos; que tem o poder de avançar nas reformas urbana e agrária, usando a sua ampla maioria no congresso construída com ministérios, cargos e até com mensalão.
Quarto e último ponto, é preciso estabelecer um diferencial entre a oposição sistemática, que fazem os companheiros que nunca largaram mão das bandeiras hstóricas, como o PSol e demais partidos à esquerda, da oposição casuísta, que fazem os demo-tucanos, que chega a se uma oposição pela oposição.
Mas, isso companheiro Bueres é papo pra uma gelada lá no Portela. Valeu.
Um abraço saudoso, e saudações socialistas.
Certamente!.Valeu Toquinho,obrigado pela visita e continue mandando esse cruzado de esquerda sempre.
ResponderExcluirSaudações Socialistas!
- Asta la vista nos acordes plangentes do Cafe Theatro Portela -