Partido de Putin perde 77 vagas; comunistas ampliam votação
O partido governista da Rússia, do primeiro-ministro Vladimir Putin, conseguiu uma maioria bastante reduzida no Parlamento nesta segunda-feira (5), depois de uma eleição manchada por várias denúncias de fraude a favor da situação. O partido perdeu 77 cadeiras nesta disputa, demonstrando o crescente desgaste do líder que manteve o poder durante mais de uma década e tem planos para retornar à Presidência no próximo ano.
O partido Rússia Unida – de Putin – obteve 49,45% dos votos no domingo, em comparação aos 64% de quatro anos atrás. A legenda garantiu 238 dos 450 assentos na Duma, a câmara baixa do Parlamento, segundo resultados quase 100% apurados. Os números representam uma perda de 77 vagas e da maioria de dois terços que o partido havia conseguido em 2007 e que permitia promover mudanças na Constituição sem grandes problemas.
O partido recebeu quase um terço de votos a menos do que em 2007, no pior revés eleitoral para Putin desde assumiu o poder em 1999. Foram 15 milhões a menos de votos.
O chefe da Comissão Eleitoral, Vladimir Churov, afirmou que, com 96% dos votos apurados, o Partido Comunista ficou em segundo lugar nas eleições, com 19,2% dos votos e 92 cadeiras. O Rússia Justa ficou em terceiro com 13,2% dos votos e 64 cadeiras, enquanto o nacionalista Partido Liberal Democrático conquistou 11,7% da votação e 56 lugares no Parlamento.
Denúncias
Mesmo este resultado já tão desfavorável ao Rússia Unida tem sido questionado por observadores internacionais e pela oposição. Todos apontam que os votos teriam sido inflacionados a favor da formação atualmente no poder. Os observadores afirmam que as eleições foram tendenciosas e favoreceram o partido governista, além de terem sido alvo de aparentes manipulações, incluindo introdução de votos nas urnas.
Já o Partido Comunista – que amplia sua representação de 57 para 92 assentos – afirmou que a eleição foi a mais suja desde o fim da União Soviética, em 1991. O líder comunista, Gennady Zyuganov (foto acima), denunciou que o partido governista sofreu uma "derrota arrasadora" nas eleições parlamentares de domingo, mas lhe deram até 15% de votos além dos que realmente obteve.
"As eleições foram absolutamente ilegítimas, tanto do ponto de vista jurídico quanto moral", afirmou Zyuganov em entrevista coletiva.
O político, que lidera a segunda força mais votada nas eleições legislativas, afirma que o partido Rússia Unida obteve 49,54% dos votos de acordo com os resultados oficiais não definitivos, mas foram "acrescentados entre 12 e 15%".
Zyuganov acrescentou que o Partido Comunista da Rússia vai defender "na rua e no âmbito jurídico" a votação obtida por sua formação no pleito. Ele anunciou que recorrerão dos resultados de pelo menos 1.600 colégios eleitorais, onde as atas não correspondem com o cômputo paralelo realizado pelos observadores comunistas.
"Apesar do roubo de votos, dobramos nossa representação parlamentar. Os 90 mandatos nos dão a possibilidade de colocar uma série de iniciativas, incluindo a apresentação de uma moção de censura ao governo", afirma.
De acordo com os resultados oficiais não definitivos, os comunistas alcançaram quase o dobro dos votos obtidos há quatro anos.
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