O MViva!, espaço aberto, independente, progressista e democrático, que pretende tornar-se um fórum permanente de ideias e discussões, onde assuntos relacionados a conjuntura política, arte, cultura, meio ambiente, ética e outros, sejam a expressão consciente de todos aqueles simpatizantes, militantes, estudantes e trabalhadores que acreditam e reconhecem-se coadjuvantes na construção de um mundo novo da vanguarda de um socialismo moderno e humanista.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ANA JÚLIA, HELDER BARBALHO E OS TUCANOS SOCADOS NA GRANJA DO ICUÍ

Populares querem ocupar Granja do Icuí (Foto: Celso Rodrigues/Diário do Pará)

A Granja do Icuí já foi uma bela propriedade pertencente ao povo do Estado do Pará. 

Localizada na Região Metropolitana de Belém, cercada de árvores frutíferas, virou um importante refúgio para diversas espécies de pássaros, que atravessam para o continente vindos das varias ilhas que compõe o município de Ananindeua, sempre as voltas com a devastação selvagem do meio ambiente, umas das marcas mais fortes do município. 


Tinha a Granja do Icuí boa boa infraestrutura e bons equipamentos, incluindo guarita com guarda militar, 24 horas de segurança por dia, jardins bem cuidados e um clima saudável, agradável e tranquilo. Por todas essas vantagens, o local serviu de moradia oficial afastada para os últimos governadores papa-chibés. 

Para não falar de todos, lembremos do doutor Almir Gabriel, médico de profissão que, nas horas vagas, cuidava no pomar do Icuí de uma invejável coleção de raras orquídeas enquanto governava. 

Em 2006, depois de ser eleita pelo PT ao governo do Estado, Ana Júlia Carépa, recusou-se a habitar a tropical mansão, preferindo que a aprazível área verde pública, fosse colocada a disposição da COHAB, para construção de casas populares, tendo preferido ir morar com a família em um dos mais conhecidos condomínios de luxo da capital. 

Por conta dessa opção, a nova governadora sofreu um  inevitável  desgaste político e pessoal, especialmente da parte dos cidadãos de Ananindeua  que, muito ilusoriamente, sentiam-se mais protegidos e menos excluídos, por contar com a ilustre presença do mandatário maior do Estado habitando aquele bosque. À bem da verdade, a presença da figura do governante no Icuí, servia apenas  como um - falso - reforço moral, mas no imaginário popular, bem ou mal, referenciava o município. 



A despeito de ótimos acertos e realizações inquestionavelmente positivas de seu mandato, muitos interpretaram o gesto de Ana Júlia, como uma atitude insensível e decepcionante: primeiro porque se tratava de um dos raros patrimônios ambientais preservados do município e, caso o seu plano se concretizasse,  fatalmente levaria a Granja do Icuí à degradação, se perderia no rumo do tijolo, cimento, asfalto e do desmatamento. Segundo porque a 'desfeita' da governadora, geraria uma nova e desnecessária onda de despesas, entre outros custos, referentes à nova acomodação e moradia, um capricho que, no juízo da maioria dos contribuintes, geraria um prejuízo absolutamente desnecessário, um gesto perdulário. 

No final do seu segundo mandato, em 2012, o então prefeito do PMDB, Helder Barbalho - que fora reeleito graças ao decisivo esforço e apoio da governadora petista, já havia forjado uma opinião contrária quanto ao destino expressado por Ana Júlia; se articulou com os tucanos - com os quais, hora e meia o PMDB se aliava, pontualmente -  com a força da sua própria bancada e, com o apoio da parte jardista do PT local, conseguiu que a Granja do Icuí fosse doada pelo governador Simão Jatene, e destinada para a construção de um fundamental complexo de ensino superior técnico, onde seriam instalados os núcleos da Universidade Federal (UFPA) e do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPA), primeiras instituições que teriam  fechado parcerias para a criação do polo. 

O então  prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, informou que já estava dialogando com a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) para que fizessem parte desse projeto. “Temos certeza que conseguiremos agregar outros parceiros para oferecer aos estudantes do Pará e de Ananindeua, mais especificamente, um verdadeiro polo de capacitação e conhecimento”, disse. Ainda de acordo com o Helder, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também pretendia se instalar no complexo universitário uma escola de inovação na área de mineração.

A previsão era que as aulas no polo tivessem início antes do final de 2011. As obras do núcleo do IFPA já teriam iniciado e o instituto deveria ofertar 1.200 vagas em 35 cursos de nível técnico. Cada unidade teria sua estratégia isolada na oferta dos cursos, sendo que a previsão inicial era que quatro mil vagas de Ensino Superior e Técnico fossem disponibilizadas.

