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terça-feira, 5 de novembro de 2013

'Ele falava para todo mundo que era corrupto', afirma ex de fiscal



Vanessa Caroline Alcântara, 27, sai acompanhada do advogado após depoimento no Ministério Público, em SP
"Eu sou corrupto. Eu sei roubar..."
Era assim que o fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, 41, justificava o patrimônio que acumulara, segundo relato de Vanessa Alcântara, 27, à Folha. Ela é mãe de um filho dele
Magalhães dizia isso em churrascos com amigos, na charutaria que frequentava (a Cigar & Book, na Vila Nova Conceição), e para parentes de Vanessa, afirma ela.

"Ele falava isso para todo mundo", resume.
Vanessa diz que nunca ficou com dinheiro da propina que o ex-companheiro recebia de incorporadoras.
Afirma querer apenas os direitos que tem como mãe de um filho de Magalhães, de 9 meses. Ela recebe uma pensão de R$ 700 mensais, mas acha que o valor justo, de acordo com a lei, seria R$ 3.000.
"Só quero ficar com o cachorro, com a câmera digital que ele tomou, e é meu hobby, e com a pensão de R$ 3.000."
Apesar de não ter sido uma fonte essencial para as investigações, segundo o Ministério Público, ela se considera a peça que provocou a derrocada do grupo.
"Por causa de R$ 3.000, um cachorro e uma câmera, o Luís perdeu R$ 15 milhões".
A Controladoria Geral do Município estimou o patrimônio do fiscal em um valor ainda maior: R$ 18 milhões.
Vanessa diz que tem "medo, muito medo de morrer" por ter ajudado a Promotoria na investigação.
Ontem, ela compareceu ao Ministério Público para discutir a possibilidade de ingressar no programa de proteção a testemunhas, mas nada foi definido.

OUTRO LADO
O advogado Mario Ricca, que defende o fiscal, afirma que nada do que Vanessa diz merece credibilidade.
"Vanessa perdeu a guarda de dois filhos [um é de outro pai] porque não tem a menor condição de cuidar de crianças. Foi o juiz que disse isso."
Segundo Ricca, há relatórios médicos indicando que ela tem problemas psiquiátricos, entre os quais transtorno bipolar, e recomendação para que fosse internada, o que ocorreu. Ela rebate que a internação foi forçada, com laudos de origem duvidosa.  
 

Por MARIO CESAR CARVALHO
  Folha

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