Poucas horas antes do resultado da eleição 2013, em Marituba, (a primeira na região norte, depois dos grandes protestos de rua que varreu o País), município que fica na Região Metropolitana de Belém, o candidato a prefeito pelo PSOL, Adelino Bessa, prestou esta Ótima entrevista para o MVIVA.
Confira na íntegra.
MVIVA - Boa dia candidato Adelino. Como o senhor esta vendo
este momento onde mais uma vez Marituba tenta eleger seu prefeito?.
Adelino –
A eleição 2013 é suplementar, em razão da elição 2012 ter sido anulada por conta
da corrupção eleitoral, onde e quando, o candidato que levou em 2012, não estava apto a
assumir, tendo enganado a população até o final, obrigando-a a voltar as urnas. Tendo ele conseguido mais de cinquenta
por cento dos votos, o TRE decidiu pela anulação e realização desta de hoje.
MVIVA - O que o
senhor tem a comentar a respeito das coligações para neste novo momento?
– Adelino –
Infelizmente a expressão significa balcão de negócios; o PSOL é um novo partido
que luta contra essa velhas práticas na política; viemos sozinhos cumprir este
papel,ou melhor: viemos para fazer uma aliança sincera com o povo. Não nos
interessa ficar fazendo nenhum tipo de aliança com partidos que participam de
toda sorte de conluio e, por exemplo, sabotam o bem estar do nosso município.
MVIVA – O Psol tentou fechar uma aliança com outros partidos considerados mais à
esquerda, como o PT, PCdoB, PSTU, entre outros?.
Adelino – O PSTU não tem diretório aqui em Marituba, mas
muitos camaradas desceram para lutar conosco, por acreditarem nesta causa comum.
O PT, infelizmente, esta degradado; faz tempo que fez a triste opção, talvez não somente aqui,
de estar ligado com aquilo que há de pior em nível político; o PCdoB, também
esta na mesma linha. Lamentamos mas, respeitamos democraticamente este tipo de
decisão, por serem partidos que se apresentam para a sociedade como sendo do 'campo de esquerda' que, caso tivessem conseguido compreender melhor o nosso
esforço, poderiam ter somado para a criação de uma frente progressista e
moderna em Marituba, onde nenhum serviço público funciona.
MVIVA - Por exemplo?
Adelino - - Nunca parou de
chegar recursos enviados pelo governo federal, nem o governo do estado deixou de
fazer os seus repasses que, aliais, não é favor ou esmola: é uma obrigação à ser feita. Nos
trabalhadores é que não podemos deixar de pagar nossos impostos, por que somos
taxados na fonte, ao contrário daqueles que recolhem e sonegam; fato é que, os
recursos continuam caindo nos cofres municipais, mais a população não
consegue ser beneficiada por isso. Somos uma população abandonada e esquecida
onde nenhum serviço público funciona a contento, onde os postos de saúde não tem
médicos, não tem remédios nem os insumos mais básicos; tão pouco Raio X ou tomografia. Não há padrão mínimo de atendimento no
único posto de coleta para exames e diagnósticos de doenças parasitárias, coleta
de sangue, fezes, urina. Aqui não há um hospital de urgência e emergência, ou posto do
HEMOPA, mesmo sendo o nosso município dividido ao meio pela BR-316, rodovia federal que mais mata no
Brasil. Aqui em Marituba, coisa mais rara é encontrar um pediatra ou um ginecologista, onde as mulheres possam estar fazendo periodicamente exames para doenças que, tratadas
preventivamente, podem salvar suas vidas. Esta é uma calamidade silenciosa que,
tradicionalmente são tratadas pela esquerda com muita seriedade, daí o meu
lamento acima.
MVIVA onde estão outros casos mais negativos?.
Entre outros pontos negativo esta o drama da coleta de lixo, que praticamente não
existe, gerando endemias e custo, sendo que, quando é realizada, é feita de forma
irregular. A rede de esgotos e rede oferecida como cobertura para o
fornecimento de água encanada e potável é muito pequena, bem abaixo do mínimo
exigido pela OMS.
