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John Profumo, secretário de Guerra do Reino Unido em 1963 |
Há 50 anos estourou na Grã
Bretanha o chamado Caso Profumo, talvez o primeiro escândalo cujas conotações
sexuais tenham sido mais amplamente exploradas pela mídia do que suas dimensões
políticas. John Profumo, então secretário da Guerra do Reino Unido, envolveu-se
com uma bailarina chamada Christiane Keeler. Até aí, tudo bem; na época os
jornais britânicos e anglo-saxões eram extremamente discretos com as puladas de
cerca de seus líderes. O problema é que Keeler também tinha um caso com Yevgeny
Ivanov, adido naval da embaixada soviética em Londres e tido como espião pelo
MI-5 (serviço de contra-espionagem britânico).
Os rumores do triângulo
amoroso vieram à público em 1962; em março de 1963 Profumo foi obrigado a prestar
esclarecimentos à Câmara dos Comuns. Mas ele não só negou que tivesse qualquer relação
com Keeler como também ameaçou processar os deputados por calúnia, injúria e
difamação se o assunto saísse daquele âmbito, a Câmara dos Comuns (vejam só
como eles eram discretos naqueles tempos pré 1968...).
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A" femme fatale" |
A preocupação dos comuns se
justificava, pois na época a Guerra Fria estava em seu apogeu. O affair do secretário da Guerra com a
bailarina não era uma questão de mera infidelidade conjugal, como aconteceria décadas
mais tarde com o presidente americano Bill Clinton e a estagiária charuteira Monica
Lewinsky, mas um problema de segurança nacional. Afinal, fazia poucos meses que
o mundo havia escapado de uma hecatombe nuclear com a crise dos mísseis de Cuba
(outubro de 1962), quando EUA e URSS quase apertaram os botões. Que segredos de
Estado o secretário da Guerra poderia ter revelado na alcova a Keeler e esta ao
amante e espião soviético?
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Christiane Keeler, em fotos de Lewis Morley |
O caso resvalou para o escândalo
sexual quando fotos de Keller em poses eróticas, tiradas por Lewis Morley em maio
daquele ano, foram publicadas pelo Daily
Mirror, que obteve uma cópia sem autorização do fotógrafo. O affair pegou fogo e em junho Profumo acabou
confessando que mentira e renunciou. O governo do primeiro-ministro conservador
Harold Mcmillan cairia meses depois. E o médico que apresentou Keeler a
Profumo, o dr. Stephen Ward, suicidou-se. A moral ainda era vitoriana, mas a prática
desonesta do Mirror e a exploração sensacionalista de escândalos de
celebridades se tornaria um padrão na mídia britânica e mundial.
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