Presidente
do STF é amigo pessoal do senador e provável candidato à Presidência.
Tucanos veem com bons olhos eventual indicação de Barbosa para ministro
ou até vice
A afinidade entre o presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, e o senador Aécio
Neves (PMDB-MG) pode resultar em uma relação bem maior do que uma
simples amizade entre os dois. Conforme interlocutores de ambos, Aécio
sonha em “contar com a colaboração de Barbosa” quer seja como ministro
em eventual governo tucano ou mesmo candidato a vice-presidente na
disputa do PSDB ao comando do Planalto.
Fontes do Supremo próximas ao
presidente da Corte confirmam que existe uma tentativa de aproximação
política entre Aécio e Barbosa. O tucanato, oficialmente, nega qualquer
tentativa de aproximação ou namoro entre os dois para levar o nome de
Barbosa a uma candidatura a vice de Aécio. Mas nos últimos dois meses,
conforme os próprios tucanos, os encontros entre Aécio e Barbosa têm
sido cada vez mais frequentes em jantares e eventos sociais em Brasília.
Barbosa entre Aécio e Anastasia quando da homenagem que recebeu do governo de Minas |
Do outro lado, algumas fontes tucanas
admitem em caráter reservado que um dos poucos nomes já vislumbrados em
um eventual governo tucano é o de Barbosa, como um possível ministro da
Justiça. Questionada sobre a aproximação entre Barbosa e Aécio para a
disputa em 2014, uma fonte do PSDB ligada à campanha presidencial
desconversou afirmando que não era “hora de falar de política”. “É hora
de deixar o presidente Joaquim trabalhar com tranquilidade. Mas ele sem
dúvida é um nome certo no nosso projeto de governo”, confessou.
Segundo fontes ligadas ao PSDB,
uma tentativa de trazer Barbosa para o ninho tucano responderia a dois
grandes objetivos do partido. O primeiro é reforçar o discurso tucano
pró-moralidade sem necessariamente bater de frente nas polêmicas sobre o
julgamento do mensalão do PT. Com o presidente do STF ao lado de Aécio,
o PSDB teria condições de passar uma mensagem popular de que pretende
limpar de vez a corrupção no País.
Interlocutores do STF admitem
que a decisão de Barbosa de expedir os mandados de prisão dos réus do
mensalão em pleno feriado de Proclamação da República reforçaria essa
imagem.
O segundo objetivo é de ordem
prática: surfar na alta popularidade de Barbosa para alavancar a
candidatura de Aécio, algo semelhante ao que aconteceu com o governador
de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), quando ele conseguiu atrair a
ex-senadora Marina Silva, para o seu projeto de candidatura
presidencial.
O primeiro passo para a
aproximação política entre Aécio e Barbosa ocorreu em abril, quando o
presidente do STF, mineiro de Paracatu, foi homenageado com a Medalha da
Inconfidência, concedida em evento em Ouro Preto, pelo governo de Minas
Gerais, que é comandado pelo tucano Antonio Anastasia. Apesar de a
homenagem ser distribuída pelo Executivo mineiro, quem comandou a
honraria foi Aécio. Na época, o senador tucano negou qualquer conotação
política do evento.
Em outubro, Barbosa admitiu pela
primeira vez a possibilidade de ser lançado à Presidência da República,
mas disse que isso só aconteceria após ele deixar o Supremo. Hoje, o
ministro tem 59 anos e já manifestou sua vontade de não ficar na Corte
até os 70 anos, data de sua aposentadoria compulsória.
Como juiz, Barbosa tem até abril para se desincompatibilizar do Supremo e disputar as eleições de 2014.
Wilson Lima
No iG
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