Por: Guga Chacra
Hoje o mais poderoso e ativo braço da Al Qaeda, no âmbito global,
está no Yemen, não na fronteira do Afeganistão com o Paquistão.
Verdade,
existem facções da organização lutando ao lado de opositores sírios e
iraquianos, além de milícias na Líbia. Mas estas são ameaças regionais,
por enquanto.
Nesta semana, ficamos sabendo que, de
acordo com autoridades iemenitas, um mega atentado terrorista da Al
Qaeda com a tomada de portos, explosões de oleodutos, atentados contra
embaixadas e assassinatos de ocidentais foi abortado.
Seria uma mistura
de USS Cole com Tanzânia e Quênia, que são alguns atos terroristas
símbolos da rede fundada por Osama bin Laden.
A proporção seria tão
grande que levou os EUA e países europeus a fecharem embaixadas ao redor
do Oriente Médio.
Com o nome de Al Qaeda na Península
Arábica (AQAP, na sigla em inglês), este braço da organização há cerca
de cinco anos já havia se tornado o foco da política antiterrorismo dos
EUA.
No Yemen, foram planejadas algumas das maiores tentativas de
atentados recentes, como a fracassada explosão de um avião em Detroit.
A administração de Barack Obama decidiu
atuar por duas vias no combate à AQAP. Primeiro, com os bombardeios de
Drones. Em segundo lugar, agindo em conjunto com as Forças Armadas
iemenitas. Tanto o presidente atual, Abd Mansur Hadi, como o anterior,
Abdullah Saleh, são aliados dos EUA.
A primeira parte tem obtido um
resultado dúbio. Sem dúvida, a AQAP é hoje muito mais poderosa no Yemen
do que antes do início dos bombardeios dos EUA. De 300, há mais de mil
membros hoje.
Os defensores dos bombardeios de aviões não tripulados
argumentarão que o cenário seria ainda pior sem estas ações. Os críticos
argumentam que elas apenas radicalizam a população, pois acabam
matando, mesmo por acidente, muitos civis – recomendo o livro e o
documentário “Dirty War”, de Jeremy Scahill.
Já a segunda parte, aparentemente, tem
sido bem sucedida. O governo e as Forças Armadas iemenitas têm feito o
possível para tentar combater a AQAP, embora tenham talvez até questões
de violência interna mais graves, como o separatismo do sul e os
rebeldes houthis no norte.
O certo, porém, é que cada vez mais
ouviremos falar do Yemen. Neste momento, dezenas ou mesmo centenas de
terroristas que fugiram de prisões no Afeganistão e no Iraque estão a
caminha do país. Para conter o caos no país mais pobre no mundo árabe, é
preciso fortalecer as instituições iemenitas.
Por incrível que pareça, de todas as
nações onde tivemos a Primavera Árabe, o Yemen, junto talvez com a
Tunísia, é o mais próximo de uma democracia.
Fonte: Estadão
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