MVIVA a corrupção é uma grande aliada destas tragédias? -
Adelino - A corrupção cria
estas distorções: existem bairros já relativamente antigos, nos quais foram construídas com recurso público caixas d’águas
que não estão funcionando, apesar da grande carência, como é o caso do bairro Novo
Horizonte, do Chê Guevara; temos também o caso do Santa Clara, onde tem uma caixa d’água
que não consegue abastecer nem a metade do bairro, serviço que, até poderia ser
ampliado, não tivessem sido construido este bem público dentro de um terreno
particular.
MVIVA - Há Esperança, ainda?
Sim, é claro!. Por essas e outras razões é que a gente sempre espera que forças
políticas e figuras como: dona fulana de tal, comunista, seu sicrano de tal, socialistas, que vendem hipocritamente
a imagem sorridente de estar ao lado do trabalhador, se juntassem a nossa causa para fazer a boa luta.
MVIVA
- A sensação diante da supremacia do adversário e da frustração da não adesão de antigos aliados da ‘esquerda’ gera no senhor um sentimento de impotência?
- Adelino - O
fato de estamos sozinhos, desde o início não nos intimidou, não nos amedrontou
e não diminuiu nenhum pouco a nossa sede de lutar por justiça e dias melhores.Este
tipo de dificuldade que vivenciamos aqui, somente nos da mais força pela conscienciosa causa ideológica, que reforça uma aliança que, tem que ser mesmo, em primeiro lugar com o povo, que, afinal, é quem esta sofrendo,
que da o seu voto de confiança, sendo o único que pode dar uma resposta definitiva para esta situação que, pode
ser um basta, ou não, em relação a nossa proposta de mudança à toda essa realidade de sofrimento que ele
vive; mazelas, tristezas que ele vivencia por todo esse tempo.
MVIVA - Hoje encerra a campanha e, logo mais, teremos o resultado. Qual é o seu sentimento?
- Adelino - Estivemos incansáveis
durante este período, de casa em casa, rua por rua, pelas manhãs, tardes de muito sol e calor e
noites; normalmente nossas caminhadas terminavam as nove horas da noite, isso depois
de conversar bastante com moradores sentados a porta de suas casas com suas famílias.
MVIVA - Foi a primeira eleição após os grandes protestos de rua no País, foi gratificante para o senhor?
- Adelino - Sim, foi
gratificante; primeiro por que eles perceberam que não fizemos uma campanha
milionária, mas bem humana. Dialogamos algumas vezes com cidadãos
revoltados, indignados e decepcionados com a classe política, que desejavam anular seus
votos; outros que recusavam-se sequer a conversar conosco; mas, com paciência, acolhemos as suas críticas ácidas, a sua
indignação; no final uma minoria acabava entendendo que a nossa proposta era de fato um
diferencial e acabavam nos aceitando e seguindo.
MVIVA - Toda eleição no Brasil
sempre enfrenta rumores de compra de votos. Há esta suspeição em Marituba?
Adelino
– A própria população fala nas calçadas o seguinte: 'ver um boi voando em época
de eleição é normal'. As tentativas de fraude sempre existirão, sim, é real, em todos os ângulos. Por
essa razão montamos uma rede de fiscalização composta por camaradas e
companheiros voluntários, daqui e outros municípios, que esta atenta e que, juntamente
com nossos advogados, tentará fazer frente para barrar qualquer possibilidade neste sentido.
MVIVA – Candidato, faça suas
últimas considerações.
Adelino – Agradeço ao blog militanciaviva, que acompanho
sempre, e que considero como uma leitura obrigatória, pela oportunidade da entrevista; também à todas as
pessoas que formaram uma corrente pelas redes sociais e nos ajudaram a levar adiante esta tarefa dificil. Independentemente
de quaisquer resultados, meu muito obrigado!.
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