Um dia depois de ser condenado a passar 35 anos na prisão, o soldado norte-americano até então conhecido como Bradley Manning anunciou nesta quinta-feira (22) que pretende passar por tratamento hormonal e pediu para ser reconhecido como mulher. Em um comunicado, Manning disse que gostaria de ser chamada de Chelsea e de ser tratada por pronomes femininos. |
“Agora que eu transito pra essa nova
fase da minha vida, eu quero que todos conheçam quem eu sou de verdade.
Eu sou Chelsea Manning. Eu sou uma mulher. Levando em conta a maneira
como eu me sinto, e tenho sentido desde a minha infância, eu quero
começar tratamento com hormônios assim que possível. Eu espero que vocês
me apoiem durante essa transição”, escreveu ela, assinando como Chelsea
E. Manning.
“Eu também peço que, a partir de
hoje, vocês se refiram a mim pelo meu novo nome e usando o pronome
feminino (exceto em correspondência oficial para o centro de detenção).
Estou ansiosa para receber cartas de pessoas que me apoiam e ter a
oportunidade de responder”, dizia o comunicado. Ela agradeceu aos
apoiadores por ajudá-la a se “manter forte” durante sua prisão e
julgamento e por financiarem sua defesa.
Manning foi condenada a 35 anos de
prisão na quarta-feira (21) por ter vazado centenas de milhares de
documentos confidenciais do exército dos Estados Unidos enquanto era
soldado no Iraque. Ela foi considerada culpada de 20 acusações e já
cumpriu três anos e meio presa aguardando julgamento. Sua sentença foi
reduzida por mais 112 dias após a juíza concordar que ela havia sofrido
tratamento abusivo na prisão militar.
Durante o julgamento, foi divulgada
uma foto de Manning usando uma peruca loira e batom, enviada por e-mail a
seu supervisor militar. Os advogados de Manning argumentaram que isso
foi um exemplo de como a supervisão dela no exército falhou em inúmeras
ocasiões, tendo contribuído para o estresse pelo qual ela passava.
O advogado David Coombs disse que o
que ela estava passando, no entanto, não foi o que a levou a divulgar os
documentos. “Esse estresse era o contexto do que ela estava passando.
Mas nunca foi uma desculpa porque não foi isso que a levou a fazer o que
fez. O que a levou a suas ações foi um forte senso de moral”, afirmou
Coombs.
Coombs confirmou que Manning irá
cumprir sua sentença na prisão militar de Fort Leavenworth, no Texas, e
disse que espera que a instituição vá “fazer a coisa certa” e
providenciar tratamento hormonal para ela. Mas uma representante da
penitenciária disse que o tratamento para detentos não inclui hormônios.
“Todos os detentos são considerados
soldados e são tratados como tal, com acesso a profissionais de saúde
mental, incluindo psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e
profissionais de ciência comportamental, com experiência em lidar com
militares antes e após o julgamento”, disse Kimberly Lewis. “O exército
não providencia terapia hormonal ou cirurgia de redesignação sexual para
pessoas com transtorno de identidade de gênero”, completou.
O advogado de Manning disse que “se Fort Leavenworth não quiser (providenciar o tratamento), eu vou fazer tudo em meu poder para assegurar que eles sejam obrigados a fazê-lo”.
Aldeia Gaulesa/Com informações do Sul21
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