Quem lucrou com a crise brasileira? A questão pode
ser respondida pelo desempenho das ações da Petrobras, que, nesta
segunda-feira, acumularam alta de nada menos que 50% em abril; enquanto
os arautos do caos espalharam o terror, que incluía até a ideia de "fim
do Brasil", levando ingênuos a se desfazer de suas posições, outros
(talvez os mesmos que espalhavam os rumores) se entupiam com ações da
empresa; entrada de capital estrangeiro bate recordes na BM&FBovespa
e mostra que, aos olhos dos investidores, o Brasil voltou a ser uma
grande oportunidade.
247 - Recentemente,
a consultoria Empiricus, que teve forte atuação na campanha eleitoral
de 2014, previu "10 anos de recessão" no Brasil e vendeu aos clientes,
em relatórios reservados, a palavra do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (leia mais aqui).
A Empiricus é a mesma consultoria
que, tempos atrás, vendia a tese do "fim do Brasil". Como o Brasil não
acabou, a nova campanha agora é a do "fim da presidente", em que a
empresa defende a tese de que o governo Dilma "terceirizou" a economia
para o ministro Joaquim Levy e a política para o vice Michel Temer –
coincidência ou não, uma tese semelhante à que vem sendo exposta pelo
senador Aécio Neves (PSDB-MG) em notas e declarações públicas.
Esse clima de terror pode ter levado
muitos investidores a apostar contra o Brasil, vendendo papéis de
companhias nacionais. No entanto, como destaca o site Tijolaço, quem
acreditou nas profecias da Empiricus, patrocinadora de diversos sites e
blogs ligados ao grupo Abril, perdeu uma oportunidade de ouro (leia mais
aqui). Em abril, as ações da Petrobras subiram nada menos que 50%.
Recentemente, várias notícias
positivas se somaram: a perspectiva de publicação do balanço financeiro e
a compra do grupo BG pela Shell por US$ 70 bilhões, cujo foco é o
pré-sal. Hoje, os papeis voltaram a disparar, diante da possibilidade de
que a empresa venda sua participação na Braskem.
Isso significa que, enquanto os revoltados marcham pelo País, outros, bem mais espertos, se entopem com ações da Petrobras.
Leia, abaixo, matéria do portal Infomoney:
Petrobras chega a 50% de alta em um mês com rumores sobre balanço e venda da Braskem
Estatal lidera ganhos do Ibovespa com novo fluxo de notícias positivas e chega a disparar 8% apenas nesta sessão
Por Rodrigo Tolotti Umpieres
SÃO PAULO - A Petrobras (PETR3;
PETR4) volta a ser destaque nesta segunda-feira (13) e ajuda o Ibovespa a
subir em um dia de noticiário agitado para a estatal. As ações da
companhia lideram os ganhos do índice com folga após uma série de
novidades, incluindo a informação sobre a possível venda da participação
da petrolífera na Braskem (BRKM5).
Às 11h40 (horário de Brasília), os
papéis ordinários da estatal subiam 7,95%, para R$ 12,77, enquanto os
preferenciais avançavam 6,85%, a R$ 12,63. Com isso, os ganhos
acumulados pelos ativos nos últimos 30 dias supera os 50%. No último
mês, as ações ON já se valorizaram 56,69%, enquanto as PN acumulam alta
de 52,17%.
O noticiário para a Petrobras
segue movimentado entre notícias sobre possível nova emissão de ações,
expectativa sobre divulgação de resultados e possíveis mudanças no
regime de partilha De acordo com o estrategista-chefe da XP
Investimentos, Celson Plácido, não há muitas novidades, mas uma série de
boas notícias faz os papéis da companhia dispararem, apesar da alta ser
considerada "exagerada" por ele.
Em primeiro lugar, o fluxo dos
estrangeiros após a abertura da Bolsa americana influencia positivamente
o índice, em meio ao cenário de maior "calmaria" política, com a
relação amistosa entre Dilma Rousseff e Joaquim Levy, enquanto os
protestos de domingo se mostraram mais fracos em relação aos de março, o
que deve dar maior tempo para o governo responder aos protestos.
Soma-se a isso a notícia do
Broadcast que a Petrobras pretende vender a participação que detém na
Braskem, controlada pela estatal em conjunto com a Odebrecht, como parte
do plano de desinvestimentos da ordem de US$ 13,7 bilhões. Caso
encontre interessado, o que não será fácil, poderá obter cerca de R$ 2,8
bilhões, correspondentes à fatia de 36,1% que possui na petroquímica.
Este valor pode ser acrescido de 30% por um prêmio de controle, o que
elevaria o total a ser embolsado pela Petrobras para R$ 3,6 bilhões.
Além disso, segundo informações da
Bloomberg, cada vez mais, deputados e senadores tanto da oposição
quanto aliados do governo concordam em abrir a exploração das áreas do
pré-sal a petrolíferas estrangeiras. Segundo eles, o escândalo de
corrupção da Petrobras e a enorme quantia de dívida da estatal limitam
sua capacidade de desenvolver estas áreas. Há pelo menos 3 projetos de
lei em comissões do Congresso que propõem a mudança do modelo de
partilha ou eliminam exigência de que Petrobras participe de todos os
leilões do pré-sal.
Enquanto isso, olhando para os
resultados, a companhia reconhece que as perdas contábeis ainda estão
sendo avaliadas, e ainda não há data para divulgação do balanço. Já as
indicações dos jornais são de que o resultado pode sair entre o dia 17 e
o dia 20.
E, com a alta do dólar, o mercado
espera nova emissão de ações da Petrobras, segundo a Folha de S. Paulo. A
discussão, sempre latente, voltou à mesa depois da empresa ter obtido
empréstimo com a China, no valor de US$ 3,5 bilhões, há duas semanas. A
estatal não se pronunciou sobre o assunto.
Segundo o mesmo jornal, o dólar
ameaça o ganho da Petrobras com sobrepreço de combustíveis. Após quatro
anos de perdas com defasagens nos preços de combustíveis, que lhe
causou rombo estimado em até R$ 90 bilhões, a companhia conseguiu
recuperar R$ 6,4 bilhões na venda de gasolina e diesel com a queda de
60% na cotação do óleo entre julho e janeiro. Contudo, a alta do dólar
está eliminando o benefício. Segundo o CBIE, outro aumento dos preços é
urgente, uma vez que a oportunidade com a defasagem positiva esta
definitivamente acabando.
Por fim, o acionista da Petrobras,
BRAM (Bradesco Asset Management), onde Joaquim Levy atuava, indicou
dois nomes para o Conselho de Administração da companhia: Eduardo
Bunker Gentil para membro pelos ordinaristas minoritários e Otávio
Yazbek como membro pelos preferencialistas.
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