Romênio Pereira defende que direção seja eleita apenas pelo voto de delegados escolhidos pela base
O secretário nacional de Relações Institucionais do PT,
Romênio Pereira, vai propor na próxima reunião do diretório nacional do
partido, no dia 18, o fim do Processo de Eleições Diretas (PED) para
escolha dos dirigentes partidários.
Romênio é o articulador da corrente Movimento PT, uma das
maiores do partido, que apoiou a eleição do presidente nacional do PT,
Rui Falcão.
Até então apenas correntes minoritárias, os chamados
radicais petistas, defendiam o fim do PED sob o argumento de que as
eleições diretas privilegiam os grupos que controlam as maiores máquinas
partidárias e provocavam desequilíbrio entre as forças internas do PT.
Com a posição do Movimento PT, a corrente majoritária
Construindo um Novo Brasil (CNB) perde um aliado importante na defesa
das eleições diretas. É a primeira vez que uma corrente importante
sugere o fim do processo. A manutenção ou não do PED será decidida no 5o
Congresso Nacional do PT, instância máxima do partido, marcado para os
dias 12, 13 e 14 de dezembro em Brasília.
Romênio defende que o partido volte a adotar o método
anterior para escolha dos dirigentes. O primeiro PED foi realizado em
2001. Antes, a direção era eleita em encontros nos quais apenas
delegados escolhidos pela base tinham direito a voto. O PT é o único
partido do Brasil que faz eleições diretas para escolher seus
dirigentes.
"O PED é democrático mas é preciso rever o método de
escolha. Houve pouco debate político. Numa eleição por delegados o
debate fica mais qualificado", disse Romênio.
O secretário nacional de Mobilização, Jorge Coelho, um
dos principais nomes da CNB, discorda. "Nunca houve tanto debate em um
PED. Só os candidatos a presidente nacional fizeram oito debates, três
deles transmitidos pela internet. A base do PT gosta do PED. Quem
reclama são alguns dirigentes", disse ele.
Valter Pomar, candidato a presidente nacional pela
corrente Articulação de Esquerda, fez um cálculo segundo o qual 30 mil
pessoas participaram de alguma forma dos debates no PED de 2013. O
número é pequeno se comparado ao total de filiados aptos a votar, 806
mil.
Em conversas reservadas, dirigentes do PT admitem que o
PED tem sido um foco de desgaste para o partido devido a denúncias de
pagamentos de contribuições partidárias em massa, transporte irregular
de filiados e caixa dois.
No domingo à noite, cardeais petistas também admitiam a
possibilidade de o número de votantes ficar abaixo dos 518 mil que
participaram do PED de 2009. Se a previsão de confirmar, será um
argumento a mais para os petistas que defendem o fim das eleições
diretas.
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