Antes eram tanques. Agora os germânicos ela usam os bancos
O ex-ministro da Fazenda grego Yanis Varoufakis definiu o acordo em que o primeiro ministro Tsipras entregou a rapadura a Merkel como o desfecho de “a política da humilhação”, em entrevista que deu a uma rádio austríaca e reproduzida no Guardian.
“É um acordo impossível. Simplesmente não é viável”, ele disse sobre o acordo de Tsipras.
“É um acordo impossível. Simplesmente não é viável”, ele disse sobre o acordo de Tsipras.
“A troika (FMI, Banco Central Europeu e a União Europeia, na verdade, instrumentos do poder da Alemanha – PHA) vai obrigar Tsipras a engolir cada uma das palavras de críticas à troika que ele pronunciou nos últimos cinco anos. Tsipras sabe que está desgraçado se fizer e desgraçado se não fizer,”disse Varoufakis à rádio austríaca.
“Esse acordo não tem nada a ver com Economia, nada ver com a ideia de botar a Grécia nos trilhos da recuperação econômica.”
Para se referir aos EU$ 50 bilhões de ativos que a Grecia se comprometeu a entregar aos bancos, ele disse:
“Esse é um novo Tratado de Versailles que ronda a Europa. Em 1967, o Golpe de Estado que destruiu a democracia grega veio sob a forma de tanques. Bem, dessa vez foram os bancos.”
Ao se referir a um tratado que ronda a Europa e não apenas a Grécia, Varoufakis ampliou o problema para Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e França, que podem ser os próximos na linha de tiro da Merkel.
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“Versailles” não é a fazendola do Aecím em Minas, “a minha Versailles”, que fica perto do aeroporto do Titio.
O Tratado de Versailles, depois da I Guerra, impôs pesadas reparações à derrotada, a Alemanha.
Os vencedores, a Inglaterra à frente, queriam obrigar a Alemanha a entregar o sangue e a alma.
Lord Keynes advertiu que aquilo ia dar errado, num antológico ensaio “As Consequências Econômicas da Guerra”.
E não deu outra.
Um cabo austríaco iniciou a carreira política com a denuncia de Versailles: eu não pago.
Adolf Hitler não pagou e bombardeou a Inglaterra.
Bem que Keynes tinha dito: era preciso reduzir a dívida da Alemanha.
Como agora, queria Tsipras: os bancos tinham que aceitar uma perda.
Merkel não quis.
Merkel domina a Europa.
Como sempre, só quem pode com ela é a Rússia.
Isso cheira mal.
Paulo Henrique Amorim
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