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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Proposta de mudanças em estatal petroleira gera desconfiança no México


Funcionário da Pemex | Foto: Reuters
Críticos acusam autores da proposta de querer privatizar a Pemex
Um projeto de reforma da Constituição mexicana que quebraria o monopólio estatal do petróleo gerou desconfiança da população e enfureceu setores da esquerda no país, contrários à alteração.
Desde 1935, quando o petróleo foi nacionalizado no México, a exploração, a produção e o comércio da matéria-prima ficam a cargo unicamente da estatal mexicana Pemex, atualmente a quinta maior produtora do mundo.
A situação é diferente da do Brasil, onde o monopólio da Petrobras foi quebrado em 1997.
A proposta partiu do governo mexicano e se inseriria dentro de um contexto de reforma energética, que vem sendo amplamente debatido no país nos últimos meses.
A iniciativa contempla a mudança de dois artigos da Constituição, 27 e 28, para permitir a entrada de investidores privados em setores da produção petrolífera nacional.
Durante a apresentação da proposta, o secretário de Energia, Pedro Joaquín Coldwel, destacou que a produção total de petróleo no país diminuiu nos últimos oito anos em cerca de 835 milhões de barris diários, o que significa uma queda de receita da ordem de US$ 22 bilhões (R$ 50 bilhões) anuais.
No evento, o presidente do México, Enrique Peña Nieto, acompanhado por seu gabinete, assinalou que o objetivo da medida é permitir à Pemex celebrar contratos de utilidade (que não preveem produção) com empresas privadas. Ele acrescentou que um novo regime fiscal será proposto para a estatal, além de maior transparência em relação à contenção de despesas.
A iniciativa também inclui a possibilidade de participação privada na geração de eletricidade do país.

Reforma

Tanto a proposta governamental ─ que conta com o apoio do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ─ como a apresentada em julho do ano passado pelo Partido Ação Nacional preveem alterar artigos da Constituição, entre eles o 27, considerado crucial porque proíbe a participação de entes privados na exploração do petróleo mexicano.
O artigo diz que "tratando-se do petróleo e dos hidrocarbonetos sólidos, líquidos ou gasosos, ou minerais radioativos, não se outorgarão concessões nem contratos (...) e a nação levará a cabo a exploração desses produtos, nos termos que assinala a lei regulamentar respectiva".
O presidente da Comissão de Energia do Senado mexicano, senador David Penchyna, disse em outra ocasião que a proposta de reforma pretendia incluir a iniciativa privada em setores diferentes da cadeia produtiva.

Críticas

A iniciativa gerou desconfiança em setores da sociedade, principalmente os mais alinhados à esquerda, como o Partido Revolução Democrática, que apresentou sua própria sugestão de mudança da lei.
Para os críticos, a proposta governamental privatizaria a Pemex e a produção de petróleo do país.
Em diversas ocasiões, o presidente Peña Nieto reiterou que não pretende privatizar a estatal e, sim, reformá-la, com o objetivo de torná-la mais moderna e competitiva.
Mas segundo o ex-candidato presidencial Andrés Manuel Obrador, o governo mexicano quer criar uma ideia de que a Pemex está passando por dificuldades financeiras para justificar a abertura ao capital privado mexicano e estrangeiro.
A proposta será agora encaminhada ao Congresso, onde será debatida.
Segundo Juan Carlos Pérez Salazar, correspondente da BBC Mundo no México, o governo conta com maioria nas duas casas para aprovar a iniciativa.

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