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terça-feira, 6 de abril de 2010

BELO MONTE NA ORDEM DO DIA...


O MVIVA (RE)COLOCA NA ORDEM DO DIA A DISCUSSÃO SOBRE A CONTRUÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE,ASSUNTO QUE TEM GERADO APAIXONADAS REFLEXÕES NOS MEIOS ACADÊMICOS, CIENTÍFICOS, POLÍTICOS E ESPECIALMENTE ENTRE A JUVENTUDE,QUE PROCURA ELEMENTOS PARA ENTENDER E DISCUTIR ESSA ESPÉCIE DE DANÇA A DOIS TEMPOS.POSTAREMOS UMA INTERESSANTE SÉRIE NO DECORRER DESTA SEMANA COM OPINIÃO DE GENTE QUE JÁ SE POSICIONOU SOBRE O ASSUNTO.ACOMPANHEM,O TEMA LITERALMENTE ELETROCUTANTE!

VEJAM O QUE DISSE:
*Cláudio Puty
Por que defendemos Belo Monte

Não há perspectiva de desenvolvimento sustentável no Pará sem energia elétrica, farta e barata, para verticalizar a produção minerária, gerar emprego e renda, aumentar a arrecadação de impostos e royalties e resgatar a dívida social com os que mais necessitam da atenção do Poder Público neste Estado.

Essas são as razões pelas quais o Governo Popular defende a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, na Volta Grande do Xingu.

Ela é apenas um exemplo do que a governadora Ana Júlia classificou apropriadamente como “salto para o futuro” em sua mensagem à Assembléia Legislativa no início deste ano.

A parceria entre os governos Lula e Ana Júlia constitui, portanto, um marco na inversão de prioridades e investimentos no Estado. O início de uma estratégia de desenvolvimento industrial que se configura, por exemplo, na implantação de uma siderúrgica em Marabá, no interior do Pará, para gerar emprego, renda e oportunidades de desenvolvimento para uma região tradicionalmente relegada ao esquecimento.

Todos acompanharam o embate para que pudéssemos assegurar esta conquista.
Fique claro, portanto, que o apoio a Belo Monte não é incondicional, acrítico e submisso.

O processo de negociação conduzido pela governadora Ana Júlia junto ao governo federal e à Eletronorte retira o Pará da condição subalterna de "almoxarifado do Brasil" para colocá-lo no centro da cena, como protagonista do desenvolvimento do País e da região amazônica.

Assegurar 20% de toda a energia que será produzida pela Usina de Belo Monte para empreendimentos locais pode viabilizar, por exemplo, a instalação de mais duas indústrias de alumina no Pará.

Isso significa cerca de US$ 900 milhões anuais em negócios, com uma renda agregada de R$ 400 milhões em salários e pagamentos a fornecedores.

A questão é simples: você não pode armazenar energia em contêineres. É preciso usá-la e isso torna possível um passo adiante da simples produção de matéria-prima em Juruti, por exemplo, para uma planta de alumina e alumínio, em Santarém ou mesmo em Altamira.

Ainda não é o que sonhamos, mas é uma mudança significativa de qualidade que nos permite, por exemplo, manter uma escola técnica em Juruti, em parceria com a Alcoa, para qualificar mão-de-obra local. Teremos emprego, renda e tudo o que vem agregado no que se refere à saúde, educação, cidadania.
Um passo depois do outro, é assim que se caminha.

É fato que a construção da usina de Belo Monte trará impactos ao meio-ambiente e não podemos negligenciar as medidas necessárias para mitigá-los.
A governadora Ana Júlia mobilizou o Estado para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu.

Em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) foi feita uma ampla consulta às populações locais, para detectar as necessidades em áreas fundamentais, como saúde, educação, regularização fundiária, meio-ambiente, dentre outras.

O resultado assegurou os R$ 3,75 bilhões a serem investidos na região pelo governo federal - 1,5 bilhão dos quais em ações de compensação socioambientais e R$ 2,29 bilhões nas áreas e população afetadas com as obras.

Ninguém quer o alagamento de Altamira e consideramos justas as manifestações da sociedade civil, inclusive as contrárias à construção da usina de Belo Monte.

O fato é que a hidrelétrica hoje tem condições de gerar energia com muito menos dano ambiental. O rigor da legislação, o papel institucional do Ministério Público, a pressão da sociedade civil sobre as empresas e sobre o próprio governo, tudo isso são constrangimentos benéficos e necessários para que se possa assegurar os investimentos sociais de que o Pará tanto se ressente.

Somos herdeiros do embate democrático e temos a oportunidade de dar um novo curso à história dos grandes projetos na Amazônia, eliminando suas conseqüências nefastas - a segregação territorial, a exclusão, os enclaves.

O novo modelo de desenvolvimento do Pará se assenta sobre obras estruturantes que só estão saindo do papel agora, graças à parceria entre o Estado e a União.

Entre elas, destacamos as eclusas de Tucuruí, que restabelecem a navegabilidade do Tocantins e viabilizam a hidrovia Tocantins-Araguaia, fundamental para a ligação entre o Porto Público de Marabá e o Porto de Barcarena, nossas janelas para a Europa e os Estados Unidos; as hidrelétricas plataformas do Tapajós, a pavimentação das rodovias Santarém-Cuiabá e Transamazônica, os investimentos de mais de R$ 170 milhões em ciência e tecnologia, o NavegaPará, enfim, uma série de ótimos temas para o debate público.


* Cláudio Puty é economista formado pela Universidade Federal do Pará, com mestrado em Teoria Econômica pela Universidade de Tsukuba, no Japão e doutorado em Economia Política pela New School for Social Research, Nova Iorque. É assessor do governo do Pará.

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