AS FANFARRAS GLOBALHAS E OS FANFARRÕES DE CURITIBA DESAFINARAM.....
Por mais que a nossa muito profunda imprensa esteja aí se divertindo com a tunga velha dos Andrés Vargas e Argolos, o fato do dia na investigação da Operação Lava Jato, agora, é a “revisão da delação premiada” de Paulo Roberto Costa.
A esta altura, as bancas dos advogados das empreiteiras devem estar trabalhando para apresentarem
petições pedindo a soltura de seus clientes e não duvide se outras delações venham a ser desfeitas, a pedido dos delatores. Agora, segundo Paulo Roberto, passaram de cartel e fraudadores de preços a simples “achacados”.
Afora os que babam, furiosos, salivando já o devorar do Governo, as pessoas de bom-senso estão agora diante da pergunta óbvia: se não gouve, como diz agora o ladrão Costa, sobrepreço, mas apenas desvio dos lucros legítimos das empresas para o pagamento de propina, onde estaria o “rombo da Petrobras”?
À medida em que as reações jurídicas começarem, mesmo diante de tribunais superiores metidos sob a pressão da mídia, o assunto vaiganhar destaque.
Mesmo antes, o assunto já espante os comentaristas menos dispostos aos linchamentos, como é o caso de Kennedy Alencar que, em seu blog, publica artigo correto e perplexo com o quadro novo que está criado.
Vale a pena ler até o final, até pela “enquadrada” que ele dá no procurador Carlos Fernando de Lima, o “estrategista do Ministério Público”, como Kennedy diz ser.
Delator mentiu antes ou agora? Resposta pode mudar investigação
Por Kennedy Alencar
Risco do discurso político do Ministério Público
O procurador federal Carlos Fernandes Santos Lima, que seria o estrategista do Ministério
Público na Operação Lava Jato, afirmou na manhã desta sexta que a mudança de versão de
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, sobre a formação do preço das
obras na estatal não mudaria nada na investigação. A rigor, deveria mudar, sim.
De acordo com uma reportagem da “Folha de S.Paulo”, Paulo Roberto Costa recuou em uma
informação de sua delação premiada já aprovada pela Justiça. Costa afirma que a propina paga
pelas empresas teria saído de suas próprias margens de lucro, não de um superfaturamento
cobrado da estatal.
A ser verdade o que Costa revela agora, há alteração em relação ao impacto da corrupção sobre a
Petrobras. E seria afetada ainda a versão sobre o que aconteceu ao longo do escândalo. Havia um
cartel que combinava sobrepreço com envolvimento de corruptores (empresas) e corruptos
(políticos e funcionários da estatal)? Ou os funcionários apresentavam um preço justo enquanto
os políticos chantageavam as companhias para obter propina?
Em resumo, houve cartel, como diz o Ministério Público, ou achaque, como afirmam a defesa de
empresas? No caso, os corruptores incluem os funcionários da Petrobras na prática da extorsão,
não somente os políticos.
O recente recuo de Costa é importante. Não se trata de uma informação trivial, uma correção na
delação, um nome que ele tenha esquecido de mencionar e lembrado depois. Trata-se do preço das
obras das quais saíram as propinas. No momento, a Petrobras se prepara para lançar no balanço
do ano passado o impacto da corrupção nas contas da empresa. O juiz federal Sérgio Moro e os
procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal
precisam tirar a limpo essa questão. É necessário saber se Paulo Roberto Costa mentiu quando fez
a delação premiada e afirmou que a propina era paga de um preço extra colocado nas obras. Ou
se mente agora, quando diz que o dinheiro da corrupção era descontado da margem de lucro das
empresas e estabelecido um preço justo.
Segundo outra reportagem da “Folha de S.Paulo”, a intenção do novo presidente da Petrobras,
Aldemir Bendine, seria fixar um percentual de 3% sobre todos os contratos suspeitos para chegar
a um valor de R$ 6 bilhões de prejuízo à estatal. Mas, se não houve sobrepreço, como diz agora o
ex-diretor, esse dano à Petrobras, em tese, não teria existido. No máximo, a estatal teria perdido a
oportunidade de negociar desconto.
Se Paulo Roberto disse a verdade antes e agora está mentindo, há um prejuízo concreto à estatal.
Ao aplicar o percentual mais alto de 3%, a nova direção da Petrobras já está superestimando o
escândalo para agradar ao mercado e mostrar conservadorismo. Portanto, é preciso apurar quais
eram os parâmetros de preço estabelecidos pela Petrobras para deixar uma gordura de até 3% no
valor das obras. Que “preço justo” era esse? É conversa pra boi dormir a defesa de Costa dizer
que não se trata de mudança de peso na delação já feita pelo ex-diretor de Abastecimento, que
afirmou recentemente que não se importava com o dinheiro, mas com o trabalho técnico na
Petrobras. Uma diferença de até 3% numa obra milionária ou bilionária apareceria em qualquer
planilha detalhada da estimativa de custos da Petrobras. Errar por até 3% a mais não é algo que
passe despercebido em contratos de tal magnitude.
