O presidente Giorgio Napolitano |
A eleição do próximo
presidente da República italiano, que é indireta (feita pelo Parlamento), está mostrando
duas coisas: 1) Tornou-se mais complicada do que um Conclave para eleger o bispo
de Roma; e 2) A esquerda italiana não precisa de adversários; suas divisões
internas bastam.
A sucessão do presidente
Giorgio Napolitano tem de ser realizada mesmo na falta de um governo, já que
ninguém conseguiu formar um gabinete depois das eleições gerais de março. Para
ganhar, o candidato tem que conquistar 2/3 dos 1.007 eleitores (630 deputados, 319
senadores e 58 delegados regionais) em uma das primeiras três rodadas. A partir
da quarta, basta conseguir a maioria simples para se eleger o presidente da República.
O ex-dirigente do PD Pierluigi Bersani |
Pois bem: Pierluigi Bersani,
líder do Partido Democrático, sucessor do outrora poderoso Partido Comunista
Italiano, tentou emplacar a candidatura do ex-sindicalista católico Franco
Marini. Para tanto, buscou o apoio do arqui-inimigo da esquerda, o ex-premiê
Silvio Berlusconi, líder do Popolo della Libertà (PdL), além do premiê interino
Mario Monti. O comediante Beppe Grillo, do Movimento 5 estrelas, apoiou o nome
do jurista Stefano Rodotà. As três primeiras rodadas não produziram nenhum
vitorioso, já que muitos parlamentares do PD se recusaram a votar em Marini em
protesto contra o acordo com Berlusconi. Fracassada a primeira tentativa do PD,
este se voltou, na quarta rodada, para o ex-premiê Romano Prodi, detestado por
Berlusconi e por sua coalizão de direita. A deputada Alessandra Mussolini, neta
do ex-ditador fascista, exprimiu essa irritação ao aparecer em plenário vestida
com uma camiseta: “o diabo veste Prodi”...
A neofascista Alessandra Mussolini: "O diabo veste Prodi" |
Mas a eleição do “professore” parecia barbada, já que o PD e seus aliados do SEL (Esquerda, Ecologia e
Liberdade) tinham 496 votos, oito a menos que a maioria simples. Só que a direita não
precisou fazer força, já que 101 deputados do bloco de centro-esquerda votaram
contra Prodi.
Humilhado, Bersani pediu demissão da liderança do PD nesta sexta-feira. E a esquerda italiana, que já teve dirigentes do porte de Palmiro Togliatti, Luigi Longo e Enrico Berlinguer, está acéfala. O próximo passo do PD é reapresentar a candidatura de Prodi, buscando votos da Escolha Cívica, ligada aos católicos, ou indicar o ex-premiê Massimo D’Alema, do PD, um oportunista sem coluna vertebral, que no passado manobrou para derrubar o premiê Romano Prodi e hoje teria o apoio de Berlusconi.
Humilhado, Bersani pediu demissão da liderança do PD nesta sexta-feira. E a esquerda italiana, que já teve dirigentes do porte de Palmiro Togliatti, Luigi Longo e Enrico Berlinguer, está acéfala. O próximo passo do PD é reapresentar a candidatura de Prodi, buscando votos da Escolha Cívica, ligada aos católicos, ou indicar o ex-premiê Massimo D’Alema, do PD, um oportunista sem coluna vertebral, que no passado manobrou para derrubar o premiê Romano Prodi e hoje teria o apoio de Berlusconi.
Antonio Gramsci |
Quando
estava preso nas
masmorras do fascismo, Antonio Gramsci, fundador do PCI, escreveu as
Cartas do
Cárcere, em que analisava a história italiana e elaborava a estratégia e
a tática
para combater o fascismo e preparar a revolução socialista. Seu legado
foi responsável pela construção do maior e mais dinâmico Partido
Comunista do Ocidente. Talvez agora, face à
falta de rumos da esquerda italiana, ele possa escrever as Cartas do
Túmulo
para orientá-la...
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