Foi realizado, na
madrugada do último sábado, 28, no Hospital Porto Dias (HPD), o primeiro
transplante de fígado do estado do Pará e Região Norte, um momento
histórico para a medicina paraense, que até então só realizava
transplante de córnea e rim. O beneficiado foi um jovem de 20 anos,
morador de Tucuruí, que sofria com doença hepática crônica desde 2007 e
recebeu o órgão de um jovem de 22 anos, vítima de acidente de
motocicleta do município de Santarém.
A doação aconteceu
coincidentemente no dia 27 de setembro, data em que se comemora o Dia
Nacional de Doação de Órgãos. Nesse mesmo dia, uma equipe de cirurgiões
de Belém embarcou rumo a Santarém para captar o órgão, que chegou à
capital paraense no início da madrugada de sábado direto para a sala de
cirurgia, onde o paciente receptor já aguardava para recebê-lo.
O cirurgião e
coordenador da equipe que fez o transplante, Paulo Soares, informou que
há oito anos a equipe médica vinha se preparando para esse momento. E
relatou que a cirurgia teve duração de dez horas, contando com a
participação de cinco cirurgiões, um intensivista e um hepatologista -
na verdade uma equipe multidisciplinar - totalizando 12 pessoas. “O
paciente está evoluindo satisfatoriamente, mas as primeiras horas após o
transplante são fundamentais para evitar complicações, por isso ele
permanece o tempo todo monitorado”, explicou o médico.
Paulo Soares
lembrou que o Brasil tem o maior programa público de transplantes do
mundo e é o segundo país que mais realiza esse procedimento, ficando
atrás apenas dos Estados Unidos, incluindo transplante com órgãos de
falecidos e intervivos. "Porém, no que se refere ao transplante de
fígado, aqui no Pará a prioridade é utilizar órgão de doador falecido,
para evitar colocar um doador vivo em risco, o que não significa que
esse procedimento não será feito futuramente", explicou.
Sobre a fila de
espera por um fígado no Pará, Soares explicou que ela está sendo formada
agora, porque até então todos os pacientes que precisavam de
transplante de fígado tinham que ir para outros estados, como o Ceará.
No entanto, no Pará, os médicos da área sabem da existência de 100
pacientes que precisam de transplante de fígado, porque nem todos têm
condições de se deslocar para outros estados.
Por outro lado, o
Pará sempre foi um captador de fígado e desde 2004 mais de 130 órgãos
foram captados pelo Hospital Ophir Loyola (HOL) e disponibilizados à
Central Nacional de Transplantes (CNT). O médico cirurgião informou,
ainda, que conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 20
pessoas por cada grupo de um milhão de habitantes precisam de
transplante em todo o mundo anualmente, daí a importância da doação de
órgãos.
Ainda segundo Paulo
Soares, para estabilizar o programa de translantes no Estado há
necessidade de se aumentar a doação de órgãos, "por isso a população
precisa se conscientizar que a doação é um procedimento seguro e bem
feito. Está faltando a cultura da doação e para isso é fundamental o
apoio da mídia, porque sem doação não há transplante”, afirmou. Na
Amazônia, as principais causas que levam à necessidade de transplante
hepático são as hepatites B e C. “O custo de uma doença hepática crônica
é mais alto do que um transplante, e o transplante é a única forma de
reverter esse quadro”, assegurou o médico.
Estatística –
Este ano, o Pará realizou 155 transplantes de córnea e 29 de rim, mas há
580 pacientes na fila de espera por uma córnea e 904 por um rim. Para
ser doador de órgão, basta que o indivíduo declare essa vontade e
comunique a sua família.
Serviço: A
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO)
funciona no Nível Central da Sespa. Informações: (91) 4006-4284
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