A notícia de que
a utilização da Base Espacial de Alcântara para o lançamento de peças e
foguetes com componentes norte-americanos estaria entre os assuntos que
seriam discutidos por Dilma e Obama, caso tivesse sido realizada a
visita de Estado aos EUA, nos leva a refletir sobre outro aspecto
importante da relação entre os dois países e o futuro da política
espacial brasileira.
Apesar do compromisso –
a meu ver equivocado – de o Brasil não desenvolver armamento atômico,
os EUA tem deixado clara a sua oposição ao desenvolvimento autônomo de
foguetes de longo alcance pelo nosso país, e, a partir deles, de
mísseis que pudessem vir a ser utilizados para transportar ogivas
nucleares.
A política espacial brasileira tem, no momento, duas vertentes: uma, comercial, está voltada para a futura utilização do Centro Espacial de Alcântara – localizado, estrategicamente, na linha do Equador, o que permite uma economia em combustível de cerca de 30% – para o lançamento de satélites, por meio da ACS - Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional criada pelos governos do Brasil e da Ucrânia.
A política espacial brasileira tem, no momento, duas vertentes: uma, comercial, está voltada para a futura utilização do Centro Espacial de Alcântara – localizado, estrategicamente, na linha do Equador, o que permite uma economia em combustível de cerca de 30% – para o lançamento de satélites, por meio da ACS - Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional criada pelos governos do Brasil e da Ucrânia.
A outra, mais
estratégica, é a de prosseguir com o desenvolvimento, independente, do
VLS – Veículo Lançador de Satélites, projeto que já passou por inúmeros
percalços, entre eles, a polêmica explosão de um foguete e de uma
plataforma de lançamento, em 2003, na qual morreram 21 técnicos
brasileiros.
O prosseguimento dos dois programas tem esbarrado em vários fatores.
A disputa pela área em
que se situa a Base de Alcântara, entre a Aeronáutica e comunidades
quilombolas remanescentes - restringindo o espaço destinado às
atividades espaciais - é o mais imediato deles.
O segundo é a negativa
dos EUA em permitir o lançamento desde o território brasileiro de
equipamentos com peças e componentes norte-americanos - o que inclui a
maioria dos satélites construídos nos países ocidentais.
É esse tema que seria tratado pela Presidente Dilma nos Estados Unidos.
Como já é detentora de
tecnologia espacial, o interesse da Ucrânia é comercial e não
estratégico. O país acredita, ingenuamente, que poderia ter acesso a
mais clientes se o Brasil aceitasse as restrições norte-americanas. Mas
os ucranianos se esquecem que os EUA (ou suas empresas), que já
concorrem com outros países, como a França, não teriam – mesmo se fossem
atendidos - o menor interesse em facilitar a entrada de mais um
concorrente, como é o caso da ACS, no mercado internacional de
lançamento de satélites.
Transferindo-se, no
futuro, a base de lugar - ou expandindo as instalações para fora da área
em disputa - o Brasil teria duas saídas.
Como foi feito com a
França, no caso do submarino nuclear brasileiro, tentar um acordo com a
Ucrânia para a conversão do projeto da ACS em um programa não mais
comercial, mas estratégico - pagando pela tecnologia.
Ou concentrar todos os
esforços no VLS, desenvolvendo localmente as peças que não podemos
importar, com a contratação de cientistas estrangeiros.
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