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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

JANGO RECEBE HONRAS DE CHEFE DE ESTADO



Cerimônia na Base Aérea de Brasília recebe o corpo do ex-presidente João Goulart, com a presença da presidente Dilma Rousseff, dos ex-presidentes Lula e José Sarney e de diversas autoridades, além da família de Jango (acima, à direita); pelo Twitter, Dilma afirmou nesta manhã que o gesto promovido hoje pelo Estado com a memória do único presidente brasileiro a morrer no exílio "é uma afirmação da nossa democracia"; ouça o discurso de posse feito por João Goulart em 7 de setembro de 1961.

247 - O corpo do ex-presidente João Goulart é recebido na manhã desta quinta-feira 14 com honras de chefe de Estado na Base Aérea de Brasília. A cerimônia tem a participação da presidente Dilma Rousseff, dos ex-presidentes Lula e José Sarney e diversas outras autoridades, como ministros e o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AL). A versão oficial da morte de Jango é de um ataque cardíaco, mas há suspeitas de que ele tenha sido envenenado. Mais cedo, Dilma escreveu pelo Twitter que o ato de hoje era uma afirmação da democracia brasileira.
Exumação de Jango: urna com restos mortais chega a Brasília Guilherme Mazui/Agencia RBS
"Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstância ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Junto comigo estarão ex-presidentes da República, o presidente do Senado e políticos de todas as vertentes. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória. Essa cerimônia que o Estado brasileiro promove hoje com a memória de João Goulart é uma afirmação da nossa democracia. Uma democracia que se consolida com este gesto histórico", disse a presidente.
Os restos mortais de Jango foram exumados nesta quarta-feira, num processo que demorou cerca de 17 horas, na cidade de São Borja, no Rio Grande do Sul, fronteira do Brasil com a Argentina. Os trabalhos foram encerrados às 2h24min desta quinta, quando a urna com o caixão de Jango foi retirada do cemitério Jardim da Paz coberta pelas bandeiras do Brasil e de São Borja (veja aqui). Os despojos do ex-presidente têm data marcada para retornar ao município: 6 de dezembro, quando a morte do político completa 37 anos. A Força Aérea Brasileira (FAB) será responsável por esse transporte.

Texto publicado pelo Palácio do Planalto sobre o único presidente brasileiro morto no exílio:
No discurso de posse, Jango pediu união do povo pela luta contra a pobreza

Eleito duas vezes vice-presidente da República, em 1955 e 1960, João Goulart tornou-se Presidente da República em agosto de 1961 com a renúncia de Jânio Quadros. Em sua posse, em 7 de setembro de 1961, Jango afirmou que todo o país deveria se mobilizar na luta pela emancipação econômica, contra a pobreza e contra o subdesenvolvimento.
"Reclamamos a união do povo brasileiro e por ela lutaremos com toda a energia, para, sob a inspiração da lei e dos direitos democráticos, mobilizar todo o País para a única luta interna em que nos devemos empenhar, que é a luta pela nossa emancipação econômica, que é a luta contra o pauperismo, a luta contra o subdesenvolvimento", afirmou.
Já em 13 de março de 1964, em meio às tensões sociais e à pressão externa, o presidente discursou na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, para um público estimado de 150 mil pessoas. Na ocasião, Jango anunciou as reformas agrária, tributária e eleitoral. Ele ainda afirmou contar com a "compreensão e o patriotismo" das Forças Armadas.
"Reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil", disse.
Em 19 de março, realizou-se, no Rio de Janeiro, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, organizada pela Campanha da Mulher pela Democracia (Camde) e Sociedade Rural Brasileira (SBR), entre outras entidades. A marcha tinha como objetivo mobilizar a opinião pública contra a política desenvolvida pelo governo de Jango, que conduziria, de acordo com seus opositores, à implantação do comunismo no Brasil. Em 25 de março ocorreu a Revolta dos Marinheiros, quando marinheiros e fuzileiros navais contrariaram ordens do ministro da Marinha e foram, posteriormente, anistiados por Goulart, acirrando as tensões entre seu governo e os setores militares.
No dia 30 de março, o presidente compareceu a uma reunião de sargentos, discursando em prol das reformas pretendidas pelo governo e invocando o apoio das forças armadas. Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu. O novo governo foi reconhecido pelo presidente norte-americano, Lyndon Johnson, poucas horas após tomar o poder.

O discurso de João Goulart feito em 1961, em que ele pede a união do povo pela luta contra a pobreza:

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