O post cá abaixo, é de 08 de maio de 2013. Foi extraído do site do professor deputado Edmílson Rodrigues. o Mviva o publica na íntegra, por estar inserido 100% no contexto.
Solidariedade à luta e à resistência dos povos do Xingu
Estamos acompanhando, diariamente, pela mídia e redes
sociais a situação de tensão que encontra-se no Sítio Belo Monte. Na
guarita principal, homens da Força Nacional monitoram e fazem rondas no
canteiro de obras. Jornalistas e advogados estão proibidos de entrar e
alguns já foram até colocados para fora do local, o que já causou grande
repercussão e notas de repúdio de sindicatos e entidades de
representação de classe. Cerca de duzentos índios permanecem no local.
Indígenas de pelo menos cinco etnias continuam em processo de
resistência e voltaram a protestar. Eles protocolaram um documento no
Ministério Público Federal (MPF) pedindo a regulamentação das consultas
indígenas em áreas onde há projetos hidrelétricos, a suspensão de
operações policiais no Xingu e Tapajós e a paralisação das obras da
hidrelétrica de Belo Monte. Os índios querem conversar diretamente com
um representante da Secretaria Geral da Presidência da República.
A situação de conflito no canteiro de obras de Belo Monte só aumenta.
A Norte Energia, responsável pelas obras, informa que já foi feito um
novo pedido de reintegração de posse à Justiça Federal. E em nota, a
Secretaria Geral da Presidência da República diz que não vai negociar
com os índios enquanto durar a ocupação, iniciada na última
quinta-feira, 2.
Senhores deputados e senhoras deputadas, o que os povos indígenas
estão cobrando é o direito constitucional de serem consultados antes da
implantação do empreendimento e a retirada de tropas militares da
região, que estão levando terror ao local, com as revistas e
monitoramentos constantes de quem entra no canteiro de obras.
Chama a atenção também a nota oficial emitida pela Secretaria Geral
da Presidência da República que, não só desrespeita o direito dos índios
como também faz acusações às lideranças indígenas, colocando nelas a
responsabilidade pelo conflito. De acordo com a nota, divulgada na
última segunda-feira, 6, “em sua relação com o governo federal essas
pretensas lideranças Munduruku têm feito propostas contraditórias e se
conduzido sem a honestidade necessária a qualquer negociação”.
O governo federal também acusa os indígenas da prática de garimpo
ilegal. A nota da Presidência da República deixa bem clara a posição do
governo federal nesse projeto desenvolvimentista, que desrespeita os
direitos dos povos indígenas. Nesta terça-feira, 7, os índios divulgaram
uma carta à imprensa, na qual destacam que “o governo perdeu o juízo”.
No documento, eles reclamam da militarização da região do Xingu, que
impede a entrada de jornalistas no local da ocupação e, segundo os
manifestantes, intimida quem participa do protesto. “É o governo que não
quer cooperar com a lei. E faz manobra para tentar desqualificar nossa
luta, inventando histórias para a imprensa”, disseram os ocupantes.
Como pesquisador tenho destacado que Belo Monte é uma catástrofe
anunciada. É um sistema de engenharia condenável em todos os aspectos
possíveis. Em primeiro lugar porque afeta cerca de 30 terras indígenas e
não foram realizadas as audiências públicas prévias e bem informadas
com os povos, conforme determina a Constituição Federal. Há também
incertezas sobre a vazão e a capacidade do hidrograma (canal de
concreto) em construção para redirecionar a água nos 100 km da volta
Grande do Xingu. Ou seja, se os impactos negativos não foram
identificados, obviamente torna-se inviável o planejamento de ações
mitigadoras para compensá-los.
Além disso, o rio Xingu, em 35 anos só alcançou 22 mil m3/s de volume
em 6% dos dias. De acordo com ele, são necessários 14 mil m3/s para
produzir energia e, pelo menos, 8 mil m3/s para manter a vida nos 100 km
da Volta Grande. “Isso evidencia que a usina vai impor uma escolha
absurda: ou se sacrifica a Volta Grande ou se sacrifica a geração de
energia. E mais: a obra custará mais de R$ 30 bilhões, ou seja, muito
acima dos R$ 19 bi previstos no período licitatório”, concluiu o
pesquisador.
Nesse sentido, nos termos regimentais, requeiro que este Poder
manifeste solidariedade à luta e à resistência dos indígenas do Xingu,
bem como solicite ao governo federal a imediata abertura de negociações
com as lideranças que ocupam há dias o canteiro de obras de Belo Monte.
Requeiro, também, que seja dado conhecimento do teor integral desse
Requerimento ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Movimento Xingu
Vivo para Sempre, Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria Geral
da Presidência da República e à Sociedade Paraense de Defesa dos
Direitos Humanos (SPDDH).
Edmílson Rodrigues é ex-prefeito de Belém, escritor, historiador, poéta e esta deputado estadual
QUE PENA QUE ELES ESTEJAM SENDO USADOS COMO MASSA DE MANOBRA DE INTERESSES DE ALGUMAS ONGS QUE SÃO BENEFICIADAS E TIRAM PROVEITOS EM TUDO ISSO.
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