Vanessa Caroline Alcântara, 27, sai acompanhada do advogado após depoimento no Ministério Público, em SP
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Era assim que o fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, 41,
justificava o patrimônio que acumulara, segundo relato de Vanessa
Alcântara, 27, à Folha. Ela é mãe de um filho dele
Magalhães dizia isso em churrascos com amigos, na charutaria que
frequentava (a Cigar & Book, na Vila Nova Conceição), e para
parentes de Vanessa, afirma ela.
"Ele falava isso para todo mundo", resume.
Vanessa diz que nunca ficou com dinheiro da propina que o ex-companheiro recebia de incorporadoras.
Afirma querer apenas os direitos que tem como mãe de um filho de
Magalhães, de 9 meses. Ela recebe uma pensão de R$ 700 mensais, mas acha
que o valor justo, de acordo com a lei, seria R$ 3.000.
"Só quero ficar com o cachorro, com a câmera digital que ele tomou, e é meu hobby, e com a pensão de R$ 3.000."
Apesar de não ter sido uma fonte essencial para as investigações,
segundo o Ministério Público, ela se considera a peça que provocou a
derrocada do grupo.
"Por causa de R$ 3.000, um cachorro e uma câmera, o Luís perdeu R$ 15 milhões".
A Controladoria Geral do Município estimou o patrimônio do fiscal em um valor ainda maior: R$ 18 milhões.
Vanessa diz que tem "medo, muito medo de morrer" por ter ajudado a Promotoria na investigação.
Ontem, ela compareceu ao Ministério Público para discutir a
possibilidade de ingressar no programa de proteção a testemunhas, mas
nada foi definido.
O advogado Mario Ricca, que defende o fiscal, afirma que nada do que Vanessa diz merece credibilidade.
"Vanessa perdeu a guarda de dois filhos [um é de outro pai] porque não
tem a menor condição de cuidar de crianças. Foi o juiz que disse isso."
Segundo Ricca, há relatórios médicos indicando que ela tem problemas
psiquiátricos, entre os quais transtorno bipolar, e recomendação para
que fosse internada, o que ocorreu. Ela rebate que a internação foi
forçada, com laudos de origem duvidosa.
Por MARIO CESAR CARVALHO
Folha
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