Na quarta-feira, 23 de novembro, por iniciativa do Deputado Paulo Ramos (PDT), a combatente latino-americana Soledad Viedma, assassinada pela ditadura brasileira, recebeu a Medalha Tiradentes pós morte, entregue à filha Ñasaindy.
Paraguaia de nascimento, Soledad engajou-se na luta dos povos contra o autoritarismo e injustiças sociais. Esteve no Uruguai e em determinado momento foi vítima da violência de grupos de extrema direita, que ao detê-la queriam que fizesse uma saudação a Hitler. Soledad se negou a fazê-lo e teve pintada uma suástica em parte do corpo, além de ter sofrido atos de violência física.
Em Recife, na década de 70, a equipe de bandidos do delegado Sergio Fleury a matou depois de ter sido delatada por Anselmo dos Santos, o agente da CIA que ganhou o título de cabo da Marinha sem sê-lo.
Fleury, o torturador, assassino frio, covarde e macabro, personificava a cara dos dirigentes do regime que defendeu |
A solenidade na Alerj foi importante não apenas como reconhecimento a Soledad Viedma como também para que as novas gerações sejam informadas sobre quem lutou para que o Brasil alguma dia pudesse ser um país mais justo e solidário.
E, não podemos deixar de dizer sempre que crimes contra a humanidade cometidos de 64 a 85, que a recém-criada Comissão da Verdade vai investigar, são imprescritíveis. E isso, apesar de a lei de anistia promulgada ainda no período da ditadura e por pressão de grupos que nunca foram julgados, dizer ao contrário.
Mário Augusto JakobskindO poeta e escritor uruguaio Mario Benedetti a homenageou com um poema musicado pelo cantante e compositor Daniel Viglietti.
Homenagem à Soledad Barret Viedma
Essa Música foi feita em homenagem à militante Soledad Barret Viedma, Morta no Massacre da Chácara São Bento durante a ditadura militar.Uma moça paraguaia persseguida desde a adolescência, dona de beleza rara, morreu sob tortura vitima do "próprio companheiro" que na verdade era um soldado infiltrado na VPR(Vanguarda Popular Revolucuionária). A história é horrivel mas a música é bonita e trás um pouco do que foi essa lutadora entre tantas as vítimas do regime militar.
Daniel Viglietti
La duda lleva mi mano hasta la guitarra,
mi vida entera no alcanza para creer
que puedan cerrar lo limpio de tu mirada;
no existe tormenta ni nube de sangre que puedan borrar
tu clara señal.
La soledad de mi mano se da con otrasbuscando dejar lo suyo por los demás,
que a mano herida que suelta sus armamentos
hay que enamorarla con la mía o todas que los van a alzar,
que los van a alzar.
Una cosa aprendí junto a Soledad:
que el llanto hay que empuñarlo, darlo a cantar.
Caliente enero, Recife, silencio ciego,
las cuerdas hasta olvidaron el guaraní,
el que siempre pronunciabas en tus caminos
de muchacha andante, sembrando justicia donde no la hay,
donde no la hay.
Otra cosa aprendí con Soledad:
que la patria no es un solo lugar.
Cual el libertario abuelo del Paraguay
creciendo buscó su senda, y el Uruguay
no olvida la marca dulce de su pisada
cuando busca el norte, el norte Brasil, para combatir,
para combatir.
Una tercera cosa nos enseñó:
lo que no logre uno ya lo harán dos.
En algún sitio del viento o de la verdad
está con su sueño entero la Soledad.
No quiere palabras largas ni aniversarios;
su día es el día en que todos digan,
armas en la mano: "patria, rojaijú"*
*rojaijú: te quiero (guaraní)
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