Este destino nobre para a Granja do Icuí, gerou grande simpatia  e muito alegrou a maioria da população ananin, que, impotente, assiste diariamente a uma escalada macabra de violência e sangue, ações que são praticadas por jovens de baixa escolaridade e nenhuma formação; sem falar que, ao ser ocupado por mestres e gestores ligados ao campo do ensino e educação,  estaria garantida a preservação ambiental da Granja.


 O contrato de doação do imóvel à Prefeitura Municipal de Ananindeua foi assinado pelo governador Simão Jatene, aliado pontual de Helder, durante uma cerimônia realizada na Granja, que discursou bonito:

“A questão da educação não deve ser vista com uma questão de futuro. A educação tem que se tratada como uma questão urgente, que deve ser resolvida aqui, agora. E a universidade tem um duplo e permanente papel: de dar universalidade ao que existe de especifico e de tornar especifico o saber universal. Por isso, que quando tive a primeira conversa com o prefeito de Ananindeua sobre a doação do terreno da Granja, eu nem pensei duas vezes e concordei com a iniciativa”, declarou o chefe do Executivo Estadual.

Fato é que, tanto Ana Júlia, quanto os Barbalhos, foram depois derrotados pelos tucanos niilistas, que conquistaram o governo do Estado e do Município, sabe-se agora, sem contar com nenhum bom projeto. O governo Ana Júlia, apesar de todos os pesares,  hoje é tido até pelos seus adversários mais duros, pelo forte legado deixado no interior do Estado e dentro da capital, como melhor e mais avançado que o atual, arrastado por jatene, cuja principal marca, foi não ter construido nenhuma marca.


Possivelmente alguém dirá que foi o abandono total sofrido em razão do turbilhão burocrático que exige toda transição de alto porte. Mas o pior castigo que poderia acontecer neste caso, para toda Ananindeua e região metropolitana, foi a canastrice e a hipocrisia dos políticos envolvidos. Quem perdeu triplamente foi a sociedade: primeiro perdeu uma grande oportunidade de ver preservado um pulmão verde, espaço ambiental e institucional especial; depois perdeu a chance da construção de novos conjuntos habitacionais; em seguida perdeu a chance da implantação de sagrados centros de formação técnica para salvação de parte da juventude azarada, que se blindaria com o escudo da formação e da educação, única resistência possível contra a marginalidade. 
Os aliados pontuais, Jatene e Helder
Esse desfecho ridículo e socialmente covarde, todos em Ananindeua o sabem, acontece somente porque passou o tempo e não existiu da parte da prefeitura, idem do atual Governo do Estado, o devido interesse no avanço do vital projeto, em parte pela incompetência administrativa, mesquinharia ideológica e falta de empenho político do atual prefeito, Manoel Pioneiro do PSDB (abaixo, á direita na imagem) ...
 
cujo chefe político dispõe de poder, governa o Pará, mas sofre de uma clara atrofia de visão estratégica, que não permitirá jamais que a história o trate como um 'estadista' local.

Frustraram-se as expectativas, frustraram-se as esperanças...

A falta de execução do projeto contribuiu para que a bela área se transformasse em objeto de cobiça de uma minoria de cafajeste e mercenários de todos os calibres - alguns veteranos de outras invasões, como por exemplo, a que foi realizada na Avenida do Trabalhadores, extensão da Avenida Independência,  que depois de loteada foi 99%  revendida por testas de ferro para comerciantes, empresários e  religiosos espertalhões, que hoje encontram-se soberbamente instalados em lojas, grandes templos e modernos prédios de bom porte, edificados nos terrenos valorizados por estarem localizados em vias de grande movimento, patrimônios que servem como lastro bancário, que foram 'comprados' por uma verdadeira ninharia.  

É lógico que pessoas verdadeiramente carentes em nível de moradia, principalmente os milhares de irmãos batalhadores chegados no desamparo na boleia de 'paus de araras' da baixada do Maranhão, entre outros, vindos das periferias da capital e do interior do nosso Estado, que são usados como massa de manobra eleitoral. 

Há quem mais se interesse pelas invasões?

Há quem aplauda de pés a decisão do TRE-PA, que escolheu Ananindeua como prioridade para instituir a biometria como exigência padrão para validação dos novos título para os seu eleitores. Difícil para quase ninguém, será entender o por quê da gritante ausência de tantos outros milhares de eleitores "ananis", que não compareceram para atualizar suas cédulas eleitorais. haja reza braba e 'pau de arara' para tanto fantasma!.

