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Henning Albert Boilesen (1916-1971) (foto) foi um empresário nascido na Dinamarca que se naturalizou brasileiro. Presidente da Ultragas e anticomunista ferrenho, ele foi um dos que mais incentivou o financiamento da repressão por empresários durante a ditadura militar. Essa "ação entre amigos" foi fundamental para a montagem da Oban (Operação Bandeirante), origem dos DOI-Codis, o núcleo duro do aparelho assassino repressivo da ditadura.
A Oban transformou a tortura artesanal do Estado Novo em método "científico", como fizeram a Gestapo e os franceses durante a Guerra da Argélia. Mas Boilensen não apenas foi o pivô do financiamento da Oban; ele se comprazia em assistir pessoalmente, no DOPS ou no quartel da rua Tutóia, às sessões de tortura contra prisioneiros políticos.
Justiçamento de Henning Albert Boilesen – 15/04/1971
Carlos Lamarca mandou por André Camargo Guerra, do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), para Herbert Eustáquio de Carvalho (Daniel), da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um bilhete com três nomes:
Henning Albert Boilesen – diretor do Grupo Ultra; Peri Igel – presidente do Grupo Ultra; e Sebastião Camargo – presidente da Construtora Camargo Correia.
No seu bilhete, Lamarca marcou com uma cruz o nome de Boilesen, indicando- o como o primeiro a ser “justiçado”.
O levantamento dos hábitos de Boilesen começou na segunda quinzena de janeiro de 1971 e dela participaram: Devanir José de Carvalho, Dimas Antônio Casemiro, Gilberto Faria Lima e José Dan de Carvalho, pelo MRT; Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, pela ALN; e Gregório Mendonça e Laerte Dorneles Méliga, pela VPR.
Em 5 de abril de 1971, Devanir José de Carvalho, (foto abaixo) um dos que participaram do levantamento, morreu quando, em seu “aparelho”, enfrentou agentes do DOPS.
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A “frente”, que recebeu o nome de “Comando Revolucionário Devanir José de Carvalho”, era formada por três organizações da resistência civil legalista e patriótica: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR); Ação Libertadora Nacional (ALN); Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT).
15 de abril de 1971
Quando Boilesen entrou com seu carro na Alameda Casa Branca, dois carros com os contra-golpistas emparelharam com o dele. Pela esquerda, o camarada Yuri, colocando um fuzil para fora da janela, disparou um tiro que raspou a cabeça de Boilesen. Este saiu do automóvel que dirigia e correu em direção contrária ao movimento dos veículos. Foi inútil. José Milton Barbosa, guerrilheiro da resistência que vinha pela direita, descarregou sua metralhadora no empresário.
O revolucionário Yuri desfechou-lhe mais três tiros de fuzil. Cambaleando, Boilesen arrastou-se mais alguns metros e caiu na sarjeta.
Aproximando-se, Yuri disparou mais um tiro que lhe arrancou a maior parte da face esquerda.
Sobre o corpo de Boilesen, atingido com 19 tiros, Joaquim Alencar Seixas e Gilberto Faria Lima jogaram panfletos anti-golpistas, dirigidos Ao povo brasileiro, que traziam o seguinte aviso:
“Como ele, existem muitos outros e sabemos quem são. Todos terão o mesmo fim, não importa quanto tempo demore. O que importa é que sentirão o peso da Justiça Revolucionária. Olho por olho, dente por dente.”
Participaram da ação revolucionária de eliminação do colaboracionista Boilesen: Joaquim Alencar Seixas (Roque), do MRT; Dimas Antônio Casemiro (Rei), do MRT; Yuri Xavier Pereira (Big), da ALN; Antônio Sergio de Matos (Uns e Outros), da ALN; José Milton Barbosa (Cláudio), da ALN; e Gilberto Faria Lima (Zorro), da VPR.
A memória desse cápítulo da História do Brasil foi resgatada no filme, Cidadão Boilensen, de Chaim Litewski (trailer:http://www.youtube.com/watch?v=9TrocKiappo)
Em tempo:
Em 2009 morreu, aos 96 anos, o ex-embaixador americano no Brasil Abraham Lincoln Gordon, ele foi peça fundamental na garantia de apoio logístico dos EUA ao golpe 'cívico-militar' de 1964 - o que acabou não sendo necessário.
Gordon sempre negou sua participação nos eventos, mas ela foi confirmada por documentos oficiais americanos desclassificados. O diplomata era tão próximo do governo militar chefiado pelo marechal Castello Branco que, na época, se popularizou uma frase cunhada por Otto Lara Resende: "Chega de intermediários; Lincoln Gordon para presidente!"
João Goulart e o embaixador Lincoln Gordon, em 1961, no Palácio das Laranjeiras
. Gordon sempre negou sua participação nos eventos, mas ela foi confirmada por documentos oficiais americanos desclassificados. O diplomata era tão próximo do governo militar chefiado pelo marechal Castello Branco que, na época, se popularizou uma frase cunhada por Otto Lara Resende: "Chega de intermediários; Lincoln Gordon para presidente!"
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