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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

'Caminha-se para a candidatura de Eduardo Campos', diz presidente do PT


Rui Falcão, deputado estadual e presidente nacional do PT
Em meio à conturbada relação entre PT e PSB, o presidente nacional petista, deputado estadual Rui Falcão (SP), afirmou em entrevista à Folha enxergar uma movimentação concreta do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014.



A candidatura de Eduardo Campos é útil para o PT
Falcão diz que o pernambucano tem "direito" de se lançar na disputa pelo Palácio do Planalto e "legitimidade para isso". "No momento, caminha-se para a candidatura de Eduardo Campos", resumiu.
Questionado se a decisão do governador do Ceará, Cid Gomes, de deixar o PSB e levar com ele 38 prefeitos e alguns deputados, não atrapalha ainda mais a relação entre os partidos, o presidente petista afirma que é preciso "pensar na governabilidade" e classifica a saída de Cid como "natural" e de "coerência política".
"Precisamos pensar na governabilidade e na reeleição da presidente Dilma, que vai requerer apoio num eventual segundo turno como, num segundo governo, queremos contar com a solidariedade e o apoio do PSB", explica.




Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
Folha - O PT decidiu manter os cargos nos governos estaduais comandados pelo PSB. Como essa decisão foi tomada? O ex-presidente Lula participou da deliberação? Rui Falcão - Foi uma decisão unânime do PT. A eleição de 2014 vai se dar dividindo os campos: de um lado, os partidos que têm interesse na continuidade das reformas políticas do projeto iniciado pelo presidente Lula e, do outro, PSDB, DEM e PPS, que vêm fazendo oposição ao nosso governo e têm outro projeto para o país. Consideramos que o PSB faz parte desse bloco que quer mudanças. Daí a intenção de continuarmos juntos em 2014. O presidente Lula não participou dessa discussão, embora sempre tenha se posicionado a favor da manutenção da aliança PT-PSB.
O ex-presidente Lula sempre foi contrário à entrega de cargos do PT em governos estaduais do PSB. Essa é também a posição do senhor?
Sim. Opinei nesse sentido na reunião da Executiva. Anteriormente, tinha debatido com os companheiros do Ceará e de Pernambuco para que esperassem a deliberação da Executiva para que pudéssemos ter uma orientação nacional sobre a entrega ou não dos cargos no Estados.
O governador do Ceará, Cid Gomes, 38 prefeitos e alguns deputados que apoiam a presidente Dilma estão de saída do PSB. Isso não complica ainda mais a relação do PT com o partido?
A decisão do governador Cid Gomes é de coerência política visto que há muito ele vem se pronunciando contra uma candidatura própria de seu partido à Presidência da República em 2014 e tem hipotecado apoio à presidente Dilma Rousseff e, portanto, tendo clareza dessas posições e tendo sido voto vencido na reunião da Executiva Nacional do PSB, nada mais natural que ele busque outro partido.
Parece que não há mais espaço dentro do PSB para um grupo que apoie a presidente Dilma. A relação PT-PSB não será ainda mais prejudicada?
Acho que temos que manter, mesmo na hipótese da candidatura do governador Eduardo Campos (PE), que é um direito e ele tem legitimidade para isso, relações políticas civilizadas. Qualquer disputa deve se dar no debate das ideias e no contraste de propostas, até porque em alguns Estados provavelmente estaremos juntos e precisamos pensar na governabilidade e na reeleição da presidente Dilma, que vai requerer apoio num eventual segundo turno como, num segundo governo, queremos contar com a solidariedade e o apoio do PSB.
O senhor considera a possibilidade de Eduardo Campos não ser candidato à Presidência em 2014 ou esse é um cenário que está posto?
Um setor do PSB tem se manifestado afirmando a tese da candidatura própria para o PSB, até como estratégia para fortalecer o partido, criar bancadas mais numerosas. No momento, o que dá pra perceber é que se caminha para a candidatura de Eduardo Campos à Presidência. Mas como há tempo ainda, precisamos ver se isso se viabiliza até o ano que vem, que é o prazo para que ele tome uma definição.
Os ministérios que eram do PSB no governo federal --Integração Nacional e Secretaria dos Portos-- devem ir para o PMDB ou devem contemplar outro partido da base?
Essa é uma decisão que cabe à nossa presidenta, que tem competência para nomear e demitir ministros.
Durante a reunião da Executiva do PT, na segunda-feira (23), o senhor saiu para um encontro com o ex-presidente Lula. Conversaram sobre a questão do PSB?
O presidente Lula tinha pedido para que eu fosse ao Instituto Lula, inicialmente, às 10h30. Como havia a reunião da Executiva, pedi que fosse adiado para o meio-dia. Tratamos exclusivamente dos projetos de minirreforma eleitoral e do Grupo de Trabalho sobre o tema coordenado pelo deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) na Câmara. Não tive tempo nem condições de falar do PSB naquele dia.
O senhor já sabia que a Executiva soltaria uma nota no fim do dia contrária à minirreforma defendida por Vaccarezza. Falou isso diretamente para o deputado?
Informei ao Vaccarezza e ao presidente Lula que minha posição pessoal era a de não votar a minirreforma e que discordava de vários pontos do Grupo de Trabalho, sobretudo os que propõem a coincidência das eleições no mesmo ano e o fim da reeleição. Mas não houve nenhuma deliberação ali. Minha posição pessoal foi manifestada na reunião da Executiva e se transformou em uma decisão partidária.
O ex-presidente Lula se posicionou quanto ao apoio ou não do PT à minirreforma?
Não. Sei que ele tem opinião contrária ao fim da reeleição e à coincidência das eleições no mesmo ano, mas ele falou isso de passagem e ali não estávamos para deliberar nada.
O ex-presidente Lula disse que "está no jogo" e que terá o papel que Dilma quiser na eleição. Com a crise na base aliada, principalmente nos Estados, qual será a importância dele em 2014?
Como ele não ocupa mais a Presidência da República, o presidente Lula terá mais liberdade e tempo para fazer campanha. Terá um papel de grande liderança popular. Está à disposição do PT para a formação de alianças nos Estados e na composição do palanque nacional.
O PT soltou uma única nota sobre o julgamento do mensalão e o ex-presidente Lula até agora não se pronunciou sobre o tema. O partido dá o suporte e o respaldo necessários para os condenados?
Na minha opinião, sim. Quero crer que nós fizemos tudo o que o partido deveria fazer. Nessa fase, é importante reafirmar a nossa opinião e, ao mesmo tempo, acentuar no julgamento dos embargos infringentes que qualquer reafirmação de condenação deveria se basear em provas. Como nós entendemos que foram condenados sem provas [os petistas], esperamos que as penas sejam revistas. Esse é o momento de desmascarar o que foi uma acusação sem provas.
O senhor vê um esgotamento político no modelo de governar do PT?
Acho que é um modelo que precisa ser aprofundado com a realização de algumas reformas que têm sido travadas. A reforma do sistema político-eleitoral; a reforma tributária, com caráter progressivo, que retire o ônus da tributação sobre o emprego e a produção; a reforma urbana, com a questão da mobilidade urbana; e a democratização dos meios de comunicação, que não se trata de censura ou controle de conteúdo, mas de fazer cumprir o que diz a Constituição. 

Fonte: Folha de São Paulo

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