Os brasileiros precisam ter certeza de que o julgamento do mensalão foi justo.
“O mundo está de olho no Brasil”, diz Joaquim Barbosa a Merval Pereira.
É uma conversa telefônica, informa Merval. JB está nos Estados Unidos
para receber uma homenagem da moribunda Time e para dar uma palestra
numa universidade. (Barbosa entrou numa lista da Time de pessoas
influentes ao lado de luminares como Mario Balotelli, Christina
Aguillera e Jay Z. Se a Time não acabar antes talvez até Merval entre um
dia na lista, para suplício de Ali Kamel.)
“De olho no Brasil” significa, pelo que entendi, que o mundo está
vigiando o país para que não se faça nada, no âmbito do direito
internacional, em relação ao mensalão.
Ou ficaremos, aspas, desmoralizados. Pausa para uma gargalhada.
Ora, o que existe aí é uma completa inversão.
Na verdade, o Brasil está de olho no STF. A cada dia se acumulam mais e mais sinais de irregularidades no julgamento.
A cada momento os brasileiros conhecem melhor as deficiências
colossais dos juízes do Supremo. Escrevi uma vez e repito: se existe um
efeito colateral positivo para este circo jurídico, é que o Brasil teve a
chance de ver o baixo nível de sua corte mais alta.
Basta olhar Fux em sua relação com um advogado com um dos advogados mais procurados do Rio.
Parece que simplesmente não existe noção de ética no Judiciário
brasileiro, um manual de conduta que aponte claramente o que se pode e o
que não se pode fazer.
Está claro, absurdamente claro, que Fux não poderia julgar casos do escritório de seu amigo, mas ainda assim ele julgou.
E nada acontece. Alguma palavra de Barbosa sobre isso, como presidente do STF? Merval perguntou?
Barbosa, ele mesmo, não percebe que um juiz com seu cargo não pode
ficar passando recados por um jornalista de uma casa tão enviesada
ideologicamente?
Fico pensando no que ocorreria aqui se o juiz Brian Leveson, chefe do
comitê que apurou os excessos da mídia britânica, telefonasse para um
colunista de Murdoch.
Bem, de volta ao julgamento.
Foi um acontecimento muito importante para que, alguns meses depois
do veredito, com o surgimento de novas informações que mostram tantas
fragilidades, não sejam revisadas as coisas.
Sabemos quem ficou feliz com o julgamento.
Mas quem ficou feliz com o julgamento sempre defendeu causas em que o
“Zé do Povo”, para usar a icônica expressão de Irineu Marinho, terminou
se estrepando.
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