Do jeito que vão as coisas, nos resta somente aguardar a mais nova favela, com todas as suas covas e mazelas?.


Palavras, são palavras, nada mais que palavras...


Sobre o uso e destino do pulmão verde que tem cerca de 240 mil m².  “Para nós, que trabalhamos com a educação, este é um um sonho que está se tornando realidade. Todos ganham com esta iniciativa do Governo do Estado e da Prefeitura de Ananindeua, que fará com que o Pará se torne uma referência no ensino com a criação deste complexo educacional”, afirmou o (deposto) reitor do IFPA, Edson Ary Fontes.

8 comentários:

  1. É como disse Cornelius Castoriadis no século passado no texto "A impotência da política":

    "Os dirigentes políticos são impotentes. A única coisa que podem fazer é seguir a corrente, ou seja, aplicar a política ultraliberal da moda. Os socialistas não fizeram outra coisa desde que voltaram ao poder. Não se trata de políticas, mas de políticos, no sentido de politiqueiros. Gente que caça voto de toda e qualquer maneira. Não têm programa algum. O seu objetivo é permanecer no poder ou voltar ao poder e para isso são capazes de tudo".

    ResponderExcluir
  2. O projeto de crescimento das esquerdas na Amazônia paraense estagnou pela dispersão moral e ideológica do PT paraense,que incorporou um forte complexo de vira-latas. Acabou perdendo o rumo e entregando o pescoço à uma coleira de forca que é puxado pelas mãos dos Barbalhos. Reage, PT !

    ResponderExcluir
  3. Em 2014 acontecerá a eleição da vingança.Vencerá aquele que tiver menos rejeição. Há um vazio entre Jatene e Barbalhos,

    ResponderExcluir
  4. Maninho?. Será que alguém ainda tem alguma dúvida que aqui no Pará o PT e o PMDB não confiam um no outrow?. Pode ocorrer sim, que o pmdb ganhe as eleições com a ajuda de um grande arco de alianças (balaio de gato pra nem o capeta botar defeito),incluindo o Partido dos Trabalhadores. Só que qdo chegar a hora da partilha,será mais fácil os Barbalhos partilharem o poder com a bancada tucana,porque confiam mais nos bicudos de Jatene, que c/ nos vermelhos. Quem viver,verá! :)

    ResponderExcluir
  5. O blogue não publicou meu comentário anterior,acho que fui mal interpretada. Em momento nenhum me ocorreu fazer nenhum tipo de crítica que não fosse respeitosa à ex-governadora Ana Júlia. O sentido do comentário foi duro,mas construtivo.Acredito que ela,ou qualquer outra figura pública pública que exerceu o poder,estará sujeita para sempre as interpretações da história.O PT assumiu o poder em 2006 sem possuir quadros competentes, as secretarias foram fatiadas por tendências, e faltou um comando que Ana Júlia não teve competência para impor. Por isso ouve a debandada do PMDB. Quanto aos " brióches" ofertado ao povo de Ananindeua,quero retificar, foi um menção direta referente ao desapego que ela manifestou com relação a Granja do Icuí,não contra o povo de Ananindeua.

    ResponderExcluir
  6. Não existe blog que se preste a fazer censura para os comentários não assinados por seus leitores, mesmo porque toda forma de autoritarismo é abjeto. O anonimato faz parte do jogo, e acima de tudo é um direito democrático. Mas já avisamos aqui varias vezes, que não publicaremos ofensas pessoais,baixarias,comentários toscos e indecorosos,desconectados com as questões políticas. O ideal seria que todos se identificassem, assim a interação entre o crítico e o criticado seria direta e transparente.

    ResponderExcluir
  7. Existe um vazio político tão grande no Pará, que qualquer um que não tenha o sobrenome Jatene, Barbalho ou Carepa, tem reais chances de se eleger correndo por fora da raia. Foi assim em 1996, quando o desconhecido Edmilson Rodrigues se elegeu pela primeira vez, depois que a sociedade rejeitou as candidaturas de Dona Elcione Barbalho.X Hélio Papudinho Gueiros.Quem se habilita?.

    ResponderExcluir
  8. OLHANDO ESSA FOTO DA DERRUBADA DO MURO DA GRANJA, RECONHEÇO OS MALANDROS QUE VIVEM NAS ESQUINAS FUMANDO E VENDENDO DROGAS, SÓ VAGABUNDO, PILANTRA DA PIOR ESPÉCIE,, SEM TERRA MUDOU DE NOME, AGORA É SEM DROGA

    ResponderExcluir