A presidente Dilma Rousseff reuniu-se com parte de seu ministeriado
na manhã da segunda-feira (2). O encontro, que terminou por volta do
meio-dia, ocorreu horas após a denúncia de que Dilma teria sido
espionada pelos EUA. Ontem, reportagem exibida pelo “Fantástico”, da TV
Globo, afirmou que a presidente e seus assessores foram alvos de
espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).
Reuniram-se com a presidente os ministros Paulo Bernardo
(Comunicações), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência da
República), José Eduardo Cardozo (Justiça), Celso Amorim (Defesa) e Luiz
Alberto Figueiredo. Nem a presidente nem os ministros falaram com a
imprensa ao deixar o Palácio do Planalto.
O jornalista Glenn Greenwald, que mora no Rio de Janeiro, apresentou
ao “Fantástico” um documento indicando que era objetivo da NSA “entender
melhor” a comunicação da presidente com sua equipe.
Ao tomar conhecimento da denúncia, o ministro da Justiça, Eduardo
Cardozo, disse à TV que a espionagem é um fato “gravíssimo” e afirmou
que, se confirmada, terá sido uma “clara violação à soberania”
brasileira.
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo e Relações
Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, concederão entrevista
coletiva às 16h no Palácio do Itamaraty para tratar do assunto.
Mais cedo, Figueiredo reuniu-se com o embaixador dos Estados Unidos
no Brasil, Thomas Shannon. A reunião durou cerca de meia hora, mas
nenhum dos dois falou com a imprensa após o encontro.
Espionagem no Brasil
No começo de julho, o jornal “O Globo” revelou que o Brasil já vinha
sendo espionado pelos americanos. A reportagem do jornal foi baseada em
documentos do ex-consultor da NSA Edward Snowden.
Segundo o jornal, que teve acesso aos documentos revelados por
Snowden, os serviços de inteligência dos Estados Unidos interceptaram
milhões de e-mails e chamadas telefônicas no Brasil.
À época, o governo brasileiro classificou de “extremamente grave” a
denúncia. ”O que vimos é suficiente para que consideremos grave esta
denúncia de espionagem. Haverá uma reação do governo brasileiro
bilateralmente com pedido de esclarecimento”, disse Tovar Nunes,
porta-voz do Itamaraty.
Após a denúncia do jornal, o então ministro Antonio Patriota, das
Relações Exteriores, chegou a ir ao Congresso Nacional prestar
esclarecimentos.
Em audiência no Senado, Patriota disse que, se ficasse confirmado que
havia escutas do governo americano em postos diplomáticos do Brasil,
isso seria “inaceitável” e configuraria “flagrante violação” de sigilo.
Já o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que o país se encontra
vulnerável: “a situação que a gente se encontra hoje é de
vulnerabilidade. Por mais que tenhamos proteção de informação sigilosa, a
mera detecção de quem se comunica com quem, com que frequência, o tipo
de contato que é mantido é uma informação de valor analítico para
qualquer adversário que nós venhamos a ter fora do país”.
Também presente à sessão do Senado em julho, o ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, José
Elito Carvalho Siqueira, explicou que o sistema de segurança do país é
bastante confiável, mas que a tecnologia do Brasil precisaria “alçar
voos mais altos para atingir uma excelência”.
Indignada, Dilma cogita a possibilidade de cancelar a viagem oficial
aos Estados Unidos programada para outubro caso o presidente Barack
Obama não dê “respostas satisfatórias” sobre as ações de espionagem.
Dilma está não só “indignada”, mas também “muito irritada”, segundo
assessores da área diplomática, porque sente-se “enganada” pelo governo
norte-americano.
Oficialmente, o Palácio do Planalto informa que “esta possibilidade
[cancelamento da viagem] não está na mesa” e não está em análise.
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