Em Madri Espanhóis pedem plebiscito pela II república |
Milhares de pessoas realizaram
no domingo uma manifestação em Madri para comemorar os 82 anos da II República
(1931-1939) e exigir um referendo para saber se a população quer continuar a
ser governada por uma monarquia ou se prefere a instalação da III República. A
manifestação também reivindicava a nacionalização dos bancos, reforma política,
punição dos crimes da ditadura franquista e não-pagamento da dívida.
A monarquia espanhola, de
fato, é uma excrescência. A primeira república (1873-1874) foi uma experiência
efêmera; já a segunda, surgida em 1931 depois da ditadura de Primo de Rivera,
abriu um período de profundas transformações, crise institucional e guerra
civil, que culminou na instalação da ditadura direitista do general Francisco
Franco (1939-1975). O ditador assumiu todas as rédeas do poder, mas preparou o neto
do rei Alfonso XIII, Juan Carlos, para sucedê-lo. Um caso curioso de um regime
que interrompeu e, ao mesmo tempo, manteve a monarquia.
His Finest Hour: Juan Carlos I impede o golpe militar em 1981 |
Rejeitado inicialmente como
franquista, o rei Juan Carlos I conquistou o apoio das forças progressistas ao
apoiar firmemente o processo de transição à democracia. O monarca se
legitimaria em fevereiro de 1981, quando abortou uma tentativa de golpe militar
capitaneada por oficiais de extrema-direita que não se conformavam com o fim do
regime. Na TV, o rei Juan Carlos exigiu respeito à sua autoridade e ao processo
democrático. Os militares enfiaram o rabo entre as pernas e se entregaram. Na época,
o líder comunista Santiago Carrillo, republicano histórico, disse que, em razão
do papel do monarca na transição, não teria problemas em virar monarquista.
Mas o tempo passou e a
monarquia espanhola virou uma relíquia do passado. E que exala mofo. O sintoma
mais recente disso é o caso de corrupção conhecido como Operação Babel, que envolve o ex-jogador de handebol Iñaki
Urdangarin, marido da princesa infanta Cristina, a duquesa de Palma de Mallorca.
Ele está sendo investigado pela polícia por uma suspeita de desvio de fundos
públicos, fraude e lavagem de dinheiro através do Instituto Nóos, uma ONG de
incentivo ao esporte.
Juan Carlos posando de Hemingway na Botsuana |
Já no ano passado, a imagem
da família real tinha ficado muito desgastada com uma viagem do rei Juan Carlos
para caçar elefantes na Bostuana no momento em que a crise da dívida européia atingiu
o país, além de um suposto escândalo amoroso do rei com uma empresária alemã.
Pesquisa publicada em
novembro de 2012 pelo jornal ABC indicava que apenas 45,8% dos espanhóis
acreditavam que a manutenção da monarquia contribuía para a democracia,
enquanto o apoio ao rei era de 55%. Na semana passada, o El País publicou uma
pesquisa na qual 53% dos entrevistados desaprovam a monarquia, contra 42% de
apoiadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário