"Assim como não tenho coragem de dizer que vou concorrer a alguma coisa em algum momento, não tenho coragem de dizer que não vou". A declaração foi dada pelo ex-presidente Lula numa reportagem publicada na edição desta semana da revista americana "The New Yorker". Na reportagem, sobre o governo Dilma, Lula, ao ser perguntado se consideraria voltar a disputar o cargo de presidente, não descarta a possibilidade.
"Não existe isso de ficar fora da política para sempre. Só a morte pode tirar um político da política para sempre. Olhe o Jimmy Carter (foto acima): teve uma Presidência falha, e agora é o melhor ex-político na política. Eu o admiro. E Bill Clinton (foto abaixo) - nunca vai perder sua importância. Então, o que vai acontecer no futuro? Eu não sei. Eu já cumpri meu papel no Brasil", diz Lula na reportagem.
Segundo o ex-presidente, "se Dilma quiser concorrer à reeleição, é o direito dela. Ninguém pode negá-lo. Só há um jeito de ela não concorrer à reeleição: se ela não quiser". Lula diz ainda que há hoje no país "muitos jovens que estão no lugar certo para concorrer à Presidência" - para afirmar, porém, em seguida, que continuará na política, e viajando por outros países. "Não nasci político. Estive fora da política até os 31 anos. Mas sei que vou morrer político. É minha vocação", disse Lula, que deu a entrevista no início de agosto, antes do diagnóstico de câncer.
Também na reportagem, Lula sublinha que, do governo FH, manteve só a responsabilidade fiscal, e que "se tivéssemos continuado as políticas de Fernando Henrique (foto abaixo), o Brasil teria falido (...).
O Brasil por muito tempo não teve política de investimento, nenhuma habilidade para gerar empregos, nenhuma política de redistribuição de renda. (...) E tive outra ideia, a ideia de que não tinha sido eleito para brigar com meu antecessor (...), então decidi governar o país".
A reportagem destaca que Lula mudou seu pensamento sobre a economia após ser presidente. "É como ser pai. Quando você é filho, você acha que seu pai tem todo o dinheiro do mundo para te dar", disse Lula, que, numa análise da relação brasileira com outras nações, afirma ainda que "o Brasil tem a chance de crescer em parceria com países como o Brasil".
O ex-presidente contou ainda a primeira conversa que teve com Mahmoud Ahmadinejad (foto abaixo), presidente do Irã, na qual perguntou se ele não acreditava mesmo no Holocausto. "Se sim, você é o único que não acredita".
Ainda na entrevista, Lula, ao citar as opções que analisou antes de escolher Dilma sua sucessora, lista José Dirceu, "um amigo", e Antonio Palocci, "uma das companhias mais inteligentes que tenho. Ele cometeu erros que não deveria ter cometido".
Zé Dirceu, ao lado esquerdo,com Palocci |
Uma análise do governo da primeira mulher presidente do Brasil, a reportagem relembra também a atuação de Dilma contra a ditadura, destacando que ela foi presa e torturada. "O Brasil é governado por ex-revolucionários sem remorso, muitos dos quais, incluindo a presidente, foram presos por anos por serem terroristas", diz o texto.
Ao falar da gestão da presidente, a quem elogia dizendo ter "uma presença forte", a revista aponta os escândalos. Mas não mira na presidente: "Ninguém acredita que Dilma é corrupta, mas ela trabalhou por anos com algumas das pessoas que se demitiram", diz a reportagem.
Entre frases que destacam o crescimento da economia brasileira, a publicação diz que 28 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza na última década e que o país tem um orçamento equilibrado, dívida e inflação baixas, e atinge quase o pleno emprego. Mas também fala de aspectos negativos.
"O governo central é muito mais poderoso que nos Estados Unidos. Também é muito mais corrupto", afirma a revista, dizendo que o Brasil é "caoticamente democrático e tem uma imprensa livre". "A criminalidade é alta, as escolas são fracas e as estradas são ruins", completa.
Fonte : O Globo
Não adianta lamentar o leite derramado. Agora quem tiver força na munheca que segure a peteca...Não quiseram a Dilma, agora tome prejuízo o atento e o distraído!!
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