Além disso, não parece real que corruptores sejam benevolentes e retirem as propinas de suas
margens de lucro. Talvez essa nova versão seja importante para a defesa de Paulo Roberto Costa
em relação ao trabalho técnico que fazia na Petrobras e transfira para políticos e empresários o
jogo sujo. O procurador Lima disse que Costa pode estar querendo melhorar a sua defesa. Agora,
depois de delatar, obter benefícios e estar cumprindo prisão domiciliar? Ora, Paulo Roberto Costa
é um criminoso confesso, um ladrão assumido. É preciso ter cuidado
com suas informações. Nesse jogo, deve ser vistacom reserva sua tentativa de demonizar os
políticos, passando a dar lições de moral e ética. Funcionários corruptos da Petrobras fizeram
parte do jogo sujo com gosto, como mostram as fortunas que amealharam e que, supostamente,
estariam devolvendo integralmente à Justiça.
Público na Operação Lava Jato, afirmou na manhã desta sexta que a mudança de versão de
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, sobre a formação do preço das
obras na estatal não mudaria nada na investigação. A rigor, deveria mudar, sim.
De acordo com uma reportagem da “Folha de S.Paulo”, Paulo Roberto Costa recuou em uma
informação de sua delação premiada já aprovada pela Justiça. Costa afirma que a propina paga
pelas empresas teria saído de suas próprias margens de lucro, não de um superfaturamento
cobrado da estatal.
A ser verdade o que Costa revela agora, há alteração em relação ao impacto da corrupção sobre a
Petrobras. E seria afetada ainda a versão sobre o que aconteceu ao longo do escândalo. Havia um
cartel que combinava sobrepreço com envolvimento de corruptores (empresas) e corruptos
(políticos e funcionários da estatal)? Ou os funcionários apresentavam um preço justo enquanto
os políticos chantageavam as companhias para obter propina?
Em resumo, houve cartel, como diz o Ministério Público, ou achaque, como afirmam a defesa de
empresas? No caso, os corruptores incluem os funcionários da Petrobras na prática da extorsão,
não somente os políticos.
O recente recuo de Costa é importante. Não se trata de uma informação trivial, uma correção na
delação, um nome que ele tenha esquecido de mencionar e lembrado depois. Trata-se do preço das
obras das quais saíram as propinas. No momento, a Petrobras se prepara para lançar no balanço
do ano passado o impacto da corrupção nas contas da empresa. O juiz federal Sérgio Moro e os
procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal
precisam tirar a limpo essa questão. É necessário saber se Paulo Roberto Costa mentiu quando fez
a delação premiada e afirmou que a propina era paga de um preço extra colocado nas obras. Ou
se mente agora, quando diz que o dinheiro da corrupção era descontado da margem de lucro das
empresas e estabelecido um preço justo.
Segundo outra reportagem da “Folha de S.Paulo”, a intenção do novo presidente da Petrobras,
Aldemir Bendine, seria fixar um percentual de 3% sobre todos os contratos suspeitos para chegar
a um valor de R$ 6 bilhões de prejuízo à estatal. Mas, se não houve sobrepreço, como diz agora o
ex-diretor, esse dano à Petrobras, em tese, não teria existido. No máximo, a estatal teria perdido a
oportunidade de negociar desconto.
Se Paulo Roberto disse a verdade antes e agora está mentindo, há um prejuízo concreto à estatal.
Ao aplicar o percentual mais alto de 3%, a nova direção da Petrobras já está superestimando o
escândalo para agradar ao mercado e mostrar conservadorismo. Portanto, é preciso apurar quais
eram os parâmetros de preço estabelecidos pela Petrobras para deixar uma gordura de até 3% no
valor das obras. Que “preço justo” era esse? É conversa pra boi dormir a defesa de Costa dizer
que não se trata de mudança de peso na delação já feita pelo ex-diretor de Abastecimento, que
afirmou recentemente que não se importava com o dinheiro, mas com o trabalho técnico na
Petrobras. Uma diferença de até 3% numa obra milionária ou bilionária apareceria em qualquer
planilha detalhada da estimativa de custos da Petrobras. Errar por até 3% a mais não é algo que
passe despercebido em contratos de tal magnitude.
Além disso, não parece real que corruptores sejam benevolentes e retirem as propinas de suas
margens de lucro. Talvez essa nova versão seja importante para a defesa de Paulo Roberto Costa
em relação ao trabalho técnico que fazia na Petrobras e transfira para políticos e empresários o
jogo sujo. O procurador Lima disse que Costa pode estar querendo melhorar a sua defesa. Agora,
depois de delatar, obter benefícios e estar cumprindo prisão domiciliar? Ora, Paulo Roberto Costa
é um criminoso confesso, um ladrão assumido. É preciso ter cuidado
com suas informações. Nesse jogo, deve ser vistacom reserva sua tentativa de demonizar os
políticos, passando a dar lições de moral e ética. Funcionários corruptos da Petrobras fizeram
parte do jogo sujo com gosto, como mostram as fortunas que amealharam e que, supostamente,
estariam devolvendo integralmente à Justiça.
Risco do discurso político do Ministério Público
Em entrevista hoje, por ocasião da décima-primeira fase da Operação Lava Jato, o procurador Carlos Fernandes Santos Lima pediu suporte da população e da imprensa à investigação e às medidas judiciais e legislativas que envolvem a Lava Jato. Os apoios popular e da imprensa aos
investigadores são mais do que notórios, porém, diferentes.
O povo tem todo o direito de fazer campanha. Já a imprensa tem o dever de informar. Nas últimas semanas, o Ministério Público passou a fazer um discurso político que não combina com o seu papel de investigador. É um discurso que pode ser mal interpretado como uma forma de tentar pressionar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso a endossar medidas, decisões e projetos.
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