Visita de Erundina ao Doi-Codi é vetada pelo Exército
deputada Luiza Erundina |
Os senadores da subcomissão da Verdade, Memória e
Justiça da Comissão de Direitos Humanos do Senado João Capiberibe
(PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) não vão mais visitar o Doi-Codi
do Rio, um centro de tortura na ditadura. A visita estava prevista para a
próxima sexta-feira, em acordo com o Ministério da Defesa e o Comando
do Exército. Diversas barreiras vem sendo colocadas à visita, e a mais
recente foi o veto à deputada Luiza Erundina (PSB-SP). O Ministério da
Defesa informou que esse assunto será objeto de tratativas nesta terça e
quarta e que aposta numa solução que resolva o impasse.
Desde que foi combinada a diligência, no início de setembro, os
assessores parlamentares do Exército vêm negociando com os senadores
como vai se dar a visita. Presidente da subcomissão da Memória,
Capiberibe afirmou que foram colocadas muitas objeções por parte dos
militares. Um dos assessores parlamentares do Exército comunicou ao
gabinete de Capiberibe que estava vetada a ida de Erundina ao Doi-Codi.
Ela é presidente da mesma subcomissão na Câmara e autora de um projeto
que prevê a revisão da Lei da Anistia para que agentes do Estado que
cometeram violações como torturas, mortes e desaparecimentos sejam
julgados e punidos.
Desde o início, os militares queriam restringir a visita aos dois
senadores e a representantes da Comissão da Verdade do Rio, que já foi
impedida de visitar o prédio há algumas semanas. Capiberibe vai enviar
um oficio ao ministro da Defesa agradecendo o convite e comunicando o
cancelamento da visita. Amanhã, quarta-feira, os senadores vão colocar
em votação requerimento de autoria de Randolfe que aprova visita de um
grupo ao Doi-Codi.
— E ali vamos colocar os nomes que desejarmos, sem interferências do
Exército, inclusive da deputada Luiza Erundina — disse Capiberibe.
Randolfe disse que, desde o início, os militares demonstravam receio com a visita
— Os militares vinham tratando essa visita como uma coisa do outro
mundo. Havia um cerco dos militares. Não vejo como algo extraordinário,
mas uma diligência qualquer, como a qualquer órgão público. Ouvimos dos
militares que não poderíamos criar constrangimento às Forças Armadas. E
esperamos é que as Forças Armadas não causem constrangimento à
democracia com esses vetos e impondo tantas limitações — disse Randolfe
Rodrigues.
O GLOBO
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